12. Inicio de uma resposta

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Estávamos no último dia de setembro, onde percebi que ainda não tinha o dinheiro suficiente para comprar uma passagem de ida e volta para China. Anotei em um bloquinho todos os gastos que teria, mais o quanto eu já havia recebido do Café.
- Ainda falta um salário inteiro. - Suspiro cansada, quando percebo que havia uma ligação perdida de Choi
Sinto calafrios ao me lembrar da última noite que o vi, onde ele me abraçou.
-Ele disse que tinha algo para me dizer. - Lembrei a mim mesma, enquanto retornava a chamada.
Ele atende.
- Me ligou? -Pergunto
- Sim!
- Pode falar!
- Não te contei antes, porque não tinha certeza. Mas, enquanto estava na China, procurei a casa das suas lembranças! Não me pergunte como, porque nem eu sei como consegui achar a casa no mapa. Ele deu uma pequena pausa - Hoje em dia ela se tornou uma pousada. A governanta de lá me explicou que a casa estava no nome de uma criança. A alguns anos atrás ela tinha interesse de comprar o lugar, porém a antiga dona deu a escritura da casa para ela.
- Deu a escritura? De graça?
- Sim! Provavelmente, porque queria se livrar da casa de uma vez. - Concluiu
- E quando isso aconteceu?
- A dezesseis anos atrás!
- Sabe quem era a criança? A herdeira da casa? Imagino que já tenha se tornado um adulto.
- Bem.., é você! - Ele diz
- O.. O que? - Pergunto sem entender
- Depois de insistir um pouco, ela me mostrou a escritura. Eu tirei uma foto. Vou te mandar por mensagem. Está no nome de Stephanie Lee, nascida no dia 18 de outubro de 1999. Filha de Lee Do-yun e Lee Jang-me, na República da China.

Não sabia o que falar. Meu coração havia acelerado ao ouvir o nome "Lee Do-yun". Era realmente o nome do meu pai, mas nunca soube qual era o nome da minha mãe.
- Lee Jang-me. - Falo hipnotizada
- Ela é a sua mãe! - Alega com cuidado
- Isso é realmente uma loucura! Eu nunca nem visitei a China!
- Pelo que vi, você nasceu lá, mas seus pais lhe deram um sobrenome coreano, talvez por causa da sua avó.
- E a minha mãe? - Pergunto por fim - O que aconteceu com ela?
- Aparentemente entregou a casa e voltou para Coreia.
- Voltou? Então ela é coreana? Um coreana que se casou e foi morar na China? -Tento encaixar as peças - Choi, Preciso desligar. Muito obrigada pela informação.

E e fato era informação de mais para um dia. O que tudo isso significava?
Durante toda a minha vida acreditei que minha mãe escondia segredos e decidi descobrir mais sobre ela, mas na verdade, há coisas sobre mim mesma que eu não sei.
Coloquei as pernas em cima da cadeira e encostei meu rosto no joelho. Pensar na possibilidade dela morar no mesmo país ou até mesmo, na mesma cidade que eu, fez meus olhos arderem.

Está longe demais.
Mas também, está perto demais.

Queria chorar de ódio por pensar que ela estava sempre um passo a minha frente, dificultando o meu dia.
Fiquei na mesma posição por vários minutos, até sentir uma mão quente sobre o meu braço.
Levanto a cabeça e me deparo com Jun-ho ao meu lado. Esboçando uma cara de preocupação.
- Está tudo bem?
- Não.
- Sabe o que eu gosto de fazer quando estou triste?
- Tocar violino? - Especulei sem esforço nenhum
- Andar de bicicleta! - Sorri levemente - Não há nada melhor do que olhar o céu em movimento estando em movimento.
- Não estou com humor para olhar o céu.
- O céu também manifesta os seus sentimentos. As vezes está tão nublado, que mal se pode enxergar uma estrela, mas as vezes, ele é tão azul e sereno que até a música mais turbulenta é capaz de cessar para apreciá-lo.

Emoções através do céu.
Era a primeira pessoa a me dizer isto.

Me sinto uma noite nublada que precisa se transformar em um dia sem nuvens.

- Tudo bem! - Levanto ao ser convencida
Ele também se levanta.
- Vamos olhar o céu em movimento!

Sinos do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora