Capítulo 38

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   Depois da manhã longa, ganho uma tarde corrida. Hoje chegou mercadoria e já que o bonitão do Miguel não veio...

Graças a Deus!

   Vanessa e eu nos revezamos para ajudar Ezequiel que está sozinho na reposição dos produtos depois, é claro, de Ezequiel elogiar meu cabelo e Vanessa me xingar, o que para ela é um singelo elogio. Ramom atravessa a porta rapidamente com um, não tão comum, grande sorriso no rosto.

- Pessoal, vamos fechar a loja e a ONG um pouco mais cedo, hoje, ok?

   Ele olha para mim e se assusta.

- Nossa, Lara. Quase não te conheci, já ia falar que não preciso de mais funcionários.

   Dou risada e reclamo.

- Não mudei tanto assim!

- Ficou ótimo.

   Agradeço meu amigo, que começa a ajeitar sachês de ração para pássaros que já foram muito bem arrumados por mim então chego para perto dele para saber qual é o motivo de tamanha felicidade e antes que eu pergunte, Vanessa responde por ele.

- É a Rosita, a japonesa, não é?

   Ela dá risada que se mistura com a de Ezequiel e completa.

- Ela esteve aqui mais cedo perguntando por você e parecia nervosa.

   Ramom entra na conversa, olhando rapidamente para a funcionária atrás do balcão com feição de sabixona.

- O que ela disse?

   Ela responde.

- Que só estava de passagem e queria te ver.

   Vanessa levanta a sombracelha e eu fico ainda mais curiosa.

- Espera um pouco, o que eu perdi?

   Ezequiel me responde.

- Rosita é a moça da barraca das flores do evento.

   A imagem de eu pedindo para que uma moça com sorriso meigo e olhos puxados cuidasse das flores que Jorge me deu e depois jogou fora me veem a mente.

- Eu lembro dela!

   Viro para Ramom e o instigo a falar sobre ela, ele cede.

- Ok, ela é enfermeira e ajuda a mãe na floricultura, nos conhecemos no evento, pois só tinha conversado com sua mãe antes disso.

   Ele se vira para Vanessa e a corrige.

- E ela é coreana.

   Todos rimos. Momentos divertidos como esse são o que me faz amar esse emprego, fico feliz também por Vanessa, ela está tão aliviada por eu ter contado que minha conversa com seu irmão foi boa. Não tão boa para ele nem para mim, mas fiz o que a prometi, ela não precisa saber do resto. Sua vida já está bagunçada demais e a minha também, não preciso remoer a última longa discussão que tive com Miguel.

   Eu sigo em direção ao caixa para fechá-lo enquanto Ramom se aproxima de mim.

- Lara, minha vez de te fazer uma pergunta.

   Fico interessada e já que perdi a conta do dinheiro, o deixo de lado e dou atenção ao meu patrão. Ele está ficando sério e tenho medo do que está por vir.

- No evento, na hora do parabéns, você sumiu. Onde estava?

- Fazendo o que costumava fazer...

   Dou de ombros.

- Fugindo dos problemas.

   Ele se preocupa.

Ilhada - A ilha que habita em mim (LIVRO COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora