Capítulo 85 - Às vezes você tem que explicar

1.8K 221 1.1K
                                    

Às vezes você tem que explicar


Eduardo

Erro de principiante, Eduardo Senna.

E a pior parte é que você sempre soube.

Você, eco-arquiteto, viu em primeira mão que Marcela Noronha não perde jogos de cartas.

E ainda assim achou o quê?

Que seria uma ótima ideia jogar strip poker com ela depois de fazer uma tatuagem de pena no peito. O que, é claro, não seria um problema se fosse qualquer outro desenho senão uma pena que era um par da que ela tinha sob o seio esquerdo.

Não merece Palmas, merece o Tocantins inteiro pela genialidade.

Tudo bem, eu já estava me sentindo meio nu; figurativamente pelo tecido, porque eu tenho certeza que o linho branco deixava o desenho escuro no meu peito aparecer (quando eu perguntei para Chicão sobre isso, ele disse que se eu não queria que as pessoas vissem a tatuagem, então provavelmente eu não deveria ter feito — eu nem tentei argumentar sobre ter feito aquilo sob influência de álcool, porque era uma batalha perdida e eu não acho que usar a carta de "estar bêbado" fosse melhorar alguma coisa) e, literalmente, porque eu tinha perdido meus sapatos e minha calça nas rodadas anteriores e agora eu estava de cueca e camisa. Pelo menos eu tinha escolhido uma boxer branca.

Só que eu realmente não queria ter que tirar a minha camisa. Porque ela saberia.

E isso fatalmente ia acontecer, mesmo que eu tivesse um straight, que teoricamente era uma boa mão no ranking do pôquer. Mas também era facilmente superável por um flush, um full house ou uma quadra ou...

E é claro que eu não podia contar com a sorte aqui, porque era Marcela. Ela com certeza tinha uma mão mais forte e eu nem duvidava que ela tivesse um royal straight flush, que era basicamente a mão perfeita em um jogo, cuja probabilidade, segundo a leitura que Larissa tinha feito sobre as regras do jogo quando nós começamos, era de 1 para 650 mil.

E eu não tinha dúvida de que Marcela era o 1 para os outros 649.999 que não tinham êxito.

No jogo, só restavam Tiago, Getúlio, Marcela e eu. Todos os outros já tinham perdido todas as roupas, começando pelas Marias Joaquinas, como Larissa e Manuela estavam sendo chamadas por causa... Bem, da Larissa Manoela. Em defesa delas, elas só tinham uma peça de roupa para perder e eu também daria um jeito de sair logo da mesa se ficassem me perguntando onde estava o Cirilo.

Depois disso, acho que Leandro ficou distraído demais com garotas de lingerie para prestar atenção em qualquer coisa e perdeu suas roupas — eu deveria ter aproveitado o momento que todo mundo estava encantado pela sua borboleta no cóccix e Tiago defendia dizendo que era muito sexy para sair à francesa daquela mesa, mas é claro que meu cérebro não fez essa matemática tão rápido quanto deveria.

Chicão simplesmente não sabia blefar e começou a ficar muito nervoso — Marcela provocou até que ele praticamente narrasse sua porcaria de jogo (palavras dele, não minhas) e foi uma das coisas mais engraçadas que eu já vi, porque ele ficou muito nervoso quando se deu conta de que tinha dado o nó da própria forca.

Romeu estava muito preocupado em repor o espumante e ser um bom anfitrião, então foi um alvo fácil. Os outros nem conseguiram entender como acabaram vestidos apenas em suas roupas íntimas, mas aconteceu.

— Ok, eu estou fora — disse Tiago, colocando suas cartas na mesa e tirando a camisa branca pela cabeça, exibindo suas várias tatuagens e Chicão, que estava olhando para ele enquanto conversava com Manu, sorriu com a visão.

Cuidado, é mentira!Onde histórias criam vida. Descubra agora