Capítulo 73 - Credo, você só escuta rock romântico?

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Credo, você só escuta rock romântico?


Eduardo

— Vocês têm certeza que eu não preciso de uma gravata? — Lucas perguntou, se espremendo entre os dois bancos dianteiros do meu carro para olhar para Galileu e Andreia, que estavam no banco de trás. — Eu tenho certeza absoluta que Fernando vai estar usando uma gravata!

— Tenho! Pela milésima vez! — Andreia disse, abaixando o espelho com o qual olhava se seu cílio postiço estava bem colado. Só então eu vi que ela estava futucando aquilo com uma pinça e pensei no estrago que teria feito se eu tivesse precisado frear bruscamente. Contive um impulso de agir como uma mãe e dar um esporro nela dizendo "imagina se pega no olho!", porque aquilo era muito imprudente! — Gravata é opcional no esporte fino.

— E as pessoas iriam ficar fazendo carinho em você, um Golden de gravatinha — Galileu completou e Andreia deu uma risada alta que eu estava acostumado a ouvir dentro da CPN.

Lucas me deu uma cotovelada, totalmente sem respeito nenhum com a pessoa que ele chamava de chefe e seu mentor na arquitetura sustentável. Respeito nenhum!

— Você não podia ter dito que eu me pareço um outro cachorro? Goldens são lindos, mas as pessoas não me levam mais a sério! — reclamou, me olhando com aquela cara de Golden que só explicava todos os motivos pelo qual ele não podia ser nenhuma outra raça de cachorro. — Ou um gatão siamês, seria ótimo também!

Gatão siamês?

— Mas você tem cara de golden, Golden. Eu não posso fazer nada por você — expliquei e ele fez um biquinho, o que automaticamente me fez fazer carinho no seu cabelo castanho e fez Andreia rir mais ainda, especialmente quando ele não se aguentou e me deu aquele sorriso derretido que era a sua versão de abanar o rabo de felicidade. E aí eu percebi que nós estávamos parados ali fazia cinco minutos e Marcela ainda não tinha descido, o que não era típico dela, a pessoa mais pontual que se tem notícia. — Alguém avisou a Má que a gente está esperando por ela?

Três pares de olhos e sorrisos amarelos se viraram para mim. É claro que ninguém tinha avisado, mesmo que eu (a pessoa dirigindo, portanto, ocupada) tivesse pedido.

Claro, eles estiveram totalmente indisponíveis reclamando das minhas músicas (Lucas), ajeitando os cílios postiços que claramente estavam no lugar (Andreia) e encarando a namorada como se ela fosse um monumento (Galileu).

Então eu peguei meu celular no bolso e enviei uma mensagem para ela após rolar os olhos para os três.

Eduardo: Estou aqui em baixo, Má

Ela respondeu uns dois segundos depois, como se estivesse esperando aquela mensagem.

Marcela: Descendo

E eu sorri para o meu próprio celular antes de colocá-lo no porta-trecos do carro e depois olhei em volta para ver se ninguém tinha notado, mas, felizmente, todos estavam entretidos com Lucas e sua total incapacidade de ficar mais de dois segundos em silêncio.

— Claro que as pessoas te levam a sério agora, Golden — Andreia apontou a pinça para ele após abaixar o espelho, finalmente aceitando que estava tudo certo com o cílio postiço. — Soube que o cliente daquele projeto residencial que você estava fazendo até começou a te chamar de Lucas de verdade, ao invés de insistir que seu nome era Luís, depois que você apresentou para ele sua ideia! A Alice disse que o Fernando rasgou elogios para você por uns três dias.

Lucas sorriu daquele jeito derretido de novo.

E era verdade. O projeto que ele tinha apresentado para a casa sustentável era tão bom que eu mesmo me perguntava se podia ter feito melhor, porque por mais que ele pedisse minha opinião e meu conselho, as ideias vinham dele e eram realmente incríveis, eu só precisava ajudá-lo a organizar e projetar de um jeito que fizesse sentido.

Cuidado, é mentira!Onde histórias criam vida. Descubra agora