16. ASTROS DE ROCK NÃO SÃO CARAS LEGAIS COMO VOCÊ.

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John perdeu uma nota importante de seu solo de guitarra, e já era a terceira tentativa.

– John, qual é o seu problema? Vamos ter que começar de novo! – bradou Finn, cansado.

John suspirou, largando a guitarra em um sofá próximo e sentando-se.

– Vamos dar uma pausa, pessoal – murmurou.

Gary atirou uma das baquetas em sua direção, mas ele a pegou quando estava a poucos centímetros de sua cabeça.

– Você deveria voltar a tocar tão bem quanto tem bom reflexo! – reclamou Gary.

Frank colocou um cigarro nos lábios e ergueu seu isqueiro para acendê-lo.

– Ele está pensando na garota – disse entre dentes.

John revirou os olhos.

– Não é nada disso, só estou um pouco enferrujado. Vocês andaram tocando eventualmente nesses últimos tempos, eu andei dedicando todo o meu tempo aos preparativos para começar a faculdade.

Finn sorriu presunçoso.

– Eu disse a você que faculdade não é lugar para uma estrela do rock em ascensão, você está vivendo uma vidinha medíocre aqui... – começou.

John o interrompeu.

– Eu não vou mais discutir sobre isso com você, Finn. Eu já expliquei os meus motivos. Eu sempre quis levar uma vida normal.

– O John que eu conheci sempre quis ser um músico!

– Eu quero viver da minha música, sim, mas não da minha fama. Isso cansa, Finn, você sabe muito bem.

– Eu ainda não cansei – replicou Finn.

Antes que John respondesse, Gary interferiu.

– Vocês não vão discutir isso de novo, vão? Ontem parecia que estava tudo bem, que vocês tinham deixado isso pra trás.

Finn fitou Gary.

– Ah, sim, ontem estava tudo ótimo. Muito, muito interessante ficar ouvindo John falar sobre o campus, os dormitórios e uma garota caipira que nunca tinha ouvido falar sobre nós – ironizou.

Frank suspirou.

– Finn, você tem suas ideias de diversão e empolgação, certo, nós sabemos. Mas John está apenas vivendo o que sente vontade de viver agora. Você não adora falar em liberdade? Essa é a ideia de liberdade de John, você terá que aceitar e parar de colocar essa pedra no caminho do nosso trabalho cooperativo. – falou Frank, sério.

Finn bufou.

– Lá vem Frank e seus discursos! – exclamou – Quem está colocando uma pedra no nosso caminho é John, errando notas por estar nervoso com questões de faculdade, vida social ou por causa de uma garota. John pode ter mil garotas num estalar de dedos!

– Mas ele quer a garota que não está nem aí pra ele, psicologia reversa – respondeu Frank, calmamente. – você quer contrariar a psicologia, Finn?

Finn fez uma careta.

– Frank, você pode pegar a sua psicologia e enfiar ela bem no meio do seu... – começou.

John levantou-se, taciturno, pegou sua mochila perto da porta de saída dos fundos do auditório e rumou para fora.

– Tenho aula daqui a uma hora e estou com fome, vou almoçar, e acho que prefiro comer sozinho hoje – murmurou, interrompendo Finn.

– Vá! Pode ir! Divirta-se brincando de universitário... – respondeu Finn de volta, mas John não o ouviu até o fim, calando-o com o bater da porta atrás de si.

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