Ilhada - A ilha que habita em mim (LIVRO COMPLETO)

Capítulo 21

Louca para ver o meu namorado!
   Um vaso dourado com jasmins frescas e uma toalha branca bordada esperam pela comida enquanto minha família e eu, esperamos por Jorge na sala de estar. Estela usa um vestido estampado de fundo branco.
Ela só usa vestidos. Será que tem assaduras?
   Meu pai veste uma camisa social lilás, na qual ficou um arraso.
Certeza que foi Estela! Ele sozinho nunca vestiria uma social.
   Viro os olhos ao pensar no que ele poderia estar usando.
   Já eu visto um jeans escuro e uma blusa de manga comprida rosé. Hoje é uma daquelas noites de chuva de verão.
   Aguardo anciosamente Jorge chegar e até começo a roer as unhas, mas paro quando recebo um olhar indiscreto da minha querida madrasta.
   A campainha toca. Corro para atender.
Já era hora!
   Numa camisa preta escondida pela jaqueta de couro marrom, Jorge me olha com a cabeça inclinada para baixo e com as mãos nos bolsos. Ele está bem mais lindo do que acha que está. Tenho vontade de beijá-lo, mas à medida que me aproximo, ele arregala os olhos verdes e me dá um beijo na testa. Assim me lembra que não estamos mais na ilha. Não estamos a sós.
   Meu pai e Estela se juntam a nós enquanto fecho a porta.

- É muito bom te ver de novo, Jorge!

   Meus rapazes se cumprimentam e eu me regozijo por dentro.

- Seja bem vindo, Jorge, sou Estela!

   Ela não para de sorrir e acho que eu também não.

- Vamos nos sentar!

   Claramente está anciosa para conhecê-lo.
   Chegamos à mesa e Ricardo, o chef gourmet e uma ajudante nos servem o jantar. Até então não a tinha visto. Meu pai nos apresenta.

- Filha, essa é a Sofia, a nova ajudante de cozinha do nosso chef!

- Olá, muito prazer, senhorita Lara!

- Só Lara, só Lara.

   Sinto-me obrigada a sorrir para a menina de cabelo cor de mel encaracolado que fica vermelha logo depois.
Será que eu a constrangi?
   Suponho que não goste de atenção. Ver seu cabelo curto me lembra que o meu está quase na cintura.
Talvez esteja na hora de cortar.
   Tenho quase certeza de que Estela conhece um salão.

- Tudo bem.

   Sua voz é nasal e baixa e seu olhar desvia de mim para Jorge mais vezes do que deveria.
Ela tem bom gosto, mas chegou atrasada. Anos atrasada.

   Ricardo se explica.

- Eu precisava de ajuda desde que Sávio se demitiu e seu Carlos foi bondoso em me conceder isso em menos de uma semana.

   Um sorriso fica ainda mais bonito no rosto de quem faz o que ama.

- Você trabalha demais, precisava de um ajudante, eu só fiz o que deveria.

   Ele nunca gostou de receber elogios. Sorrio ao lembrar disso.

- Mesmo assim, fico agradecido.

   O chef se vira para a novata.

- Vamos buscar a refeição. Com licença a todos.

   Assim que saem da sala de jantar, eu me viro para meu pai.

- Não conheci o Sávio.

- Ah, filha, ele se demitiu um pouco antes de você chegar. Conseguiu um emprego em tempo integral.

- Então fico feliz por ele!

   Todos sorriem. Mas um sorriso dentre os quatro é de nervoso. Jorge. Percebendo isso, a maravilhosa anfitriã resolve dissolver todo desconforto.