Doze

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Jimin passou todo o caminho de volta para casa resmungando sozinho. A gerência havia decidido que não faria mal algum aproveitar ao máximo toda a publicidade que conseguissem com aquela situação, e as coisas aconteceram rápido depois disso. Em nome de todos os amigos, ele aceitara a entrevista no Good Morning Korea, apesar de não entender por que um noticiário matinal estaria interessado naquilo quando não poderia mencionar os itens mais picantes. Talvez fosse apenas a necessidade de sair na frente das outras emissoras. Jimin conseguia entender por que a mídia impressa se interessaria — como a Cosmopolitan, por exemplo, ou talvez alguma revista masculina. Mas o que a People poderia publicar além de uma nota pessoal sobre as quatro pessoas e o impacto que a Lista causara em suas vidas?

Era evidente que sexo vendia mesmo quando não podia ser discutido.

O quarteto deveria estar na afiliada da emissora TVN em Seoul no supostamente razoável horário de quatro da manhã, e a entrevista seria gravada. Eles já deveriam chegar bem-vestidos, com os cabelos feitos e a maquiagem pronta. Uma correspondente da TVN, não um dos âncoras, vinha até a cidade para conduzir a entrevista, em vez de deixarem sentados num set vazio com fones minúsculos nos ouvidos, conversando com o ar enquanto alguém  fazia as perguntas. Obviamente, ser entrevistado por uma pessoa de verdade era uma grande honra. Jimin tentou se sentir honrado, mas só conseguia estar cansado em antecipação por ter de acordar às duas da manhã para se arrumar, fazer um penteado e se maquiar.

Não havia nenhum Pontiac diante da casa vizinha, nem sinal de vida lá dentro.

Que droga!

Ao entrar na cozinha, Jimin espiou pela janela. Ainda não havia sinal do Pontiac, embora fosse possível que ele estivesse usando a picape, como fizera no dia anterior. As cortinas da janela da cozinha estavam fechadas.

Era difícil frustrar um homem que não estava presente.

Um carro parou em frente à sua casa, estacionando ao lado do Viper. Duas pessoas saltaram, um homem e uma mulher. O homem trazia uma câmera pendurada no pescoço e carregava um monte de sacolas. A mulher tinha uma bolsa comprida e vestia blazer, apesar do calor.

Não fazia mais sentido tentar evitar os jornalistas, mas em hipótese alguma ele permitiria que alguém entrasse na sua sala cheia de espuma. Então, Jimin foi para a cozinha, abriu a porta e saiu para a varanda.

—Entrem — convidou Jimin, cansado. — Querem café? Vou fazer um fresco.


                                                                                  DONG HAE

Hae encarou o rosto no espelho. Às vezes, ele desaparecia por semanas, meses, mas, agora, estava de volta ao reflexo, como se nunca tivesse partido. Ele não conseguira ir trabalhar hoje, temendo o que poderia acontecer se as visse ao vivo. As  quatro pessoas vagabundas. Como elas ousavam zombar dele, provocá-lo com sua Lista? Quem achavam que eram? Elas podiam achar que ele não era perfeito, mas Hae sabia a verdade.

Afinal de contas, sua mãe o treinara.


                                                                             MOMO

Heechul estava em casa quando Momo chegou. Por um instante, seu estômago se embrulhou de náusea, mas ela não se permitiu hesitar. Seu amor-próprio estava em jogo.

Ela fechou o portão da garagem e entrou na casa pela área de serviço, como sempre. A área dava na cozinha, sua bela cozinha, com armários e eletrodomésticos brancos e panelas de cobre reluzentes penduradas sobre uma ilha. O ambiente parecia saído de um livro de decoração, e era seu cômodo favorito na casa — não porque Momo gostasse de cozinhar, mas porque adorava o clima do lugar. 

O homem perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora