O sol estava radiante e o violino de Jun-ho brilhava no reflexo das luzes. Mas não era com o brilho do sol, e sim dos holofotes que o cercavam sobre o palco. Me acomodava na sétima sessão para ter uma boa visão do concerto. A mesma sala que à meses atrás me serviu de vergonha por tocar uma música sem partitura, agora era o meu alvo de anseio pela aprovação do meu amigo.
Ele se posiciona no grande palco e reverência a plateia rapidamente.
O silêncio se estala no auditório escuro, até que o seu arco toca as cordas de aço e começam a soar uma bela melodia compostas por ele mesmo. Seus dedos escorregam rapidamente de uma corda para a outra em um vibrado nas notas mais extensas, e a sua atenção é focada na partitura que está à sua frente em uma pequena estante de ferro preto. Movimentos rápidos, porém limpos e precisos. O som estava perfeito e a acústica do local era impecável, no qual os jurados necessitavam perceber o esforço que ele teve para tocar essa bela composição.
Ao encerrar a melodia, Jun-ho volta a curta referência e desce do palco pela esquerda. Pelo canto da cortina ele me olha e eu balanço as mãos em palmas silenciosas, no qual ele esboça um sorriso.As audições se estedem por mais trinta minutos. Desço até a ala de espera e o encontro guardando o seu violino no case, que é um grande estojo para o instrumento.
-E então? -Ele pergunta ao me ver
-Você foi incrível! Nem parecia estar nervoso. Parecia um profissional! -Alego
-Tive uma boa professora. -Ele ri sem jeito
-Sei que teve! -Rio junto
-Agora só esperar! O resultado vai sair pelo site do concurso de Musicistas em um mês.
-Fique tranquilo! Não há o porque nos preocuparmos com o resultado de algo que sabemos que demos o nosso melhor. -Coloco a minha mão sobre o seu ombro
-Você está diferente, Stephanie. -Ele se aproxima -Diferente da garota que encontrei aquele dia, na sala de estar.
-Eu esperei a vida inteira para descobrir sobre um passado, que fiquei obcecada por ele e esqueci que na verdade o hoje era um presente. Eu deveria tentar mudar o que posso e não o que já passou. -Pisco, me referindo ao que ele me disse no dia do passeio de bicicleta.
-Fico feliz por ouvir isso. -Ele passa a alça do estojo do violino pelo ombro e saímos pela porta principal da universidade.Um mês se passa, sendo hoje dia 20 de dezembro. O dia que sairia o resultado da aprovação para o concurso de Musicistas Europeu. Jun-ho tentava não parecer ansioso, mas atualizava a página do site de três em três minutos pelo notebook.
Minha avó coloca duas xícaras de chá de camomila e alguns biscoitos amanteigados em um prato branco, sobre a mesa da cozinha.
-Atualizou! -Ele diz alto em um impulso
Me aproximo dele, junto a Eliza e buscamos o nome dele na lista com o olhar.
-Jun-ho, Jun-ho, Jun-ho... -Olho para a tela e repito o nome várias vezes, como se falando o nome dele fizesse encontrar o resultado -Jun-ho, Jun-ho! Ai meu Deus! -Balanço a cadeira dele com força
-Não acredito. -Ele diz boqueaberto
-Você passou! -Grito de alegria
-Meus parabéns, querido! -Eliza o abraça emocionada
-Eu disse que você ia passar! Sempre tenho razão. -Rio, enquanto o abraço
-Meu coração tá acelerado. -Ele toca o próprio peito
-Precisamos comemorar! -Eliza da a ideia
-O que poderíamos fazer? -Pergunto animada
-Poderiam começar a arrumar a decoração para o Natal. -Ele usa de esperteza
-Claro, Eliza! Depois de hoje, eu arrumo quantas árvores de Natal você quiser. -Jun-ho brincaNo dia seguinte, Jun-ho recebeu um e-mail de um dos diretores do concurso, informando que a viagem para a Suíça ocorreria no antepenúltimo dia no ano. Ou seja, ele passaria o ano novo na Europa e não em casa, como já estava planejando. Na noite de Natal, chamamos o seu irmão para ceiar conosco, que até então eu não o conhecia.
Jun Suk era um jovem de aproximadamente vinte e nove anos. Alto assim como o caçula, de olhos escuros como a noite e cabelos castanhos penteado para trás. Era um homem comum, que estudava economia e amava o seu irmão mais do que qualquer coisa.
Ele parecia ser próximo e grato a Eliza, e eu mesmo nem fazia ideia da sua existência, até conhecer o Jun-ho em um dia cansativo, tocando o meu piano na minna sala.
A árvore de Natal já estava pronta, rodeada com os seus pisca-piscas e a estrela brilhante no topo. O lado de fora nevava e trazia consigo um ar de esperança, no entanto de despedida. A noite se avança sem percebermos, onde ríamos e conversávamos sobre todos os assuntos possíveis para suprir a futura ausência que Jun-ho causaria.
-Apoiar um sonho, também significa se desprender e abrir mão de quem você ama. -Suk fala e sinto que ele direciona o olhar para mim -Você não quer perder, mas também quer que a pessoa siga o seu próprio caminho. -Ele finaliza
-Não diga esse tipo de coisa. Vai acabar com o clima da noite. -Jun-ho reclama, empurrando o braço do seu irmão
-Abrir mão de quem você ama. -Sussurro como se aquilo fosse uma frase no qual eu deveria me agarrar
Acho que depois de todas as idas e vindas, sobre a descoberta da vida dos meus pais e a tudo que me prendi e a tudo que eu larguei; depois de tudo isso, acredito que comecei a aprender o que é abrir mão das coisas que se ama. Estou fazendo a mesma coisa com Jun-ho.
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Sinos do Vento
Teen FictionStephanie Lee, uma jovem musicista da Coreia do Sul almeja em seguir a tão sonhada carreira de seu pai. Ser uma pianista! Vivendo em sua normalidade na cidade de Busan com a sua avó, até que em um dia de chuva, o destino lhe apresenta a Choi Yong Na...