Capítulo 50 - Qual o seu próximo sonho?

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Qual o seu próximo sonho?

Marcela

— Pai, eu preciso desligar, o Edu vai chegar daqui a pouco — eu comentei para o meu carequinha favorito enquanto ele ainda falava comigo ao trocar a resistência do chuveiro da casa da vovó.

Por que a Sam não poderia fazer isso?

— Espera! Aí depois que eu trocar, ligo o disjuntor? — ele me perguntou com o óculos na testa e o suor escorrendo pelo seu pescoço, porque ele ficava nervoso com qualquer reparo técnico.

— Não. Aí você abre o chuveiro, deixa água passar e aí liga o disjuntor — expliquei mais uma vez e ele concordou comigo, porém ele estava segurando o celular perto demais do rosto e eu apenas via o seu nariz — Papai, tem que afastar o celular, lembra?

Ele o afastou e eu notei que Marcelo estava atrás dele, me olhando como se buscasse algo. Ele estava esperando encontrar o que ali além da minha belíssima cara maquiada com produtos caros e que valiam a pena?

— Marcelinha já saiu? — minha mãe perguntou em um berro a distância e eu notei que Marcele também entrou na visão da câmera.

— Ainda não, Alê! — meu pai berrou de volta e meus irmão apenas o olharam como se reclamassem do som alto.

Ser um Noronha era aceitar que berros faziam parte da vida — Samantha abraçou essa vida muito bem, mas o Patrício ainda só se soltava quando havia álcool envolvido.

Então minha campainha tocou e eu comecei a me despedir, porém todo mundo começou a falar ao mesmo tempo que eles estavam com saudade do Eduardo e que queriam dar um oi e que precisavam combinar do final do ano na casa do tio Cristiano, então eu apenas os deixei em cima da mesa e fui atender a porta, porque eles falavam demais. Demais. Demais!

Eu ajustei mais uma vez o meu cabelo e passei a mão no meu vestido vermelho-escuro antes de abrir a porta — eu pensei em usar o branco, mas a ideia era que iríamos jantar fora, então se eu o seduzisse antes de sairmos de casa, provavelmente perderíamos a famosa reserva que ele fez naquela tarde. E ele ainda não me contou onde.

Assim que eu coloquei meus olhos em Eduardo Senna, eu entendi aqueles momentos dos filmes, onde todo o restante parecia desaparecer e apenas ele estava em foco, pois era exatamente assim que eu me sentia, como se ele tivesse ofuscado todo o mundo.

Ele estava usando a sua camisa azul que nunca seria um erro, com a barba perfeitamente feita e o cabelo naquele seu jeitinho arrumado e desarrumado que estava sempre na medida certa.

Eu senti o cheiro das begônias antes do seu One Million, não conseguindo parar de sorrir com aquele buquê tão perfeito, cheio de cores dentro do meu apartamento neutro — quero dizer, menos pela parede de laranja-terroso. Acho que aos poucos Eduardo Senna estava colorindo a minha vida e eu mal podia esperar pelas próximas pinceladas do seu canvas.

Eu nunca havia recebido flores antes. Quero dizer, eu já havia recebido flores em formatura ou premiações, mas nunca antes de um encontro, quando o rapaz à minha frente sorria para mim como se eu fosse o prêmio da loteria inteira e ele o único ganhador — sendo que quem se sentia premiada era eu.

— Você é linda — ele deu um passo para dentro do meu apartamento e beijou os meus lábios com leveza, sabendo como eu ficava irritada quando ele borrava o batom que eu demorei muitos minutos até conseguir o desenho perfeito.

— Você não está nada mal também — eu sorri contra os seus lábios e abracei as flores contra o meu peito — eu amei as flores, obrigada — coloquei o meu nariz contra elas, mas tudo o que eu conseguia sentir era o seu perfume. Eu queria que ele o borrifasse em minha inteira, para até mesmo quando ele não estivesse ali, ele estivesse por perto — Vou colocar elas na água, calma.

Cuidado, é mentira!Onde histórias criam vida. Descubra agora