7Além - Escolhas

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Escolhas-

*Em seu coração o homem planeja o seu caminho,

mas o Senhor determina os seus passos.

Provérbios 16:9


-Chichi, minha filha, já tá pronta? Daqui a pouco perdemos a missa menina! Cutelo não entendia o porquê de uns tempo pra cá sua filha andava a se demorar em se arrumar para ir à missa.

-Só pode ter algum garoto... Ele falava em frente a foto da sua falecida esposa que ficava acima da lareira da sala... - Ahhh, mas se for isso eu pego minha velha e boa carabina e coloco o malandro pra correr antes mesmo de ter a chance de se engraçar com a minha menina.

-O que é isso papai? Falando de novo com o retrato da mamãe? Chichi escutava os resmungos do pai enquanto descia correndo as escadas, sabia que estava muito atrasada para a missa de domingo.

-Não implica! Cutelo depositava um beijo na ponta dos seus dedos levando a mão para a imagem da esposa. -Ela me compreende.

Chichi revirava os olhos segurando a porta aberta para o pai passar.

-Se te compreende? É um retrato não pode te responder, então...

-Vamos começar com a implicância logo de manhã Chichi? Cutelo passava a mão na chave de sua caminhonete Ford F 150 azul que tinha desde dos anos 80 passando por Chichi cabisbaixo. -Ei, eu não quero começar o domingo brigando com você filha... paz? Pegou o queixo dela e ergueu a vendo abrir um enorme sorriso.

-Também não quero ficar brigando com o senhor... Agora paz, depende do que o senhor vai me responder? Vai me deixar dirigir?

-Então se considere em tempo de guerra, pois no meu bebê você não coloca a mão!

Ele saiu se perguntando se ela não se cansava de pedir isso pra ele. Nunca deixaria ela dirigir sua relíquia perfeitamente polida deixada no tom de azul ainda mais vivo.

Chichi sabia que ele não deixaria, mas não custava tentar. Fechou a porta e correu para dentro da caminhonete que já fazia seu ronco específico a esperando. Já passavam das sete da manhã e a missa ia começar em menos de quinze minutos.

No caminho curto até a paróquia que frequentava há anos, Chichi olhava o pequeno terço juntamente com a bíblia que pertenciam a sua mãe, e que seu pai lhe deu quando completou 15 anos, lembrou que tinha um assunto pendente há algum tempo e precisava achar uma maneira de conversar com seu pai. As coisas poderiam se complicar caso ela não arrumasse coragem para encarar de frente o problema em que se meteu.

Pensava na velha frase do seu pai, que sempre dizia: "tudo pode ser resolvido com uma boa jambalaya acompanhado de uma boa e grande caneca de cerveja preta."

É... Definitivamente ela tinha que aprender a fazer uma jambalaya o mais rápido possível, ela pensava já vendo a imagem da paróquia, enquanto a caminhonete nada discreta com seu ronco fazia a curva da esquina.

Seu pai aumentou o volume do rádio, que noticiava um alerta de mudança de tempo para poucos dias com a chegada de mais uma possível tempestade, que poderia ou não ser um ciclone. O fato

não causava nenhum grande desespero, pois ali em News Orleans eram recorrentes essas tormentas, que transformavam uma chuvinha da tarde em uma tempestade de grandes proporções.

-Acho que minha pescaria com Kame vai pro brejo. Cutelo desligava o rádio, já estacionando no pátio da paróquia, escutando os sinos anunciarem o início da missa.

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