Capítulo 38

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Capítulo 38

A ligação inesperada deixou Gael desconfiado. Era de uma grande agência de publicidade, que o solicitava para uma entrevista de emprego para às três da tarde. Apesar de ser uma boa oportunidade, o que o deixava cabreiro era o fato de não se recordar de ter enviado nenhum currículo para aquela empresa.
Mesmo suspeitando de se tratar de algum golpe ou brincadeira de mal gosto, Gael quis arriscar e compareceu a entrevista, vestindo o seu melhor terno e levando em mãos uma pasta, onde continha os seus trabalhos anteriores e o seu currículo.
Foi recebido pelo dono da empresa, que o tratou com muita cordialidade. Por ele não contraria Gael, já que é muito exigente com os funcionários da sua empresa e sempre dava preferência aos melhores do mercado de trabalho, mas devido ao pedido de Ivan, decidiu ceder.
Instruiu Gael de como gostava que os trabalhos fossem feitos na sua empresa e disse as vantagens dos funcionários por trabalharem na sua agência.
Gael ficou feliz em saber que estava contratado de primeira. Viu nessa oportunidade uma luz no fim do túnel.
No entanto, uma revelação converteu a sua alegria em raiva.
_ Em outras ocasiões eu não te contrataria. Não é por nenhum motivo pessoal, mas sim pela sua falta de experiência em grandes projetos publicitários. Eu sempre dou preferência aos melhores. Mas, o Ivan me garantiu a sua competência e dedicação ao trabalho. E ele sempre foi um bom amigo. Devo muito a ele.
A seriedade dominou a sua expressão facial. A raiva o consumiu por completo.
_ Sendo esse o motivo pelo qual me contratou, eu recuso a vaga de emprego.
O empresário ficou espantado com a resposta de Gael. Não esperava essa rejeição.
Gael saiu da agência furioso. Dirigindo até a construtora Matarazzo, exigindo falar com Ivan.
Mesmo com a aparência transtornada do rapaz, a recepicionista informou a secretária de Ivan sobre a visita de Gael. Ela temia cometer o mesmo erro que cometeu com Victor.
Fernanda estranhou a presença do filho. Mas, como uma boa profissional, avisou ao chefe, mesmo contra a sua vontade.
Gael subiu como um furacão, ignorando as perguntas da mãe. Entrou no escritório do primo irradiando ódio.
_ Quem você pensa que é para controlar a minha vida?
_ Bom dia pra você também, Gael.
_ Bom dia é a puta que te pariu! Você me fez perder o emprego, roubou o dinheiro da minha irmã, a jogando na rua. Na maior cara de pau, roubou o meu namorado. E agora para dar uma de bom moço com o Victor começou a fazer boas ações?! Primeiro deu esmolas a minha irmã, porque ela era filha do nojento Raúl tanto quanto você, portanto tem direitos a muito mais. E aí mandou o seu amiguinho me contratar!
_ Eu não tô entendo a sua raiva, Gael.
_ Cala a boca que eu não terminei! Eu vim para falar e  não para  te ouvir! Você é um monstro! Um demônio! Mas quer enganar o Victor fingindo ser um bom moço. Mas, você não vai me usar pra isso, caralho!
'A minha vida não é um brinquedo seu, que você destrói e conserta a hora que quer! Você não vai me usar para fingir ser o bom samaritano que você não é. '
_ Eu estou pouco me fodendo pra você. Se está bem ou mal, vivo ou morto pra mim tanto faz. Eu só falei com o amigo para ele te empregar porque o Victor me pediu.
_ Eu sei disso. E exijo que me deixe em paz! Não quero que arranje emprego pra mim, não quero que me dirija a palavra. Me trate como eu te trato como um morto. Porque pra mim você morreu!
_ Tudo bem. Se é assim que você quer. Já terminou? Porque eu preciso trabalhar.
Gael andou de um lado para o outro penetrando o dedo entre os cabelos.
_ Não é justo que o Victor esteja caindo na sua lábia.
Gael apontou o dedo indicador para o primo.
_ Olha aqui, o Victor é um cara muito legal. Ele é muito diferente de você. O problema é que ele está cego pela paixão e não consegue enxergar o demônio que você é. Mas, eu espero que você não faça nenhum tipo de mal a ele. Se você causar algum sofrimento ao Victor, eu acabo com a sua vida! Eu te mato!
_ Onde você quer chegar defendendo o meu marido? Com que direito?
_ Direito de quem o ama muito.
_ Você é muito cara de pau de dizer isso na minha cara! Eu deveria te arrebentar!
_ Tenta a sorte, priminho. Mas vem com decência, sem os seus seguranças. Eu sou louco para dar umas boas porradas nessa sua cara de playboyzinho mimado e metido a besta.
A conversa foi interrompida com a chegada de Renato, que foi até lá a pedido de Fernanda, ao ouvi os gritos do filho.
_ O que está acontecendo aqui? Lá de fora dar para ouvir os gritos de vocês.
_ Não está acontecendo nada, Renato. O Gael já está de saída.
_ É... estou. Os recados já foram dados.
Do lado de fora do escritório, Fernanda segurou no braço de Gael.
_ Você enlouqueceu de vir aqui brigar com o seu primo? Ele poderia ter chamado a polícia.
_ Chamado a polícia por quê? Por caso eu sou algum bandido? Ou  roubei alguma coisa, invadi esta merda? Não diga besteiras, mãe!
Gael saiu transtornado.

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