Capítulo 21

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A passos largos, Renato caminhou  em direção ao escritório de Ivan. Carregava consigo uma pasta preta nas mãos.
Ao avistar duas secretárias rindo e cochichando, o executivo para diante delas.
_ Posso saber o motivo das fofoquinhas? Estão em horários vagos?
A secretária de Ivan o olha para Renato sorrindo.
_ O nosso CEO tem um encontro romântico hoje à noite. Ele me pediu para providenciar o chefe Pierre  de Beauvoir, um dos melhores do país, para preparar o jantar romântico no iate.
A segunda secretária arqueou as sobrancelhas e disse:
_ Essa mulher deve ser muito especial. Uma sortuda para levar um gato podre rico como o doutor Ivan.
Renato ficou pensativo e arregalou os olhos ao se lembrar que à noite, Ivan teria que ir à um jantar de negócios.
_ Vocês vão voltando ao trabalho e esquecem a fofoca.
Renato entrou apressado no escritório de Ivan e o encontrou sentado à mesa, digitando no computador,  compenetrado.
_Bom dia, Ivan. Já confirmei tudo para o jantar de hoje à noite. Pelo que prevejo esse negócio com os chineses será um sucesso.
Ivan franzio o cenho como se não soubesse do que Renato estava falando.
_ Você pode ficar tranquilo que não será mais um daqueles jantares entediantes com empresários velhos e gordos. Eu já providenciei as garotas. E vou te contar, hein. Elas são lindas.
_ Que garotas e que jantar?
_ O jantar de hoje à noite com os chineses.
Ivan bateu na testa.
_ Puta que pariu! Me esqueci completamente dessa droga desse jantar. Remarque para outro dia.
_ Como assim remarcar, Ivan? Você ficou louco? Se fecharmos esse negócio  com essas empresas a Matarazzo terá um lucro de quarenta milhões de dólares.
_ Eu sei. E vamos fechar esse negócio, mas não hoje. Eu tenho compromisso.
_ Ivan, vê se eu entendi direito: eu fiquei sabendo pela Denise que você vai ter um encontro romântico hoje à noite e aí você dispensa o trabalho por causa de uma mulherzinha? Meu amigo, o seu pai sempre contratou garotas de programas de luxo, só mulheres tops de linha, para fazer um agrado aos clientes. Dentre elas tem uma que é uma deusa,  essa eu reservei para você.
Renato mostrou a foto de uma bela mulher.
_ Ela é linda mesmo. Se fosse há uns meses atrás eu iria a essa reunião com gosto, mas eu sou um homem fiel. _ Ivan disse sorrindo e piscando para Renato.
_ Mas esse negócio é importante!
_ Renato, não discuta comigo. Remarque e pronto. Nós somos amigos, mas eu sou o seu patrão.
_ Tudo bem. Você é quem manda. Mas, eu confesso que estou curioso. Não há dúvidas que você está completamente apaixonado. Quem é a felizarda?
_ A curiosidade matou o gato.
_ Ou o felizardo?
Ivan olhou para Renato.
_ Você não precisa ter receios comigo. Eu sei que você também gosta de rapazes e eu não tenho preconceito. Já sei! É o Gael, não é? Você sempre gostou dele, desde quando era criança.
_ Claro que não! Eu não quero nem ouvir falar nesse nome. Tomei nojo desse cara.
_ Uh, é! Se não é o Gael, então quem é?
Ivan suspirou sorrindo.
_ Você não o conhece. Ele um menino lindo, inteligente, generoso, amoroso, meigo. Você tem que ver que gracinha de menino. Loirinho,  carinha de anjo e um corpinho delicioso. Dezoito aninhos.
_Então é um rapaz? Aliás, um garoto! Ele é muito novo pra você.
_ Eu sei. Mas isso é só um detalhe. Um delicioso detalhe.
_ Agora com o Raúl morto você é livre para sair do armário. Te desejo muitas felicidades, meu amigo.
_ Obrigado, Renato. Eu estou muito feliz como nunca estive antes. Eu me sinto revigorado.
_ Qual é o nome dele? É de alguma família tradicional? Algum modelo?
_ Não, não. Ele não é um playboyzinho chato e muito menos modelo. É um garoto comum. Ele não é rico. A família é...digamos...
_ Humilde?
_ Pobre.
_ Como assim?! _ Renato perguntou espantado.
_ É isso que você ouviu. Mas, isso não me importa. Eu quero a ele e não dinheiro. Isso eu já tenho.
_ Tem e muito.
_ A única coisa que me incomoda um pouco são as roupas dele. Sabe, são muitos chinfrins, coisa de quinta categoria mesmo. Mas, vou mudar isso logo. Eu pretendo dar um banho de loja nele. Deixá-lo apresentável. Vesti-lo como um príncipe que ele é.
_ Como você diz que ele é um garoto pobre, com certeza vai adorar o banho de loja.
_ Aí que está o problema. O Victor  é diferente das outras pessoas. Ele tem aquela merda de princípios. Uma vez ele recusou uma proposta minha e ainda ficou ofendido. Eu sinto que devo ir devagar. Pisando em ovos para não ofender o meu amorzinho.
_ Eu não quero ser o estraga prazeres, mas meninos assim podem fazer joguinhos. No começo fazer parecer que não querem o seu dinheiro, que só querem amor e com o passar do tempo, irem sugando o seu dinheiro aos poucos.
Ivan fez sinal negativo com o dedo indicador.
_ Não, não e não. O Victor não é assim. Ele é especial. Sabe, apesar de eu odiar pobre orgulhoso, metido a moralista, até que isso no Victor me agrada, porque eu tenho certeza que ele gosta de mim de verdade. Sem nenhum interesse no meu dinheiro.
Renato o olhou com uma expressão de desconfiança.
_ Você não acredita em mim, né? É preconceito da sua parte. Acha que só porque ele é pobre é interesseiro. Mas, você mudar de ideia quando conhecê-lo.
_Nossa! Então, eu terei a honra de ser apresentado ao seu novo caso.
_ Caso não. Namorado. Futuro esposo.
_ Então, estamos falando de amor de verdade? O rapaizinho laçou mesmo o seu coração!
_ Ele me laçou por completo. Eu sou louco por aquele garoto. Quero-o pra mim. Só pra mim.
_ Quem não vai gostar nada disso é a sua mãe.
_ Ela que não se atreva a se intrometer neste assunto. Eu amo o Victor e sou capaz de tudo por ele. Se for preciso eu passo por cima de qualquer um que se pôr no meu caminho.
_ Até mesmo da sua mãe?
_ Principalmente, dela.

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