EPÍLOGO: ALÉM DAS AVELEIRAS.

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O sol ameaçava cair no horizonte, mas o dia ainda era claro, lilás. Uma garotinha muito pequena enfeitava um castelo de areia com conchinhas, alguns metros à frente de Hazel, na direção do mar.

Malibu costumava ser tranquila, mas não naquela tarde. A praia estava consideravelmente cheia e o burburinho na píer alto ao qual se apoiava, atrás de si, denunciava uma agitação, quase como se ela estivesse em outra das praias que andou visitando na Costa Oeste.

Mesmo assim, a vista continuava bela. O som das gaivotas e das ondas se sobressaíam de vez em quando, e a maresia acariciava a pele de seu rosto enquanto ela observava a linha onde o mar e o céu se tocavam.

E então surgiu no seu campo de visão a única coisa que, de fato, conseguia melhorar aquela paisagem: Greg em sua maravilhosa forma usual – a qual ela ainda não havia se acostumado completamente, mesmo depois de tanto tempo –, voltando de seu nado diário no mar, vindo em direção a ela pela areia macia.

Antes dessa viagem, Hazel achava que já tinha visto Greg em todas as situações que mais valorizavam a beleza dele, mas estava enganada: sua saída tranquila do mar fazia todo o elenco de Baywatch parecer desengonçado. Ele era simplesmente perfeito quando estava ali, em seu habitat.

E ainda era irritante ser flagrada cobiçando-o, o que obviamente divertia ele, pois ela podia ver seus dentes à mostra, sorrindo com sua tentativa idiota de desviar o olhar. Isso só o deixava mais bonito. E mais irritante...

– Você deveria ter vindo junto, teimosa – ele falou, quando chegou próximo o suficiente para pegar a toalha que ela segurava e começar a secar a cabeça. – A água está ótima hoje.

– Eu não gosto de atrapalhar os seus "nados esportivo-terapêuticos" – lembrou ela, dando de ombros.

– Você sabe que eu gosto de nadar sozinho só pelas manhãs – argumentou ele. – Enquanto você fica no meu quarto, dormindo mais que todo o resto dos hóspedes do Mitchell's juntos.

– Ei! Foram só algumas vezes! – defendeu-se ela, dando um tapinha no namorado ao vê-lo divertindo-se com a cara dela. – Você sabe muito bem que eu me ocupo quase todas as manhãs, principalmente treinando patins com a Lily e o Tio Fred antes do brunch.

– Ah, pois é. Eu convenientemente preferi esquecer a sua tentativa de fraturar o meu tio idoso... – ironizou ele.

– Você é muito chato! – disparou ela, pendurando-se nele para beijar sua bochecha.

– Você me conheceu assim – justificou ele, retribuindo o beijo na ponta de seu nariz.

– Ei... – uma voz feminina surgiu de repente, atrás da cabeça de Greg. – Eu conheço você...

Hazel reconheceu a moça que o abordava: era quem havia construído o castelo de areia com a garotinha, que agora segurava nos braços. Era possivelmente a mãe dela, apesar de parecer bem jovem, pois era tão ruiva quanto a menininha.

– Candy! – exclamou Greg, ao virar-se e reconhecê-la.

– Sr. Mitchell! Quanto tempo... – Ela sorriu enquanto o dava um meio abraço, ainda segurando a criança.

– Ei, é Greg, lembra? – corrigiu ele. – Para os velhos amigos.

A garotinha balbuciou, agitando-se nos braços da moça.

– Então é verdade que você já colocou outra "Candyzinha" no mundo? – brincou ele, abaixando um pouco para ver a menina.

– Essa é minha pequena Ada – apresentou ela. – É filha de meu marido, Dan, que eu conheci na faculdade.

Além das AveleirasOnde histórias criam vida. Descubra agora