Capítulo 30

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Capítulo 30

Com muita tristeza Victor recebeu a notícia que foi reprovado em cinco disciplinas escolares, resultando na sua reprovação.
No pátio do colégio, enquanto chorava era consolado por Virgínia, que o abraçava. A menina estava indignada.
_ Não é justo que esses desgraçados fizeram isso contigo. Porra, será que eles não levaram em conta tudo que você passou? E a sua mão desse jeito?
_ Eu só quero ir embora. Não quero ficar mais um minuto neste lugar. Vamos comigo?
_ Claro. Não fique assim. Essa putaria não pode te abalar.
Caminhando em direção ao carro, Victor foi surpreendido com a aproximação de Ítalo, que veio correndo em sua direção.
_ Victor! Victor! Espere!
Ao perceber as lágrimas do menino, o sorriso de Ítalo se desfez.
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Não.
_ Aconteceu sim. Graças aos malditos professores e a má vontade da sua mãe, o meu amigo foi reprovado. Mesmo se esforçando muito para passar de ano, estudando com dificuldades por causa do cérebro que não é mais o mesmo depois da covardia que fizeram com ele.
_ Eu sinto muito.
O motorista olhava para Ítalo  desconfiado.
Há dias em que o violinista ia a porta da escola esperar por Victor. Eles conversavam por pouco tempo e sempre acompanhados de Virgínia.
É inegável que Ítalo esteja apaixonado por Victor. Deseja-o intensamente. Mesmo sabendo que o loiro é comprometido e ama o seu noivo, Ítalo ainda nutria dentro de si uma esperança.
Quando foi contratado, o mororista/segurança, foi instruído por Ivan que além dos serviços oferecidos, o homem teria que o informar caso visse algo que fosse suspeito. Logo, as visitas de Ítalo não passaram em branco.
_ Eu quero foto e nome desse sujeito...ou melhor o máximo de informações que conseguir.
A ordem foi cumprida. Disfarçadamente, o motorista/segurança conseguiu tirar as escondidas uma foto do violinista. E também, com cautela, conseguiu descobrir o nome do rapaz com uma conversa com Victor e Virgínia.
_ Aqui está a foto do sujeitinho. O nome dele é Ítalo. Ele toca violino e trabalha numa cafeteria.
_ Eu conheço esses cornos de algum lugar. Só não consigo me recordar de onde. Em que cafeteria ele trabalha?
_ Isso eu não sei informar, doutor.
_ Pera aí!
Ivan ligou a palavra cafeteria a lembrança que tinha de Ítalo, recordando do dia em que viu Ítalo olhando para Victor na cafeteria.
_ Eu já sei onde esse filho da puta trabalha. Mas, obrigado pelas informações.
_ Se precisar de mais coisas, estou a disposição do senhor.
_ Continue me mantendo informado.
_ Caso o senhor precise, eu posso dá um jeitinho no cara.
_ Ainda não. Só continue fazendo o seu trabalho.
_ Sim, senhor.
Ítalo abraçou Victor. 
_ Eu quero te dar um presente.
_ Obrigado pelo apoio. E não precisa se incomodar.
_ Não é incômodo. O meu presente não é nada como o Ivan possa te dar, mas é de coração.
Ítalo retirou o violino das costas.
_ Primeiro eu quero te agradecer por ter me inspirado a compor essa canção.
O menino ficou emocionado  ouvindo a música que Ítalo compusera para ele.
_ Gostou?
_ É linda! Eu nunca na minha vida imaginei que alguém poderia compor uma música tão linda pra mim.
_ É linda mesmo. Como se chama?_ perguntou Virgínia.
_ Luz da minha vida.
Victor ficou envergonhado por se sentir ainda mais atraído pelo violinista.
_ Você não sabe o quanto é especial para mim.
_ Ítalo, Eu agradeço de verdade, mas...
_ Já sei. Você tem noivo. Eu sou paciente. Sei esperar.
_ Então, Espere deitado eternamente em berços plendidos, porque do jeito que o Vitinho é louco pelo Ivan você só teria uma chance talvez em outra vida.
Ítalo entregou um pen drive que tinha a música gravada.   Victor guardou com carinho na mochila e deu um beijo no rosto de Ítalo como agradecimento. Ato que foi observado atentamente pelo motorista/ segurança.

_ O que aconteceu, meu amor?_ Ivan perguntou vendo Victor chorar desesperado tentando rasgar as provas. Por não conseguir, devido a paralisia da mão o nervosismo do menino aumentava ainda mais.
Virgínia tentava alcamá-lo sem sucesso.
_ Aconteceu que eu sou um inútil. Eu só queria ser motivo de orgulho para a minha família me formando no ensino médio e passando no vestibular. Mas, um psicopata deu uma pancada na minha cabeça e eu perdi a minha habilidade de adquirir conhecimento e de concentração.  A minha maldita mão não funciona!
Victor gritava com a face vermelha. Chorava trêmulo.
_ Calma, meu bem. Pra tudo tem um jeito.
_ Que jeito, Ivan? Que jeito? O médico me disse que se a pancada tivesse acertado num centímetro a frente aqui, ó, eu teria ficado vegetal! Porra! Por que isso tinha que acontecer justo comigo?
A dor da culpa torturava Ivan. Sentiu vontade de chorar por ver o amado naquele estado por sua culpa, mas não conseguia, o que o deixou a sua consciência mais pesada.  Abraçou-o com força.
_ Não fique assim, meu bem. Pra tudo na vida tem um jeito.
_ Não tem não,  amor. Ninguém pode mudar essa merda._ Victor dizia chorando no ombro do noivo.
_ Há sim algo que você possa fazer. Use o seu dinheiro e poder para descobrir quem foi o demônio que fez isso com o Vitinho e põe esse desgraçado ou desgraçada na cadeia.
Ivan temeu que Victor, por influência da amiga, o pedisse isso e fez uma proposta para tentar desviar o assunto.
_ Como vocês entraram em férias hoje, que tal se fizéssemos uma viagem? Podemos ir a um resort maravilhoso na Bahia . Não vamos demorar muitos dias, porque tenho muitos assuntos de negócios para resolver.
_ Olha aí, Vitinho, uma luz no fim do túnel.  Se eu fosse você ainda postava várias fotos só para aqueles professores merdas verem a sua volta por cima.
_ Você também vem conosco.
_ Eu?! Euzinha?! Você tá falando sério?_ Virgínia perguntava sorrindo.
_ Vai ser bom para o Victor te ter por perto. Como eu disse, eu nem poderia fazer essa pausa agora. Por isso, que haverá  horas que vou precisar ter algumas reuniões onlines e você faz companhia para o Victor.
_ Ah, que foda! Eu nem acredito que vou viajar! Nós vamos no seu avião?
_ Sim.
_ Que fodaaa!
_ Mas primeiro vou precisar da aprovação dos seus pais. Eu não quero ter problemas.
_ Relaxa, que a minha mãe é de boa. Ela não é  chata como a Andréia.
Por mais que a ideia animasse Virgínia, Ivan não se sentiu satisfeito por não vê a mesma empolgação em Victor.
Ivan acariciou o seu rosto e o beijou.
_ Eu odeio te vê triste.
Victor o abraçou e voltou a chorar.

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