7. JOHN TEM UMA BANDA.

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Ele parecia diferente hoje. Estava calmo e confiante, mas ainda a encarava curioso. Deveria ter reconhecido ela.

– Ah, claro! Está aqui – respondeu, alcançando-lhe uma caneta esferográfica. – Você é o garoto do bar, certo? Então nos encontramos de novo... Se você lembra de mim. Eu sou a garota que... Por alguns centímetros não quebrou seu nariz ontem – brincou, tentando descontrair.

Ele riu, um pouco constrangido, e esfregou a nuca.

– Tudo bem, não foi nada, mesmo – respondeu, aparentando muito mais tranquilidade do que no evento de ontem.

Ela sorriu cordialmente em resposta e então voltou-se para sua leitura.

– Você... Está gostando da universidade? Ah... Perdão. Não queria interromper sua leitura – murmurou o rapaz, parecendo um pouco confuso e desnorteado.

Hazel fechou o livro e se voltou para o rapaz, tentando ser acolhedora.

– Ah, não, não se preocupe! Eu... Já li esse livro dezenas de vezes.

– Leu? – Ele parecia um pouco impressionado.

– Ah, sim, é apenas uma bobagem. Um livro de fábulas – disse, modesta. – Mas eu, hã... Eu estou achando o campus bem interessante, mas ainda não explorei o suficiente para dizer algo substancial, entende?

– Claro, eu entendo sim. Que pergunta boba de se fazer antes da primeira aula do dia – culpou-se ele.

– Não, de maneira alguma! Afinal, algumas pessoas estão aqui há dias, não é mesmo? Vieram nas primeiras reuniões de boas vindas e essas coisas.

– Você está aqui desde quando? – questionou, curioso.

– Cheguei na cidade ontem à tarde.

– Ah, sim. A propósito, você se chama...?

– Hazel. Hazel White. E você? – apresentou-se, estendendo a mão para cumprimentá-lo. Mas ele demorou-se um pouco, encarando-a atônito.

Quando ela estava prestes a desistir e recolher a mão, ele a apertou, pigarreando.

– Eu sou John Slight. Prazer em conhecê-la.

Ele era muito estranho, afinal. A encarava com certo interesse curioso. Foi mais ou menos o mesmo semblante esquisito como a encarou no outro dia, um pouco antes dela fugir para o fundo do bar.

– Você é daqui? – perguntou ele, parecendo um pouco mais descontraído.

– Ah, sim, quase. Quero dizer, eu sou de Southshire, uma cidadezinha não muito longe daqui. A maioria das pessoas vem de mais longe – respondeu ela.

– Mas você mora há muito tempo no país? Quero dizer, nunca esteve fora? – indagou ele.

Aquilo parecia muito confuso.

– Não, eu vivo aqui desde sempre, nunca saí da América – murmurou.

– Ah, me desculpe! – ele disse, constrangido. – Eu às vezes viajo na maionese e faço perguntas meio sem sentido. A propósito, eu sou de Nova York.

– Ah, que maravilha! Eu gostaria tanto de conhecer Nova York! Mas viver lá... Viver lá deve ser muito empolgante. Você não vai estranhar essa cidadezinha? – questionou, simpática.

– Bem, na verdade eu estava em busca de uma fase mais tranquila na minha vida... Tudo tem sido bastante agitado, sabe?

– Eu imagino, claro. Nova York nunca para, não é mesmo?

– S...Sim – ele voltou ao seu tom estranho.

O professor entrou na sala de aula neste instante e o silêncio se alastrou pela turma. Logo ele começou a falar sobre a disciplina que ensinaria e a divagar sobre a importância de escolher com sabedoria a área que se pretende seguir. Em alguma parte de seu discurso havia uma discreta propaganda para as áreas econômicas, o que não deixou de divertir Hazel.

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