Ilhada - A ilha que habita em mim (LIVRO COMPLETO)

Capítulo 41

   Antônio pega na minha mão e assim atravessamos a rua. Estou fria, no sentido literal, o sangue não quer circular no meu corpo. Estou em choque e ele percebe.

- Lara, você está bem?

   Foco os olhos confusos de Antônio sem saber o que responder, só tenho duas opções, falar a verdade dar inicio a um clima chato no meu primeiro encontro com Antônio fazendo meu ex-namorado assistí-lo de camarote ou omitir e começar um relacionamento baseado na mentira. Seus olhos castanhos brilhando de preocupação me imploram pa verdade. Ele se aproxima, toca meu braço e insiste.

- O que houve?

   Resolvo abrir meu coração.

- Jorge.

   Antônio franze a testa, aturdido.

- O que tem ele?

   Já que comecei, agora tenho que terminar.

- Ele trabalha nesse restaurante, é dos pais dele.

   Espero por qualquer resposta e nada, mais alguns segundos e ele abre a boca, mas fecha e abre de novo.

- Então você não quer entrar porque não quer vê-lo ou não quer que ele nos veja juntos?

   Arregalo os olhos, tonta com sua sinceridade, pisco algumas vezes antes de desferir alguma resposta.

- Não, não é isso, Antônio.

   Ele não hesita desta vez.

- Então o que foi, Lara? Porque é nitido que você está desconfortável.

   Sou uma idiota por não conseguir me explicar, é claro que estou constrangida, não quero ver Jorge, o perdoei, ele me perdoou, mas isso não quer dizer que eu queira passar meu primeiro encontro com Antônio sendo observada pelo meu ex-namorado, isso é ridículo, eu definitivamente não preciso e não quero entrar lá.

- Vamos entrar!

   Foi a melhor decisão, mostrar que consigo ser cível nessa situação só exibirá minha maturidade e como meus sentimentos por Jorge não são mais românticos. Antônio passa a mão pela barba aparada.

- Olha, podemos ir para outro lugar, está bem?

   Eu o interrompo.

- Não, você adora a comida daqui, está tudo bem.

   Seguro em sua mão e seu rosto parece mais relaxado, assim seguimos para o restaurante há duas casas daqui. Assim que passamos pela porta fazendo o sininho soar, percorro o lugar procurando Jorge e fico satisfeita por não encontrá-lo. Escolhemos uma mesa perto da janela e nos acolhemos nela. Uma garçonete desconhecida vem nos atender.

- Antônio, que bom ver você, vai querer a massa de sempre?

Desconhecida por mim pelo visto.

   A garota veste o uniforme apertado e passa a mão discretamente pelos fios loiros, dá encima do meu namorado ou quase isso e ainda ignora minha presença.

- Oi, Clara!

   Ele olha para mim.

- Lara, o que acha de uma lasanha ao molho branco?

- Parece bom.

   Ele se vira para a exibida.

- Duas proções, obrigado.

   Boquiaberta que estou graças à audácia da tal Clara, agora também estou irritada por Antônio não ter me apresentado como devido. Mas... Esse é nosso primeiro encontro, não deveria já me sentir namorada dele ou deveria?

   A garota deixa nossa mesa depois de olhar para mim rapidamente. Solto o ar com força sem disfarçar minha irritação. Antônio olha para mim.