46. "ELFOS E NINFAS DA FLORESTA AO LUAR"

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Milo era uma boa companhia para quem se constrangia com silêncios prolongados mas também tinha preguiça de preenchê-los. Greg estava aprendendo a apreciar isso depois de uma hora que já havia passado próximo ao garoto.

Aos poucos todos puderam tomar banho e se aprontar para a festa, ao cair da noite. Greg foi um dos primeiros e mais práticos, então o gêmeo de Gibs o abordou sem muitas cerimônias, pedindo ajuda com os preparativos. Milo já estava pronto, aparentemente, vestindo uma túnica branca bordada e calças combinando, além de um adorno de cabeça prateado e uma pintura brilhante muito minuciosa em volta dos olhos.

Ao receber todos dos afazeres e passeios vespertinos, Milo anunciou o tema da festa, já caracterizado: "Elfos e Ninfas da Floresta ao Luar". Provavelmente vestiu-se primeiro para guiar as escolhas de figurinos dos outros, pois deixou vários acessórios, muitos confeccionados por ele mesmo, à disposição dos convidados em uma caixa no meio do corredor.

Hazel ficou tão empolgada que já foi correndo conferir os adornos e ajudar a todos na escolha dos figurinos. Milo era uma figura excêntrica, mas a irmã parecia quem mais se identificava com os conceitos criativos dele. Greg foi pego de surpresa com o fator "temático" e "a caráter" da tal festa, mas todos da família pareciam estar acostumados.

– Você vai assim? – reclamou Hazel, quando o viu já vestido após o banho, com uma básica camiseta branca e calças jeans.

Greg fez uma careta.

– Eu não sou muito criativo, sabe... – tentou.

– Pois eu sou! – insistiu ela, rindo de sua resistência e revirando a caixa de figurinos do irmão.

– Hazel... – reclamou ele, suplicante.

– Aqui! – disse ela ao pegar uma bata de linho cor de creme e ajustar contra o seu peito – Aposto que serve.

Ele avaliou a peça por um momento. Parecia um vestuário meio hippie... Ou com ares medievais, com um cava na região do peito com amarras.

– É bem... cavado – reclamou.

– Uhum, vai cair bem em você – comentou ela, parecendo não pensar muito no que dizia, percorrendo os olhos brevemente pelo corpo dele.

"Tarde demais para se arrepender, Hazel.", pensou ele, ao vê-la desviar o olhar com pressa e gaguejar que precisava ajudar aos outros também.

Depois disso Greg raramente viu o que se passava naquele burburinho do interior da casa, pois ficou ajudando Milo com a decoração no exterior, onde seria a festa. Mas antes vestiu a bata que Hazel sugeriu.

Milo tagarelava sobre as mais diversas coisas enquanto pedia para Greg carregar caixas, cadeiras e pendurar adornos pelos cantos. Alguns convidados de fora iam chegando, incluindo Enrico e Juan, que ele havia conhecido pelo manhã, e que logo foram encaminhados para a caixa de acessórios temáticos da festa.

– Não acredito que Juan vai embora... – lamentou Milo. – Ele foi meu primeiro amor platônico.

Bem, ele não poderia ser o amor platônico de dois irmãos ao mesmo tempo, certo? Na verdade... nada impedia isso.

– Esse Juan era... popular por aqui? – sondou Greg.

Milo o observou com uma sobrancelha levantada, suspeitando das intenções de Greg com a pergunta, ainda mais quando essas foram suas primeiras palavras em vários minutos.

– Não tenho certeza, mas acho que não – respondeu ele. – Mas eu não diria o mesmo de Tyson, aquele que está chegando ali da porteira – continuou, abrindo um sorriso malicioso.

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