Capítulo 52

56 8 2
                                    

Capítulo 52

_ Como você descobriu onde eu moro?
_ Ele é o filho do seu Pedro, aquele que tem um açougue, eu me lembro desse menino novinho trabalhando com o pai. Era o melhor açougueiro. O mais educado. _ disse Roseli sorrindo._ Eu conheço esse menino há anos.
_ Elogios vindo da senhora é uma honra.
_ Mas, é verdade. Nunca mais te vi no açougue.
_ O meu pai é muito chato. Por isso, prefiro trabalhar em outro lugar. Mas, dadas as circunstâncias vou ter que voltar a trabalhar com ele.
Ítalo relatou o que Ivan fez para prejudicá-lo deixando Roseli com mais raiva de Ivan. Mais tarde, ela contou para o restante da família, que também compartilhou dos mesmos sentimentos que ela em relação ao empresário.
_ Que mundo pequeno! Eu jamais poderia imaginar que vocês se conheciam._ disse Victor tentando mudar o rumo da conversa.
_ É verdade. Eu só não sabia que a dona Roseli era a sua avó. Esses dias nos encontramos na rua e ela me falou de você,  me mostrou a sua foto e aí eu disse que te conhecia.
_ Eu vou lá na cozinha preparar uns sanduíches e vou deixar vocês dois conversarem. Me dê esse buquê, que vou pôr num vaso com água.
Ela estava animada com a possibilidade de Víctor se envolver com outro rapaz e assim esquecer Ivan para que o sofrimento do menino não se prolongasse.
_ Sente-se. Eu vou pôr uma blusa e já volto. _ disse Victor.
_ Ah, que pena. A visão está maravilhosa assim. Aliás, adorei o piercing.
Ítalo disse mordendo o lábio inferior e Victor sorriu, em seguida foi para o quarto.
Retornou e sentou ao lado do violinista.
_ Como você está?
_ Não posso dizer que estou bem. Mas, vou ficar.
_ Vai sim. Você é foda. Quer desabafar?
_ Não. Eu prefiro não falar sobre o assunto. Ainda está doendo muito.
_ Eu entendo. Dar pra vê pelo seu rostinho triste. Você não merece nada disso que está passando. Mas, não vamos falar de coisas ruins. E aí? Quais são os planos para o futuro?
_ Não sei ainda o que fazer. Sei que tenho que tomar um rumo na vida, porque já sou um adulto. Mas, aos poucos, eu vou me encontrando.
_ Pretende cursar alguma faculdade?
_ Eu até que gostaria, mas depois da pancada, eu tenho dificuldades de concentração.
_ Eu sinto muito.
Ítalo começou a falar sobre si. Disse que voltaria a trabalhar no açougue do pai e que pretendia cursar música na França. Revelou que estudava francês há dois anos e que sonhava em ser um grande artista.
Depois a conversa tomou outro rumo, falavam de coisas divertidas, onde Ítalo narrava algumas situações engraçadas vividas por ele e Luíza numa balada que foram juntos.
E pela primeira vez, depois do acontecido, Victor conseguiu rir e se distrair,  o que foi satisfatório para a sua família.
Andréia chegou em seguida, reconhecendo Ítalo do açougue e também ficou satisfeita em vê o filho sorrindo.
_ Eu e a minha família vamos passar o carnaval na nossa casa em Saquerema. Você quer ir conosco? Creio que será bom para você. Assim poderá espairecer a cabeça. Você já conhece a minha mãe e a minha irmã do colégio. E o meu pai pode ser chato como patrão, mas como pai e anfitrião é uma ótima pessoa.
_ Eu não sei. Não estou muito a fim de folia.
_ Nós também não. Ficaremos em casa mesmo, curtinho a piscina comendo um churrasquinho e tomando cervejas. Tudo em família mesmo. Mais tarde, vamos assistir os desfiles pela televisão. Vamos, Victor? Você precisa se distrair.
_ Eu acho uma boa, filho. É melhor você ir com o seu amigo do que ficar aqui trancado no quarto chorando.
Ítalo teve o apoio da família de Victor para convencer o loiro a aceitar o seu convite e o menino acabou cedendo devido as insistências.
Por volta das onze da noite, Ítalo anunciou que iria embora e foi convidado pela família de Victor a retornar quando bem quisesse.
Victor o acompanhou até o portão da casa.
_ Eu amei a sua visita. De verdade. Obrigado. Me fez sentir um pouco melhor.
_ Eu fico lisonjeado. A Luiza e o Gael também estão preocupados contigo, mas você não os atende.
_ Não é nada pessoal com eles. Eu que não tenho estrutura emovional para falar com ninguém. Mas, eu vou mandar uma mensagem para eles. Afinal, sou muito grato aos dois por terem me aberto os olhos.
_ Eles gostam muito de você. Podíamos marcar um programinha nós quatro. O que você acha?
_ Quem sabe futuramente?
Ítalo segurou no queixo de Victor e olhou nos  olhos.
_ Eu  quero cuidar de você.
Foi inevitável não lembrar de Ivan diante desse gesto de carinho e as lágrimas escorreram dos seus olhos.
Ítalo o abraçou. Victor desabou no choro, sentindo Ítalo acariciar os seus cabelos.
_ Vai ficar tudo bem. Você pode contar comigo para o que der e vier. Eu gosto de ti. Muito mesmo.
Ele ergueu a cabeça de Víctor e secou as lágrimas da face do menino. Aproximou a boca e o beijou.
Victor fechou os olhos imaginando ser beijado por Ivan. Afastou-se.
_ Eu vou ser sincero contigo. Não estou preparado para me envolver com ninguém. Tudo está muito recente. O meu coração está muito quebrado.
_ Eu entendo.
_ Acho melhor eu não ir viajar contigo.
_ Não! Você pode ficar tranquilo. Eu não vou forçar a barra. Vou te respeitar e nem vou dar em cima de você. Você poderá dormir no meu quarto e eu durmo com a minha irmã no quarto dela. Pode ficar tranquilo. Só venha conosco para se distrair. Eu só quero te dar um pouco de alegria.
_ Eu...
_ Por favor? Eu super te entendo  não querer nada comigo agora. Eu juro que vou saber esperar,  mas por enquanto, quero ser o seu amigo. Por favor, aceite o meu convite?
_ Tudo bem.
Ítalo sorriu e beijou o rosto de Victor. Em seguida, partiu na moto.
Victor permaneceu encostado na parede olhando para o local, onde beijou Ivan pela segunda vez. Fechava os olhos e sentia o calor da pele do marido. Visualizava o sorriso e olhar meigo de Ivan direcionado a ele.
Entrou com a cabeça baixa, encolhendo os braços.

Verdades secretas Onde histórias criam vida. Descubra agora