Capítulo 45

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   Acordo com o barulho insistente do meu celular. Uma mensagem de Gregório.

" Oi, confirmado hoje? "

   Suspiro e levanto da cama. Sei que marcamos de nos ver todo sábado, mas não acho que um parque seja apropriado para me esconder de uma assassina e aqui em casa é igualmente inapropriado, é claro. Antes de poder responder, Estela abre a porta com cautela e voz delicada.

- Querida? Ah, já está acordada, que bom. Tem dois ruivos na minha sala.

- Ah, não acredito que já são dez horas.

   Marcamos ontem que eles viriam passar o dia na piscina conosco, mas que o dia começaria às dez. Ela arregala os olhos.

- São dez e quinze.

   Salto da cama e caminho até meu guarda roupa.

- Pelo visto, nada de pesadelos esta noite, não é?

- Sorrio em concordância.

- Avise a ele que eu já desço, por favor.

   Ela acena e me deixa sozinha para uma decisão difícil: escolher o biquíni.
Não tinha que ter deixado ela ir.

***

   Desço com meu biquíni rosa e um short de malha.

- Bom dia, lindos.

   Dou um beijo na testa de Bruninho que está cheia de filtro solar e para implicar dou um celinho em Antônio para que prove do seu próprio veneno. Arregalo os olhos para ele entender que achei exagero.

- Ele é claro demais e tem sardas, está propenso a câncer de pele se se expor ao sol sem o filtro.

- Mas toda essa quantidade? Ele está mais branco que o normal.

   Ele rebate levantando o dedo.

- Isso se chama proteção.

   Olho para o menino de camiseta estampada com algum desenho que não conheço e testa úmida e penso em como estou amando vê-lo quase todos os dias. Antônio pega minha mão, sério.

- Lara, tem certeza de que não vai ver Gregório hoje?

   Lembro então da mensagem que tenho que responder.

- Eu só acho perigoso ir ao parque e não tem como ele vir aqui.

   Deixo minha mão livre cair sobre minha coxa.

- Se o problema é o lugar, pode marcar lá em casa.

   Sorrio em gratidão.

- Faria isso?

- Mas é claro! Você desmarcou semana passada porque ainda estava em choque, mas agora está melhor, não está?

   Concordo com a cabeça.

- A não ser que não queira vê-lo.

   Lembro de que quando jogamos xadrez fiquei feliz por encontrar algo em comum com ele e isso deu abertura para conversamos ainda mais.

- Eu quero.

   Mando uma resposta para meu pai biológico dizendo o horário e o endereço.

- Vamos para a piscina!

   Estela chega na sala com meu pai cheia de energia. Bruninho salta do sofá e corre para perto dela. Meu pai vem devagar atrás dela.

- Vamos! Não querem perder o sol.

Ilhada - A ilha que habita em mim (LIVRO COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora