Ilhada - A ilha que habita em mim (LIVRO COMPLETO)

Capítulo 28

   Já anoiteceu e eu estou à beira da piscina esperando Jorge aparecer. O dia foi bem longo e eu só quero relaxar e me distrair com ele. Corro para a porta de entrada quando ouço a campainha soar de dentro da casa.

- Oi!

   Abraço Jorge e nós entramos direto para os fundos. Chamo-o para se sentar comigo à beira da piscina, mas ele tem outra ideia.

- Passear no jardim de Estela? Que romântico!

   Implico, surpresa.

- Quero conhecer, lembro que me contou que ela tem várias espécies de flores e se não reparou, eu gosto de flores.

- Mesmo?

   Ironizo e nos divertimos com isso. Caminhamos um pouco mais, passando pela piscina iluminada a passos lentos.

- O que achou da faculdade? Primeiro dia divertido?

   Eu o encaro com a testa franzida e ele entende.

- Acho que não muito!

   Jorge ri, mas sei que se preocupa.

- Por onde eu começo?

   Ele põe os braços sobre mim e continuamos a caminhada até chegar ao jardim.

- Uau.

- É, foi um dia bem cheio...

- Não, o Jardim! É incrível!

   Nem percebi que chegamos. Jorge entra na minha frente, impressionado com tanta diversidade, quase corre em direção às margaridas que acabaram de nascer e tira a mais linda, me presenteando. Gesto muito fofo, pena que Estela pensará diferente quando notar a falta da flor.

- Obrigada!

- Uma flor para uma...

   Ele morde o lábio inferior e olha para o céu. Certeza que está longe até eu me distrair com seus olhos brilhantes mesmo sem tanta luz e ficar longe também. De repende Jorge me trás de volta a realidade.

- Não vou dizer que você é uma flor, porque as flores são lindas, mas são frágeis, não resistem ao temporal ou ao sol, suas pétalas murcham, secam e quando não é a natureza que a agride, algum idiota vai lá e a arranca de seu caule e pouco tempo depois, ela morre. Você não é assim, quando a tespestade ou o sol de rachar vem, você resiste, você luta com toda sua força e até quando o mesmo idiota te fere, você se restaura. É forte e admirável, então, não, você não é uma flor, mas tem a beleza dela.

Uau. Sem palavras.

   Minha reação é não reagir, quase sinto algo escorrendo da minha boca e então me recomponho.

- Isso foi lindo demais, Jorge. Obrigada.

   Eu não espero pelo abraço nem pelo beijo que dou em seguida. Depois de uns minutos, nos afastamos e seguimos em direção à saída do jardim. Sigo girando minha flor como polegar e o indicador.

- Agora me conta sobre a faculdade!

   Desfoco de seu rosto doce e gentil e concentro-me novamente em como foi meu dia.

- Ok. Eu conheci um babaca que derrubou os livros do irmão mais novo de Esteban e ele apareceu, pois é, ele está aqui e vamos até fazer umas aulas junt...

- O quê? Esteban está aqui? E vai estudar com você?

   Ele berra e dou um sobressalto e me apresso em mudar de assunto.

- Sim. E quando cheguei ao serviço, quem eu encontro?

   Seus olhos verdes mirados para o chão ficam perplexos novamente e ele me encara.