Isso não é um capítulo

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Oi, gente, tudo bem com vocês?

Primeiramente, gostaríamos de dizer que esse capítulo não é direcionado a todos os leitores, ok? Não é um capítulo legal para Libriela também, não. A gente preferia estar escrevendo CEM, rindo das teorias e caindo de amores pela história, mas achamos que talvez nós todas precisássemos sentar e conversar um pouquinho.

Bom, desde que Marcela e Eduardo se desentenderam, que a Má sofreu o assédio, nós temos percebido que está rolando uma coisa estranha que na maior sinceridade do nosso coração, não estamos conseguindo entender. Tá mesmo rolando hate com a Marcela, gente?

Vamos entender as coisas aqui. Marcela foi assediada — uma situação que coloca a pessoa em um lugar extremamente vulnerável, por mais forte que ela seja. Ela foi questionada sobre a qualidade profissional e foi dito para ela que ela "devia" algo para alguém simplesmente por estar em um projeto. Algo que era o corpo dela como um pagamento para uma dívida que ela não tinha.

Basicamente, foi dito que o único valor que ela tinha era ter um corpo "bonito" — e que ela nem tinha direito de escolher o que fazer com ele.

É óbvio que isso iria quebrar a Marcela e trazer à tona toda a insegurança dela, tanto com relação a ela mesma, a engenharia, e qualquer relação pessoal que ela tivesse (o que inclui, obviamente, a relação com o Eduardo).

A gente sabe que, vendo de fora, dá pra entender que seria muito mais fácil se ela dividisse com alguém, procurasse ajuda e queria que ela se abrisse com o Edu, porque a gente sabe que ele ia entender e não ia culpar a Má.

Mas ela não sabe. Ela está com medo. Envergonhada. Insegura. E só quer sumir com isso sem se perder no processo. Ela ta batalhando todo dia para ser uma pessoa melhor e pra deixar todos os seus pedacinhos juntos, mas todo dia tem algo acontecendo com ela, perceberam? Primeiro foi o Kaiser, depois a briga com o Eduardo e agora o erro no projeto.

Se acontecesse uma situação semelhante com você, leitora, independente da sua profissão — alguém te entregar um projeto/caso/trabalho, você se empenhar e depois ser dito "você sabe o motivo de estar aqui" — você falaria para alguém? Você saberia exatamente como agir?

Libriela tem uma resposta: não.

Raramente alguém sabe. A gente acha que está preparado para isso, mas não está.

Então não culpem a Má por ter guardado isso para ela. Ou por ter brigado com o Edu. Ou por procurar consolo no Gus. Ela só estava tentando ficar inteira e se apegando a qualquer coisa que fizesse aquele sentimento no peito dela acalmar, nem que fosse um pouquinho.

Agora vamos recapitular um pouquinho os fatos: A Má sofreu um assédio horrível do cliente dela, teve o coração partido pelo Eduardo e ainda (por incompetência dos outros que vamos explicar nos próximos capítulos) foi humilhada na frente da empresa inteira por um erro de projeto. Agora o Edu... teve o coração partido pela Má. Só isso. Só que as palavras que a gente está vendo contra ela são infinitamente piores do que a gente vê contra ele, sendo que quem mais precisa de amor e carinho nesse momento é ela.

O Eduardo errou feio em não dar espaço para ela e também em tirar um monte de conclusões precipitadas — e a gente desculpou ele, né? Por que não ter a mesma empatia com a Marcela? Qual é a diferença entre eles?

Vocês sabem a resposta e a gente também.

A Marcela é mulher. E a gente vive numa sociedade que ensina a gente a julgar mais um gênero do que o outro, só que quando a gente faz isso a) tendo oportunidade de entender porque não fazer e b) escolhendo fazer mesmo assim, a gente tem um problema.

A Marcela é fictícia. Mas tem uma galera que não é. É assim que a gente quer olhar pra quem é vítima?

Mais amor, gente. Olhem com amor para ela. Olhem como se fosse a mãe ou irmã ou amiga ou só como uma mulher que precisa de uma mão amiga dizendo que vai ficar tudo bem. A gente pode até não concordar, mas escolher bater em alguém que já está caído não é legal. Aqui a gente vê uma mulher ferida, se machucando mais e mais em um claro pedido de socorro, e acolhe.

A gente ama a Má e, como vítima, ela precisa de amor agora.

A Má está pedindo socorro.

E tem gente que está odiando.

Isso não faz o menor sentido!

Sororidade, gente. Sororidade.

E, já que estamos aqui falando... Libriela escreve com todo o amor do mundo para vocês. E algumas coisas que vocês falam, machucam a gente também. Não é legal, nem um pouquinho. Vocês sabem que por postarmos no Wattpad a gente ganha um total de zero reais com isso, né? E a gente não se importa nenhum pouquinho com isso, porque é uma das coisas que a gente mais ama no mundo. Escrever. E ouvir a opinião de vocês sobre o que a gente escreve.

Se você não gosta, estamos abertas a críticas construtivas. Nós duas conversamos com todo mundo, somos acessíveis e sempre tratamos todo mundo com carinho, vocês podem falar com a gente das coisas que não gostam e a gente vai entender e tentar explicar e levar isso em conta nas próximas oportunidades. Quantas vezes nós lemos comentários e a gente foi debater e mudou pequenos trechos da história porque aquela pessoa teve uma percepção de uma cena que nunca nos passou pela cabeça? CEM é uma obra viva, está em constante evolução. A gente até brinca e chama de baby CEM, que tá crescendo todo dia um pouco mais.

A quem não tinha que ter lido isso, obrigada por ter lido até aqui e pelo carinho. Nós temos os melhores leitores do mundo!

A quem tinha que ter lido... Estamos de braços abertos para receber vocês com carinho, só venham com amor também. Não precisa lamber a gente ou a Marcela, só não precisa jogar pedras. Você tem todo direito de não gostar de algo (o mundo é um lugar melhor com discussões positivas! Se você não gostou de algo, vem contar para a gente. Com jeitinho), mas você está errado quando passa do limite e magoa alguém que só está te oferecendo o melhor que ela pode te entregar.

Novamente, não foi uma conversa que a gente esperava ter com vocês, mas a gente achou que talvez fosse necessário.

Dito isso, até o próximo capítulo.

Beijinhos (pra quem quiser nosso amor)

Lívia e Gabriela.

Cuidado, é mentira!Onde histórias criam vida. Descubra agora