Mon enfer

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Mon enfer

"Quero ir para o inferno, não para o céu.

No inferno,

gozarei da companhia de

papas, reis e príncipes.

No céu, só terei por companhia

mendigos, monges,

eremitas e apóstolos."

NICOLAU MAQUIAVEL



Chichi cantarolava em seu quarto enquanto arrumava sua pequena bolsa para ir ao retiro. Ela sentia uma alegria imensa e não sabia identificar o porquê, apenas sentia estar imersa em uma grande felicidade. A tempos ela não se sentia assim e foi até sua penteadeira pegar seu hidratante e viu sobre sua caixa de jóias entreaberta a corrente que pertencia a sua mãe com a aliança de seu noivado, pegou e segurou entre seus dedos imaginando a hora que iria tira-la da sua corrente e por fim colocá-la em seu dedo. Observou melhor e ponderou se seria melhor voltar a usá-la. Se olhou no espelho e passou os dedos em seu pescoço tendo certeza que não tinha nenhum resquício da alergia que teve quando usava, então achou por bem não usá-la e evitar que uma outra crise alérgica estrague a viagem.

Voltou a jóia para sua caixinha deixando agora ela fechada, pegou seus produtos e colocou na bolsa e fechou. Olhou no relógio e viu que faltava menos de 15 minutos pra estar na igreja e ria se lembrando que ia quebrar a promessa que fez ao Kakarotto de não chegar atrasada.

Pegou a bolsa e desceu as escadas procurando o pai, e não o achou no escritório nem na sala e nem na cozinha. Deixou a bolsa no chão e foi até o jardim, também não achando ele ali. Suspirou já prevendo que além de chegar atrasada corria o risco de perder o ônibus, então correu para ligar para casa de Merinda e o pai dela atendeu falando que já tinha saído.

"Droga!" - ela pensou, agora estaria em sérios apuros. Não podendo ligar para o Kakarotto só restava correr as poucas quadras e torcer para ter mais alguém tão ou mais atrasado que ela.

***Nem tanto ao céu nem tanto a terra***

No pátio da igreja o ônibus esperava todos chegarem para que o responsável pela viagem fizesse a contagem e pegasse as autorizações. Kakarotto ajudava a colocar as caixas de mantimentos dentro do bagageiro do ônibus, checando a cada minuto o relógio e vendo que pra variar sua Chichi estava atrasada e ria sozinho colocando a última caixa de mantimento dentro do ônibus, já prevendo que ela dificilmente cumpriria a promessa.

Ele saiu dali entrando na sacristia pegando uma pasta de documentos quando vê alguém bater no batente da porta o fazendo virar. - Moro?

- Boa tarde Padre, parece surpreso em me ver?

Ele tentou disfarçar mas na verdade estava sim surpreso em vê-lo ali. - Não é que...

- Pensou que eu não ia ao retiro? Padre, eu não perderia isso por nada nesse mundo. Ele falou entregando a documentação para o Padre adorando ver a reação dele, e apreciou a sensação de agora estar jogando o mesmo jogo sem estar vendado.

Kakarotto passou a mão no rosto visivelmente nervoso. Pegou a documentação dele e pensou em jogar no lixo, mas ali ele não poderia fazer embora quisesse mesmo jogar no lixo. Suspirou e saiu com sua pasta vendo que todos estavam perto do ônibus esperando por ele. Olhou com mais atenção e não conseguia ver a chichi ali. -Mas que Droga Chichi!

7Além - EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora