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Eu vou chorar sobre isso depois

Ter Jennifer quietinha nos meus braços enquanto assiste algo na televisão é libertador

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Ter Jennifer quietinha nos meus braços enquanto assiste algo na televisão é libertador.

Saber e sentir que ela está segura e que eu não vou deixar mais nada se aproximar agora é acolhedor e calmo como uma brisa que sopra após a tempestade, porque puxar Jennifer quase afogada daquela água escura e fria foi assustador.

Muito mais assustador do que tudo que tenho feito desde que Nathan me resgatou, até mais assustador do que no dia que ela foi refém de um psicopata inútil.

— Você está quieto — ela sussurra, mas eu não consigo ver seu rosto ou ler seus olhos agora devido a forma como estamos abraçados.

— Estou quase dormindo — minto e ela começa a se mexer em minha frente. — Vá dormir, Jen. Hoje o dia foi cansativo para todos.

— Não consigo dormir — confessa e eu suspiro fundo. — Eu fecho os olhos e as imagens que eu vi em baixo de água veem a minha mente.

Eu respiro fundo agora. Lentamente fundo.

Eu sei como é essa sensação de estar à beira da morte e ficar pensando depois "e se?" o tempo inteiro, sei como é fechar os olhos e reviver a cena diversas e diversas vezes, em um looping incessante.

Só que, não somos como robôs, não existe um botão pra fazer desligar ou uma programação. Ou enfrentamos isso de frente ou perdemos o que resta de são em nós.

— Enfrente isso, Jen. Não deixe te possuir — murmuro de volta. — Lembre-se que eu estou aqui com você.

— É difícil.

— Quando fechar os olhos, foque na minha respiração, no meu coração, no meu corpo e no meu abraço. Não deixe a sua mente ditar as regras, é a sua mente.

— A dislexia não me ajuda — rebate.

— Não seja teimosa.

— Ben, eu não consigo ser como você.

— Não é ser como eu, é ser como você. Eu sei que você consegue isso, sempre conseguiu coisas impossíveis, não é agora que não conseguirá nada. Eu não tenho nem noção do que você sentiu, mas eu imagino pois já estive no seu lugar milhares de vezes. Eu queria muito, muito, J.J, que nada tivesse lhe acontecido. Queria ter pego quem tentou lhe fazer mal, queria ter podido ao menos impedir que você caísse na água, mas se aconteceu... É porque teve que acontecer. Por um motivo teve que acontecer.

— Essa é a sua forma de se conformar que eu quase morri? — questiona, mas eu ouço o som zombeteiro na sua voz.

— Sim — ouço a risadinha dela em minha frente. — Só não me mate de susto mais dessa forma, ok?

— Não sou eu quem mando no destino.

— Mas você podia, ao menos, andar de mãos dadas com ele e parar de se meter em confusão — o tom de voz sai mais em tom de repreensão do que eu esperava.

PINK (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora