Jimin se pegou analisando todos os homens por quem passava no trabalho naquele dia, perguntando-se se era o culpado. O fato de existir a possibilidade de um deles ser o assassino era algo difícil de acreditar. Todos pareciam tão normais, ou pelo menos tão normais quanto um grupo grande de homens que trabalhava com informática. Alguns, ele conhecia e gostava; outros, ele conhecia e não gostava. Mas não conseguia imaginar nenhum deles matando alguém. E havia muitos, principalmente no primeiro andar, que conhecia de vista, mas não sabia o nome. Será que Lisa conhecera um deles bem o bastante para deixá-lo entrar na sua casa?
Jimin tentou pensar no que faria se alguém que reconhecesse batesse à sua porta à noite, talvez alegando ter um carro enguiçado. Até aquele dia, provavelmente o teria deixado entrar sem hesitação, querendo apenas ajudar. O assassino, mesmo que, no fim das contas, fosse um desconhecido, roubara para sempre essa confiança, esse senso interior de segurança. Ele gostava de pensar que era inteligente e atento, que não se arriscava, mas quantas vezes abrira a porta de casa sem perguntar quem estava do outro lado? estremeceu só de pensar nisso.
Sua porta da frente nem mesmo tinha um olho mágico. Só dava para ver quem estava do outro lado se ele subisse no sofá, afastasse as cortinas e, então, se inclinasse bem para a direita. E a metade superior da porta da cozinha tinha nove quadradinhos de vidro, facilmente quebráveis; depois disso, tudo o que um intruso teria de fazer seria enfiar a mão pelo buraco e destrancar a fechadura.
Jimin não tinha um alarme, nenhuma forma de se proteger — nada! A única esperança que tinha caso alguém invadisse sua casa enquanto ele estivesse lá dentro seria pular a janela, presumindo que conseguiria abri- la. Havia muito a se fazer, pensou ele, antes que pudesse se sentir segura em casa novamente.
Park trabalhou meia hora a mais que o normal, diminuindo a pilha de papéis que se acumulara na mesa durante a sua ausência. Enquanto atravessava o estacionamento, notou que só restava uma meia dúzia de carros e, pela primeira vez, percebeu como sair da empresa àquela hora, sozinho, o deixava vulnerável. Todos os três, ele, Jennie e Momo, deveriam começar a chegar e sair no horário de maior fluxo, perdendo-se na multidão. Jimin nem contara às amigas que ficaria ali até tarde.
Havia tanto sobre o que refletir agora, tantos perigos inerentes em coisas em que ele nunca pensara antes.
—Jimin!
Enquanto ele seguia pelo estacionamento, o som de seu nome interrompeu as reflexões, deixando-o ciente de que alguém o chamara pelo menos duas vezes, talvez mais. Jimin se virou, ficando um pouco surpreso ao encontrar Vivi correndo em sua direção.
—Desculpe — disse ele, apesar de não entender o que vivi queria. — Eu estava pensando numas coisas e não te ouvi. Aconteceu alguma coisa?—A mulher parou, as mãos elegantes agitadas, uma expressão desconfortável no rosto.
—Eu só... Eu queria dizer que sinto muito sobre o que aconteceu com Lisa. Quando será o enterro?
—Ainda não sei. — Ele não estava com disposição para explicar sobre a autópsia. — A irmã de Lisa está organizando tudo.
Vivi assentiu com a cabeça na mesma hora.
—Por favor, me avise quando souber. Eu quero ir.
—Sim, pode deixar.
Vivi parecia querer falar mais alguma coisa, ou talvez não soubesse o que dizer; qualquer uma das hipóteses era desconfortável. Finalmente, ela inclinou a cabeça e se virou, seguindo apressada para o próprio carro. Sua saia rodada se embolava nas pernas. O vestido que ela usava hoje era especialmente triste, com uma estampa lilás que não ficava bem nela e um pequeno babado ao redor da gola. Parecia uma peça esquecida de brechó, apesar de Vivi ganhar um bom salário — Jimin sabia exatamente quanto — e provavelmente comprar roupas em lojas caras. A mulher apenas não tinha qualquer senso de estilo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O homem perfeito
Romance(EM ANDAMENTO) Como seria o homem perfeito? Esse é o assunto que Park Jimin e suas amigas discutem certa noite. Quais seriam suas principais qualidades? Seria ele alto, atraente e misterioso? Precisaria ser carinhoso e atencioso, ou apenas musculoso...