9. Contratempo II

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Ao sairmos do hospital, comecei a olhar as cinco receitas de remédios que minha avó precisaria tomar. Para imunidade, pressão e para dor.
- Isso com certeza, não vai sair barato. -Digo a mim mesma
Fomos liberadas do hospital no dia seguinte, após o ocorrido.
Ao chegar em casa, espero ela adormecer para sair. Para onde iria? Nem mesmo eu sabia. Só sei que as estreitas ruas de Busan se tornam um alívio para mim.

Passo em frente a cafeteria no qual conheci Choi, onde encontrava-se um cartaz escrito "vagas". Era justamente o que eu precisava para desencadear por fim todas as memória, tendo o dinheiro para viajar para a China e comprar os remédios receitados pela doutora. A chance perfeita, que me fez correr até o café e falar com a gerente. Uma mulher de aparentemente trinta anos, alta e de cabelo preto escovado para trás em um perfeito rabo-de-cavalo, me encara por demorados segundos quando disse que gostaria de trabalhar lá. Talvez, fosse por conta do meu cabelo desgrenhado que mal tive tempo de arrumar ou talvez fosse pelas escuras olheiras que se formavam em baixo dos meus olhos, por ter passado a madrugada em claro. Dormir em um hospital não era a coisa mais fácil do mundo. Mas seja como for, por algum motivo inexistente, consegui a vaga de garçonete.

*

Ao voltar de sua viagem da China, contei a Choi o porquê de eu não ter ido com ele. Então, ele me ofereceu qualquer ajuda possível, no qual rejeitei todas.
Já era ruim o bastante eu ter mentido para Eliza, para poder sair com ele em uma viajem que ele pagaria, e agora aceitar dinheiro dele para ajudar ela? De jeito nenhum! Se ainda houvesse alguma integridade em mim, eu deveria usá-la.
- Posso ao menos comprar os remédios.
- Não precisa. Ela está bem! - Acreditei na minha própria mentira.
Os remédios com certeza eram caros, mas eu queria ser capaz de fazer algo por ela.
-Tem certeza? -Ele pergunta
-Tenho.
-Posso te ajudar de alguma forma? -Insiste -Me desculpe por não te ligar...
- Não preciso da sua ajuda sempre. Te pedi para achar minha mãe, não bancar as minhas dívidas e sentir pena de mim. -Falo mais rápido que a minha mente.
Ele me encara com os olhos arregalados.

Droga.
Não foi isso que eu quis dizer!

Me arrependo na hora do que falei, mas odeio ser dependente de alguém.
Sim! Há muitas coisas que eu odeio nessa vida. Não quero que pense que estou me aproveitando da sua bondade.
- Me desculpe. -Ele dá um passo para trás -Não quis me intrometer.
-Me desculpe! Eu não quis dizer isso. Eu agradeço pelo que está querendo fazer e agradeço também por estar me ajudando a encontrar minha mãe.
Eu normalmente não peço favores e já te pedi muito. Prometo que se eu precisar de algo, irei falar com você. Tudo bem?

Não, não está.

- Claro! -Ele diz


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