Capítulo 42

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Capítulo 42

_ Meu amor, acorda! Amor!_ Ivan dizia dando leves tapinhas no rosto de Victor,  mas o menino permanecia desacordado.
Com rapidez, retirou os cintos de segurança e abriu a porta do carro. Jogou o corpo para fora do veículo e puxou a perna presa com dificuldades.
Mesmo sentindo  dor, se arrastou até o outro lado da porta,  puxando o marido para o lado de fora do carro. Pôs os braços por baixo das aquicilas de Victor e o arrastou para distante do carro, onde avistou o veículo arder em chamas. A respiração ofegante e o coração acelerado, perturbavam ainda o seu estado de espírito.
Vendo-se naquela terrível situação deu um grito ensurdecedor de ódio, que o devorava por  completo.
Preocupado com o amado, verificou se esse ainda tinha pulsação e para o seu alívio a resposta foi positiva.
Ivan começava a se desesperar vendo o sangue jorrar pela sua perna ferida. A dor aumentava ainda mais e temia ter uma hemorragia. O silêncio e  a escuridão da noite o deixavam ainda mais preocupado de não conseguir ajuda.
Mesmo com todas as dificuldades, escalou a ribanceira com a intenção de pedir ajuda a algum motorista que passasse pela estrada.
Para a sua sorte, um caminhoneiro dirigia e parou ao vê-lo ferido.
_ Precisa de ajuda, moço?
_ Eu sofri um acidente. O meu carro caiu lá embaixo. O meu companheiro está desacordado. Por favor, me ajude.
O bom homem desceu do caminhão e foi até onde estava Víctor. Com medo de causar algum dano por tocá-lo, o homem chamou uma ambulância de um hospital particular, pois Ivan garantiu que tinha dinheiro para arcar com os custos.

Víctor despertou no dia seguinte. Sentia o seu braço e perna doerem. Aos poucos,  foi recuperando a consciência e percebeu que estava em um quarto de hospital com o braço esquerdo engessado e tinha pontos pelo corpo.
O desespero foi inevitável quando se recordou de Felipe e Armando apontando armas para ele e Ivan. Preocupou-se com o marido. Temeu que esse tivesse morrido e gritou por seu nome desesperado.
Um enfermeiro entrou no quarto.
_ Cadê o Ivan? Cadê o meu marido? Por favor, me diz que ele está bem.
_ Ele está sim. Não sofreu lesões graves. Está no quarto ao lado.
_ Eu quero vê-lo. Você pode Chamá -lo, por favor?
_ Tudo bem._ disse o enfermeiro com um sorriso simpático.
Ao ver Ivan entrando pela porta, Victor chorou de emoção por ter certeza que ele estava vivo.
Ambos se abraçaram e se beijaram.
_ Meu amor, eu tive tanto medo de te perder._ disse Victor beijando o rosto de Ivan._ O que aconteceu?
_ Sofremos um atentado. Quando eu despertei, o carro caía na ribanceira e bateu numa árvore. Eu consegui sair do carro e te retirar de lá. Consegui a ajuda de um caminhoneiro que chamou a ambulância.
'Ainda bem que você está bem. Eu morri de medo de que...eu não gosto nem de pensar. Ah, meu amor, me desculpe por te por nesta situação. '_ Ivan disse acariciando o rosto de Victor.
_ Você não teve culpa de nada. Eu só não entendi o porquê do Felipe querer nos matar.
Ivan não conseguiu dormir naquela noite. Refletia e chegou a conclusão que ao saber de que Victor era o seu herdeiro, Sônia teria mandado o  amante os matarem para ficar com a sua fortuna. Sentiu raiva de si mesmo por ter sido irresponsável por pedir a Renato para contar isso a Sônia, para causar raiva nela, e assim pondo a vida do seu grande amor em risco pela segunda vez.
_ Você não me merece. Eu só te fiz mal. Eu deveria ter morrido e você se salvado.
Ao ver as lágrimas de Ivan, Victor o abraçou forte.
_ Não diga isso. Eu morreria se você morresse. Eu te amo muito. Você não tem culpa de nada, meu amor.
_ Eu tenho sim. Eu mandei Renato contar para a Sônia que te fiz meu único herdeiro. Eu fui um burro! Pus a sua vida em risco.
_ Como assim? O que a sua mãe tem a ver com isso?
_ O Felipe tem um caso com ela. Se nós dois morressemos, ela herdaria o meu dinheiro. Eles poderiam ter atirado em nós, mas isso resultaria numa investigação policial, mas ela quis que tudo parecesse um acidente.
_ Não é possível,  Ivan! Ela é a sua mãe!
_ Isso é o que mais me dói! Apesar de não haver amor entre nós,  eu não esperava que ela chegaria a esse ponto. Depois adulto,  eu deixei de me importar com a ausência de amor dela. Mas, quando era criança isso me machucava muito. Eu queria muito que ela me amasse como eu a amava, mas só recebia desprezo e, às vezes, palavras de ódio e agressões físicas e verbais.
Com o tempo, o amor que eu tinha por ela foi se dissipando. Mas, apesar de tudo isso, é assustador saber que a minha própria mãe tentou matar a mim e o homem que eu amo.
_ Oh, meu amor! Você não merece isso.
Ivan deitou a cabeça no colo de Victor e chorava descontrolado. Todas as mágoas que tinha de Sônia pesavam ainda mais no seu coração. Recordou do que fez a Victor e o seu sofrimento se multiplicou.
_ Eu sou um monstro do tipo que fere a pessoa que mais ama e não consegue ser amado por ninguém. Nem mesmo pela própria mãe.
_ Não! Você não é um monstro! Ela sim é. Se a Sônia não te ama não é culpa sua e sim porque é uma psicopata. E esse tipo de gente não tem a capacidade de amar. Só pensam neles.
'E você é muito amado por mim. O meu amor por você não nasceu no primeiro olhar. Ele foi conquistado. Você trouxe luz para a minha vida. Me ajudou no momento difícil. Me conquista a cada dia com esse seu jeito doce e carinhoso. Você me desperta admiração por cuidar de mim, pelo modo como trata a minha família e por ser esse ser humano incrível. Eu te amo tanto, Ivan. O que mais quero neste momento é tirar essa dor de ti e, se fosse possível, até pegá -la pra mim, só para não te ver sofrer.'
As palavras de Victor fizeram a sua consciência pesar ainda mais.  A bondade do menino o fazia bem. Sentiu-se o pior dos monstros por tê-lo ferido.
_Eu vou cuidar de você. Você pode contar comigo para suportar esse sofrimento pelo o que a sua mãe te fez. Estou do seu lado.
Ivan o beijou.
_ Você é a minha vida, Victor. Eu não quero te perder.
_ Não irá. Agora temos que ir à polícia. Esses bandidos não podem ficar soltos por aí. Eu sei que deve ser difícil pra você. Mas, terá que ser forte e denunciar a sua mãe.
_ Não se preocupe com isso. Eu vou cuidar deste assunto. Eu vou aumentar o número de seguranças da nossa casa e vou passar a andar escoltado também. Inclusive, alguns deles estão nas portas dos nossos quartos.
_ Tudo bem.
_ Eu liguei para o Renato e a Andréia está vindo aí com ele e o seu tio Adrian.
_ Coitada da minha mãe. Deve está desesperada.



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