29. DOIS SENTIMENTOS APAIXONADOS.

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Max já havia acabado seu horário de serviço da tarde naquela segunda-feira e se dirigia até seu dormitório no campus, mas então lembrou que esqueceu seu notebook no depósito. Quando voltou, encontrou o amigo já fechando o estabelecimento.

– Ei, Greg, espere! Eu preciso pegar uma coisa aí dentro! – gritou ao longe.

Greg virou-se e o viu, então puxou a mochila que já estava nas suas costas e tirou o notebook que ele procurava.

– Seria isso? – indagou, com um sorriso debochado.

Max assentiu, rindo.

– O que seria de mim sem você, não é? E olha que eu estou precisando terminar um trabalho para amanhã! – contou, ofegante pela corrida.

Greg terminava de fechar o portão do depósito e guardava a chave em sua mochila.

– Pode passar a noite lá em casa, se quiser. Você praticamente mora comigo metade da semana, mesmo. E o Fitz ronca muito alto para você se concentrar – considerou.

Ele estava certo, afinal. Max costumava dormir no apartamento de Greg com muita frequência, seu sofá era até mais confortável que a cama do dormitório. Além disso, Fitz, seu colega de quarto no dormitório, realmente roncava demais. Entre outras coisas... Err...

– Eu vou ter que começar a ajudar você no aluguel ou na conta de luz – respondeu ao amigo.

Greg deu de ombros.

– Você já ajuda enchendo minha geladeira de comida caseira que eu nunca conseguiria cozinhar por mim mesmo. Eu falo sério quando digo que vou acabar casando com você – brincou, dirigindo-se com o amigo até o carro.

Max riu.

– Falando sério, espero que quando você se casar, a sua esposinha concorde em dividir a cozinha comigo ou a ceder um quarto de hóspedes – disse, sentando no banco do passageiro.

O amigo deu a partida e saiu do estacionamento, dirigindo em direção à zona Sul.

– Eu não me preocuparia com isso – disse Greg, dando de ombros enquanto segurava o volante –, não acho que vou me casar. Não me imagino nem tendo uma namorada – concluiu, desdenhoso.

Max realmente nunca viu o amigo se acertar com ninguém por muito tempo. Na adolescência, Greg namorou algumas garotas por alguns meses, no máximo, mas suas relações eram bastante rasas e casuais. Desde que se mudaram para Bewitt e Greg adotou seu comportamento sóbrio e comportado, o máximo que soube foi de casos de uma noite nas raras vezes em que ele exagerava na bebida.

Mas então lembrou-se de algo, uma suspeita sobre o amigo que estava começando a tomar seu imaginário.

– Você fala isso porque nunca esteve apaixonado de verdade pelas garotas com quem esteve – considerou, cauteloso.

Greg fungou.

– Eu as quis. Se não quisesse, não teria ficado com elas – respondeu, preguiçoso.

– Querer e desejar pessoas atraentes é uma coisa, se apaixonar é outra – ponderou. –  Você já teve uma garota na cabeça o dia inteiro? E mesmo que você não queira pensar nela, tudo parecia lembrá-la? A mera menção do nome dela, de coisas relacionadas a ela, a mera presença dela... Embrulhou seu estômago? – tentou, olhando o amigo de canto de olho.

Ele pareceu incomodado, como se respirasse pesado.

Uma buzina os sobressaltou, então repararam que Greg não viu que o sinal abriu para ele passar.

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