*A Redescoberta de um Amor**Harry e eu estamos casados há dois anos. Desde que ele derrotou Voldemort, pareceu natural que ficássemos juntos para sempre. Apenas três meses depois da batalha final, ele me pediu em casamento, e nosso começo foi um verdadeiro conto de fadas. Os primeiros anos foram cheios de amor, risos e aquela conexão profunda que eu acreditava que jamais se perderia.
Mas ultimamente, tudo parece ter mudado. Harry está distante, como se um muro invisível tivesse se erguido entre nós. Ele chega em casa exausto, e nossa interação se limita a um breve "oi" e "boa noite". Ele toma banho, janta em silêncio, e vai direto para a cama. Entendo que o trabalho dele como auror é desgastante, mas como sua esposa, esperava mais atenção, mais carinho, mais dele.
**Certo dia, decidi que não podia mais ignorar a situação.**
Quando ele chegou em casa, exausto como de costume, eu sabia que precisava falar. Assim que ele entrou no quarto, respirei fundo e sentei na cama, chamando-o:
— Harry, podemos conversar? — minha voz soou calma, mas carregada de expectativa.
Ele nem sequer olhou para mim. — Não estou com cabeça, S/N. Vou tomar um banho, espero que entenda... — disse ele, fechando a porta do banheiro.
Fiquei ali, sentindo um vazio crescente em meu peito. Algo estava definitivamente errado. Eu tinha uma grande novidade para contar, mas o momento certo parecia sempre escapar.
Quando Harry saiu do banho e foi para a cozinha, eu o segui, determinada a tentar mais uma vez.
— Harry? — chamei, tentando soar casual.
— O que foi, S/N? — ele respondeu, impaciente, enquanto pegava algo para comer na geladeira.
— O que você acha de termos filhos? Já estamos casados há algum tempo e... — comecei, tentando medir cada palavra, mas ele me interrompeu bruscamente.
— Não, S/N, essa não é uma boa hora para falarmos sobre ter filhos. Estou muito ocupado no trabalho e não tenho paciência para cuidar de mais uma criança agora — ele disse, sem olhar para mim, sua voz cheia de irritação.
Eu me encolhi, sentindo o peso de suas palavras como um soco no estômago. Ele foi direto para a cama, sem nem perceber o que eu estava tentando lhe dizer. Lágrimas escorreram silenciosamente pelo meu rosto enquanto eu sussurrava para mim mesma: *"Ele vai mudar, meu querido, ele vai mudar..."*
A ironia de tudo aquilo é que eu já estava grávida. Uma gravidez inesperada, que havia me enchido de uma alegria imensa, mas também de um medo profundo de como ele reagiria. Afinal, Harry acabara de deixar claro que não queria filhos, que não se sentia preparado para ser pai. Então, como eu poderia contar a ele?
**Os dias se transformaram em semanas.**
Os enjoos começaram a ficar mais frequentes e, eventualmente, minha barriga começou a crescer. Harry percebeu. Como sempre, ele era observador, e sua preocupação só crescia. Até que, um dia, ele finalmente decidiu me confrontar.
— S/N, você está grávida? — ele perguntou de repente, sua voz séria, seus olhos verdes fixos nos meus. Eu estava no banheiro, secando meu cabelo, quando ele me pegou de surpresa.
Respirei fundo, meu coração disparado no peito. — Sim, Harry, eu estou grávida.
Ele ficou em silêncio, a surpresa claramente estampada em seu rosto. — Há quanto tempo você sabe disso? — ele perguntou, sua voz agora soando mais suave, quase como se estivesse tentando se controlar.
Eu virei para ele, sentindo meu coração pesado. — Há alguns meses, Harry. Eu queria te contar, mas você parecia tão distante... Eu sei que você não queria filhos agora, mas... a nossa família está crescendo. Eu estou feliz, mesmo sabendo dos desafios que virão.
Por um momento, o mundo pareceu congelar. Harry me olhou de um jeito que não conseguia decifrar, e eu temi o pior. Mas então, algo em seu olhar mudou. Ele pareceu finalmente processar a notícia, como se estivesse despindo as camadas de negação e medo que havia construído ao longo dos últimos meses.
Ele se aproximou de mim lentamente e segurou minha mão. Seus olhos estavam brilhando, mas não era apenas choque — havia ali uma centelha de compreensão, de amor redescoberto.
— Desculpe por ter sido tão distante, S/N — ele começou, sua voz cheia de sinceridade. — Eu estava tão focado no trabalho, tão preso aos meus próprios traumas e responsabilidades, que não percebi o que realmente importa. Eu não queria te afastar, mas estava com tanto medo de falhar como pai... de repetir os erros que fizeram comigo. Mas agora, sabendo que vamos ter um filho... eu quero estar aqui para você, para nós. Vamos fazer isso juntos.
Minhas lágrimas vieram antes que eu pudesse segurá-las. Ele finalmente entendia. Harry estava abrindo seu coração para mim de novo, disposto a enfrentar essa jornada ao meu lado.
— Eu te amo, Harry — murmurei, sentindo uma onda de alívio e alegria me envolver.
Ele me puxou para seus braços, segurando-me como se nunca fosse me deixar ir. — E eu te amo, S/N. Vamos ser uma família, da melhor forma possível.
Ali, no calor daquele abraço, senti que nossos corações estavam sincronizados novamente. Sabíamos que o caminho à frente não seria fácil, mas pela primeira vez em muito tempo, eu senti esperança. Estávamos prontos para enfrentar o que viesse, lado a lado.
E assim, nos preparamos para receber nosso tão inesperado presente: a chegada do nosso primeiro filho. Juntos, como sempre deveria ter sido.
---