Dezessete

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Na segunda-feira, o cartaz do elevador dizia: A XEROX E A WURLITZER ANUNCIARAM QUE VÃO SE UNIR PARA COMERCIALIZAR ÓRGÃOS REPRODUTORES.

Jimin ainda estava rindo quando as portas do elevador se abriram. Ele sentia como se estivesse borbulhando por dentro, resultado direto de um fim de semana preenchido por Jungkook. Ele ainda não fora preenchido por Jungkook falando de uma forma sexual, mas não conseguia se lembrar de já ter se sentido tão vivo, como se cada célula de seu corpo estivesse alerta e cantarolando.

Minjun saiu do elevador enquanto Jimin entrava.

—Oi, Minjun — cumprimentou ele, alegre. — Como vão as coisas?

Ele ficou vermelho como um tomate, e seu pomo de adão se moveu na garganta.

—Ah... bem — murmurou, baixando a cabeça e saindo correndo do elevador.

Jimin balançou a cabeça, sorrindo, e apertou o botão do terceiro andar. Era impossível imaginar Minjun criando coragem para chamar a Marci para sair, como ela mesmo já havia falado muitas vezes; Park e todo mundo no prédio pagariam uma grana para ter visto a cena.

Como de costume, Jimin foi o primeiro a chegar à sua sala; ele gostava de começar cedo nas segundas, com todos os cartões de ponto para cuidar. Se conseguisse manter o foco no trabalho, o dia iria bem.

A situação da Lista estava começando a ser esquecida, talvez. Todo mundo que queria uma entrevista conseguira, exceto a People. Jimin não assistira à televisão naquela manhã, então não fazia ideia de que partes da entrevista de sexta tinham ido ao ar. Alguém faria questão de lhe contar, sem dúvida, e, se ele sentisse necessidade de assistir, o que não era provável, com certeza uma das outras três teria gravado o programa.

Era engraçado como ele estava pouco se importando com aquilo. Como poderia se preocupar com a Lista quando Jungkook ocupava tanto de seu tempo e de seus pensamentos? Ele era enlouquecedor, mas também era engraçado e sexy, e Jimin o queria.

Depois de jantarem juntos na sexta-feira, ele o acordara às seis e meia da manhã de sábado, jogando água na sua janela com a mangueira e, então, convidando-o para lavar a picape. Chegando à conclusão de que estava em dívida por ele ter lavado o Viper, Jimin logo se vestiu, tomou café e saiu de casa. Jungkook não queria simplesmente lavar o carro; ele o queria encerado e polido, todas as partes cromadas limpas e lustradas, o interior limpo com aspirador de pó, todas as janelas lavadas. Depois de duas horas de muito trabalho, a picape reluzia. Jungkook, então, a guardara na garagem e perguntara a Jimin o que ele faria para o  café da manhã.

Os dois passaram o dia juntos, brigando e rindo, assistindo a um jogo na televisão, e estavam se arrumando para sair, para jantar, quando o pager do policial apitou. Jungkook tinha usado o telefone do Park para ligar para a delegacia, e, antes que Jimin se desse conta do que estava acontecendo, ele saía pela porta com um beijo rápido e um "Não sei a que horas eu volto".

Jungkook era policial, lembrou Jimin a si mesmo. E, enquanto fosse policial — e ele parecia estar fazendo sua carreira na área, considerando a entrevista para o cargo em outra cidade —, sua vida seria uma série de interrupções e chamados urgentes. Encontros interrompidos vinham no pacote. Park pensara no assunto e decidira que, dane-se, ele era forte, conseguia lidar com isso. Mas, se Jeon estivesse em perigo, Jimin não sabia se seria capaz de lidar tão bem. Será que Jungkook ainda estava na força-tarefa? Será que isso era um esquema permanente, ou casos assim são temporários? Ele sabia muito pouco sobre o sistema policial, mas, com certeza, aprenderia mais.

Jungkook havia voltado na tarde de domingo, cansado, rabugento e sem vontade nenhuma de conversar sobre o que estivera fazendo. Em vez de enchê-lo de perguntas, Jimin o deixara cochilar na poltrona enquanto ele lia, aconchegado entre as duas últimas almofadas restantes do sofá.

O homem perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora