14. Emoção ou razão?

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Sinos balançam magicamente! De forma esbelta e harmonizada, me permitindo lembrar da minha mãe chorando.
-As lembranças voltaram. -Digo sozinha no quarto
Eu não podia dizer quando as lembranças viriam. Podiam demorar dias ou até mesmo horas, de uma forma ou outra, apenas a enxergava triste. Ela acariciava os cabelos de uma menina - que acredito ser eu - de forma monótona e sem sentido.
- Mamãe? Você está bem? -Perguntou a criança
- Sim, querida! Só estou cansada! -Responde
- Você parece estar triste!
- Acabei de receber uma notícia ruim. - Diz ela olhando para o chão, enquanto limpava o seu rosto com as costas da mão esquerda.- Mamãe está doente, filha!
-Doente?
-Meu coração.. ele não está bem. Ele não está tão forte quanto antes. -Ela desaba em choro
Os sinos param. E as lembranças também, mas isso foi mais do que suficiente para tirar o meu sono.
-Mãe. - balbucio para o nada onde uma lágrima escorre pelo meu rosto
Ainda era madrugada. Pego o celular para verificar as horas.
-Duas horas da manhã. De todos os horários para se lembrar, justamente as duas horas da manhã.
O calor dá lugar ao frio e uma corrente gélida entra pela janela do quarto.
Estamos entrando no outono, o que explicava as nuvens negras e tempo mais frio. Me coloco de frente para a janela, observando o lado de fora. Não havia ninguém.
- Então, você estava doente? - Sussurro
Deveria ouvir o conselho do Jun-Ho, sobre deixar o passado no passado, mas se a minha mãe me deixou porque ficou doente, eu precisava saber.
Pego o celular sobre a cômoda e ligo para Choi. Toca cinco vezes e ele atende.
- Alô? Stephanie? Aconteceu alguma coisa? - Pergunta preocupado, ainda sonolento
- Pode me ajudar a achar a minha mãe? -Sou direta
- Posso tentar, mas vou avisando que não é tão fácil assim achar alguém.
- Acho que ela estava doente! Acredito que tenha ido ao hospital principal de Busan. Já que meu pai era cliente de lá.
- Hospital principal? Meu pai trabalha lá! - Responde rápido - Talvez, se tivermos sorte, ele consiga achar algum registro dela.
- Sério? Muito obrigada Choi! Não sei o que faria sem você! Até amanhã!
- Até amanhã! -Ele desliga

Pela manhã, recebo uma mensagem do Taeyang, dizendo que ele fecharia a loja mais cedo, e portanto, eu não precisaria ir. Percebo que faz dias que não converso direiro com ele e nem com a sua noiva, Yuna. Durante todo esse tempo, pensei apenas na minha mãe e em como encontrá-la.
A minha busca é mais importante? Ou talvez eu seja egoísta demais?
Desço do quarto para a sala e avisto Jun-ho sentado no sofá, ouvindo a previsão do tempo. A algumas semanas atrás, ele vinha apenas quando eu não estava em casa, para cuidar da minha avó. Agora ele já está aqui, antes mesmo de eu levantar.
- Se for sair agora, leve o guarda-chuva. - Diz monótomamente, ainda olhando para a televisão.
- Porque está aqui? - Pergunto, me aproximando da mesa com torradas e geleia.
Ele não me responde, continuando fixado na TV. Seu violino estava ao seu lado, provavelmente começaria a tocar, quando eu saísse. Terminando de comer, coloco um dos guarda-chuvas na bolsa e calço os meus tênis azuis. Vendo que eu estava prestes a sair, ele se levanta e me encarar.
- A quanto tempo você não vê as suas amigas? - Pergunta aleatoriamente
- Como?
- Duas garotas estiveram aqui mais cedo. Mas avisei que você estava dormindo! - Explicou -Hedley e Ayla.
- Ah. Para ser sincera, não me lembro da última vez que conversamos. - Aleguei pensativa, tentando relembrar da última conversa que tive com elas. Recentemente Ayla foi escolhida como uma das melhores cozinheiras de sua turma. Não consegui estar com ela por conta do trabalho a tarde. Por isso, não assistir sua "premiação", onde ganhava um pequeno troféu prata em forma de saco de confeiteiro. Provavelmente Hedley estava lá.
- As vezes você está tão focada em conseguir algo que esquece todo o resto. Você tem uma vida Stephanie! Não pare tudo por algo pequeno.
- Você não entenderia, mesmo se eu explicasse.
-Experimente.
Era impressionante como tudo que ele falava, soava como um aviso. Fazendo meu coração gritar que eu estava correndo pela estrada errada.
- Tem algo que você saiba? - Pergunto
- Nem sempre nós devemos seguir o nosso coração, Steph. - Era a primeira vez que ele me chamava assim - Ele nos engana com muita facilidade! E não. Não sei de nada, mas não preciso saber para entender o que você está sentindo.
Só quero dizer que você tem pessoas para conversar. Aproveite enquanto às tem.

Sinos do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora