25. VALENTES E COVARDES.

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Matt era aquele tipo de irmão parceiro, mas não deixava de ser um irmão mais velho. Portanto, Hazel contava sobre suas aventuras de uma forma que não o preocupasse ou lhe rendesse alguma repreensão.

Ele já cozinhava algumas almôndegas da macarronada que os dois jantariam naquele sábado, na cozinha dela, enquanto Hazel cortava tomates em uma tábua de madeira.

Seu novo gatinho, Edgar, se enroscava nas pernas dela pedindo um tira-gosto, que Matt prontamente lhe deu, tirado da carne moída ainda crua.

Hazel havia contado algumas das loucuras que aconteceram na sua primeira semana, incluindo entrar de penetra em uma festa e ir ao show da Garlical 4. Mas deixou alguns detalhes de fora, como a chuva que pegou no dia da festa, a briga com o ex abusivo de Lily ou detalhes constrangedores de falar com o irmão mais velho, como John ter lhe dedicado uma música e estar investindo nela tão descaradamente.

– Você parece estar se adaptando muito bem em Bewitt então, irmãzinha – comentou, entre risos.

– Mais do que eu esperava, com toda certeza – concordou, comendo um pedacinho de tomate que cortava.

Matt ficou sério por uns instantes, como se estivesse ponderando o que falar, e Hazel já imaginou onde isso daria.

– Eu... Vi papai semana passada – comentou ele.

Hazel respirou fundo, mas manteve a compostura.

– É mesmo? – murmurou, como se não ligasse.

– Ele perguntou por você... Na verdade, eu comentei que você havia se mudado para cá porque foi aprovada em Vallert.

Hazel começou a cortar os tomates com mais força.

– Cuidado, Hazel – alertou o irmão, usando uma das mãos para pará-la.

Ela largou a faca na tábua com força.

– Que droga, Matt! Ele não perguntou por mim, foi você que falou de mim! Poupe seu fôlego para tentar fazê-lo lembrar que eu existo, até porque eu não faço questão – bradou, irritada.

Matt suspirou.

– Hazel... Eu não estou tentando fazê-la aceitar ele de volta.

– E nem sequer ele está tentando, não é? – ela o interrompeu, sarcástica.

– Eu só quero que você esteja preparada para o fato de que pode vir a encontrá-lo agora que moram na mesma cidade – tentou, afagando o ombro da irmã.

Ela respirou fundo. Pobre Matt, ele não tinha culpa por suas frustrações com o pai.

– Eu não tenho problemas com você tê-lo perdoado, Matt. Mas aceite minha decisão também: eu estou muito melhor sem ele. Ele... Ele nos abandonou, Matt – murmurou ela, lutando contra um nó que se formava em sua garganta. – Você já era mais velho, já tinha vivido com ele por mais tempo. Talvez por isso você receba as coisas de forma diferente...

Matt percebeu a angústia da irmã e simplesmente a abraçou.

Era bom ter alguém como ele por perto, confortante. Hazel sentia falta de Matt e seu abraço era quase como uma cura temporária para as suas angústias. Mas foi interrompido por uma forte batida em sua porta.

Os dois se sobressaltaram. Alguém estava espancando a porta por fora, com urgência.

– Hazel! Por favor! Abra! – era a voz de Lily, e estava quase aos berros.

Hazel correu até a porta e abriu para a amiga, que estava ensopada da chuva.

– Lily! O que houve? Meu Deus, entre! – disse, trazendo a amiga pelo braço e sentando-a no sofá.

Além das AveleirasOnde histórias criam vida. Descubra agora