Capítulo 43
As marcas da surra doíam mais na alma no que no corpo. O ódio que Sônia sentia por Ivan aumentou ainda mais, quando se viu derrotada e ferida. Desesperou-se por ter tido as provas roubadas. Vendo-se sem ter mais meios para obter dinheiro e outras vantagens financeiras, jurou para si que se vingaria do filho.
Arrependeu-se por não ter matado Felipe quando matou Armando. Temeu que a polícia o encontrasse e o jovem a entregasse como mentora da tentativa de assassinato do casal Matarazzo e do assassinato de Armando.
Com medo de ser rastreada, comprou um aparelho celular barato e ligou para Felipe avisando do ocorrido, o que o deixou furioso.
A mulher exigiu que Felipe sumisse de uma vez para não ser encontrado pela polícia.
Alguns dias depois, Felipe a ligou dizendo que estava no Rio de Janeiro, no município de Itaboraí, onde alugou uma casa mobiliada.
A residência ficava localizada no bairro de Marambaia. Em volta da casa era isolado, com apenas um matagal em volta e poucas casas a alguns metros de distância.
O jovem informou o endereço a Sônia e exigiu que ela fosse até o local, alegando que tinha algo muito sério para conversar com ela.
Sônia ficou revoltada com o retorno do rapaz. Achou burrice Felipe ter a desobedecido, retornando ao Rio de Janeiro.
Partiu para o local no dia e horário combinado, levando consigo o revólver, para usar se fosse necessário.
A casa não era nenhum muquifo, como Sônia imaginara. Tinha dois andares, uma escada de madeira, e na parte de cima um guarda corpo também de madeira, dando acesso ao corredor dos quartos. Havia uma piscina, garagem e um banheiro com uma banheira de hidromassagem.
Ao vê-la, Felipe se atirou em seus braços, a beijando. No entanto, Sônia permaneceu fria aos carinhos do amante. Observava o local a sua volta.
_ Isto aqui está longe de ser um palácio, mas até que não é nenhum barraco caindo aos pedaços.
_ Eu gosto de luxos.
_ Luxo já é exagero da sua parte.
_ Foi o que deu para alugar. O local é isolado. Eu não posso dar bobeira com a polícia na minha cola. Esta casa serve para pôr o meu plano em prática.
_ O que está se passando na sua cabecinha de minhoca?
_ Eu tenho um pen drive com o vídeo. Pus num cofre desta casa. A senha é esta. _ disse entregando um papel a ela, que guardou no bolso._ Acho melhor nós acabarmos com essa história de uma vez. Já que a polícia está envolvida, o jeito é arrancar uma grana muito alta do Ivan. Tipo bem alta mesma...coisa de uns três milhões. Um milhão e meio pra mim e a outra metade para ti.
'Pensei em marcar um encontro com o seu filho e fazer um acordo com ele: o desgraçado paga a grana, retira a queixa e nós damos o pen drive a ele metemos o pé do Brasil. Vamos viver numa linda praia no Caribe. Não é genial?'
_ É bem pensamento de pobre se conformar com míseros três milhões. Eu estou acostumada com luxos. Isso é mixaria.
_ Deixe de ser prepotente, que você não está podendo. O Ivan não é burro. É poderoso, conhece gente importante, tem capangas. Você acha se continuarmos com exigindo dinheiro mensalmente, ele não vai partir para o ataque? Ainda mais agora que ele está com raiva porque quase matamos o veadinho dele.
_ Se não fosse pela sua burrice, a essa hora aquelas duas bichas estariam mortas e nós ricos.
_ Não adianta chorar pelo leite derramado, loira. O jeito é fazer o que eu estou falando. Vamos propor esse acordo com o seu filho e vamos embora. Antes que nos fodemos mais.
Sônia ficou pensativa. Ela odiava admitir que Felipe tivesse razão, mas não restava outra alternativa, dadas as circunstâncias.
_ Tudo bem. Mas temos que levar conosco uma cópia do vídeo. Para garantir. Vai que um dia precisaremos dele?
_ Está certo. Então, como a polícia está na minha cola. Eu não posso dá bobeira. Quero que você marque um encontro com Ivan, mandando ele vir aqui. Para trazer a grana.
_ Você é idiota mesmo? Três milhões é muito dinheiro. Você acha que dar para carregar nos bolsos?
_ Do jeito que a coisa anda, o Ivan não pode fazer depósitos. Isso pode ser usado como uma prova de extorsão futuramente. Tem que ser dinheiro vivo.
_ Ah, é? Como ele vai trazer esse dinheiro, sua anta?
_ Não precisa me ofender. Eu pensei em tudo. Diga ao Ivan para trazer dentro de um carro novo. Ele espalha no porta-malas, dentro dos bancos e portas do carro. O carro deve ser novo. Comprado no seu nome. Assim ficará mais fácil atravessarmos a fronteira para o Paraguai. Lá damos um jeito de depositar nas nossas contas e partirmos para outro país.
_ Olha, até que a antinha está ficando inteligente. Esse é o resultado quando se usa a cabeça de cima no lugar da do pau.
Felipe sorriu, pondo a mão no pênis.
_ Eu também uso a do pau._O rapaz a segurou, a atirando na cama._ E você sabe como uso muito bem.
Sônia sorriu satisfeita. Sabia o que estava por vir.
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Verdades secretas
RomanceEm meio a hipocrisia, preconceito, ódio e rancor, Ivan encontra o grande amor da sua vida. Alguém capaz de despertar o melhor de si e o torná-lo bom, que fará a felicidade reinar sobre os seus dias. No entanto, um segredo obscuro e cruel poderá por...