Capítulo 14

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Capítulo 14

_ Como você pode ter sido tão irresponsável? Eu confiei a vida da pessoa que mais amo na vida nas suas mãos e agora o meu menino está   em coma numa UTI por culpa sua!
Adrian ouvia a irmã triste e silencioso. Nenhuma palavra que dissesse mudaria o fato de que o seu amado sobrinho corria risco de vida e isso o fazia carregar o peso da culpa.
Andréia estava desesperada. Temia que o seu filho não aguentasse o traumatismo craniano e morresse, o que seria uma dor tão profunda que ela não seria capaz de suportar.
Nos corredores do pronto socorro, Andréia era abraçada pelo pai enquanto chorava. Roseli também estava em prantos. Amava Victor como se fosse o seu neto e seria capaz de dar a própria vida para salvar a dele.
_ Eu nunca mais quero olhar na sua cara, Adrian. Nem na sua e muito menos daquele traste do Gael.
_ Me desculpe? Eu errei muito, mas eu não fazia ideia que algo ruim poderia acontecer com o Vitinho...
Adrian foi interrompido sentindo o impacto do tapa de Andréia no seu rosto.
_ Eu não quero te ouvir.
_ Acho melhor eu ir embora._ Adrian disse segurando o rosto.

Gael chegou em casa as seis da manhã. Cheirava a álcool e cigarro.
Para a sua surpresa, Luíza o aguardava sentada no sofá com os braços cruzados e a expressão muito séria.
_ Por que você não atendeu o caralho do celular, Gael?_ a moça gritava dando tapas nos braços do irmão.
_ Ei! Desde quando você virou a minha mãe?
_ Se eu fosse a sua mãe teria te dado uma boa surra para aprender a ser mais responsável com a vida das pessoas.
_ Você tá precisando transar mais, irmãzinha. E não precisa se preocupar. Eu estou bem._ Gael disse tentando abraçar Luíza, mas se esquivou.
_ Eu não  falo de você. O tio do Victor me ligou.
Gael revirou os olhos para cima. Imaginou que Victor estava se queixando pela noite anterior.
_ Eu vou dormir, depois a gente fala das birrinhas do Victor.
Gael caminhou em direção ao quarto, mas parou surpreso ao ouvir a revelação de Luíza.
_ O Victor está em coma.
_ O quê?
_ Ele foi encontrado pelo Adrian caído no chão num ponto de ônibus com a cabeça aberta. Parece que levou uma pancada. Ninguém sabe quem foi o desgraçado que o agrediu. Por que você o deixou sozinho? O que aconteceu, Gael?
Gael sentou no sofá.
_ Como ele está?_ perguntou Gael, preocupado.
_ Mal. Inclusive corre risco de vida.
Gael sentiu o gosto amargo do arrependimento.
_ A polícia vai querer falar com você. O que aconteceu?
Fernanda entrou na sala segurando uma chicara de café.
_ Espero que você tenha um bom alibi, meu filho.
_ Fala logo, Gael. Que merda aconteceu?!_ gritou Luíza.
Gael relatou para a irmã o que havia ocorrido e ela ouvia irritada.
_ O que você tem na merda da cabeça de deixar o Victor sozinho para ficar fodendo e enchendo a cara de drogas?
_ Luíza, O seu irmão está abalado. A última coisa que precisa é ouvir sermão.
_ Mas ele vai ouvir sim. O Gael está abalado? Nossa, que dó! E o Victor? Ele está em coma! Um cara tão jovem, saudável, gente boa e com uma vida pela frente pode morrer porque o meu irmão, mais uma vez, foi um irresponsável! Você só pensa em si mesmo. É um egoísta!
"Gael, você é meu irmão e eu te amo, mas você não vale nada! Essa sua mania de usar as pessoas para o seu bel prazer é doentio. Você sempre usou o Victor como um brinquedinho para provocar o Ivan e os homofóbicos do bar, mas não teve um pingo de responsabilidade com a vida dele."
Gael ouvia em silêncio. Pôs a cabeça entre as mãos e começou a chorar.
_ Onde ele está?
_ No Pronto Socorro São José. Eu acabei de voltar de lá. A família está desolada. E não querem te ver nem pintado de ouro. E eles têm razão.
_ Eu vou até lá.
_ Pra que, Gael? Para ser expulso?_ perguntou Fernanda.
_ Vai ser muita falta de respeito com a família se você aparecer lá.
_ Luíza, o Victor é o meu namorado. Por mais que eu tenha errado, tenho o direito de estar com ele. Eu vou até lá e vê o que posso fazer para ajudar.

Gael não foi bem recebido do pronto socorro. Todos da família achavam uma afronta o publicitário ter ido até lá depois de ter feito o que fez.
_ Eu vim em paz. Só quero saber notícias do meu namorado.
_ Você ainda tem a audácia de se referir ao meu filho como o seu namorado depois de tudo que fez com ele?
_ Eu sinto muito, Andréia. Eu estou muito arrependido.
_ Vá pro inferno com o seu arrependimento! Como pode deixá-lo sozinho num lugar onde desconhecia? Ele é só um menino e você um adulto. Deveria ter vergonha na cara de ter induzido o meu filho a sair escondido. Eu não quero que você chegue perto do Victor. Nunca mais ponha os seus olhos sobre ele. Gael, eu amo muito o meu filho e por ele eu sou capaz de tudo e esse tudo inclui  matar, se for preciso para protegê-lo. Então, não me provoque.
_ Vá embora daqui. Você já fez muito mal ao meu neto. Vê se pelo menos nos deixe em paz. A sua presença é perturbadora. _ disse Roseli.
Gael não temia as ameaças de Andréia, mas achou melhor ir embora para não piorar ainda mais a situação.

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