32. BUCÓLICOS DE CORAÇÃO.

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– E o fim de semana começa oficialmente agora! – exclamou Max, triunfante, ainda que ofegante e esfregando suas costas depois de terminar o último carregamento de sexta-feira e entrar na sala de Greg, onde ele terminava de organizar alguns papéis em pastas.

– Acho impressionante como você consegue se sentir animado mesmo com tanto cansaço – observou Greg, monótono.

Max deu uma risadinha enquanto alongava as costas.

– É porque eu descolei uma festa boa para ir no sábado. Você não quer vir comigo? – convidou.

Greg deu de ombros.

– Não, obrigado. Eu tenho prova na segunda, de qualquer forma. Mas divirta-se – recusou, como era de praxe.

Os garotos vestiram suas mochilas e saíram da sala, Greg preparando-se para fechar o depósito com a chave em mãos. Então, Max lembrou-se de algo:

– Ei, Greg! Não feche a loja, o Tio Fred está na sala dele.

Aquilo era estranho. Tio Fred no serviço até mais tarde? Greg jurou que o havia visto saindo no horário do almoço para não voltar mais. Max explicou que o viu na copa, empoleirando o kit de café e algumas xícaras em uma bandeja e depois subindo para sua sala.

Ele deveria estar recebendo alguém, então? Max seguiu seu caminho, mas Greg subiu até a sala do tio para avisá-lo que já estava indo para casa e que este fechasse a loja por si. 

Das escadas, podia ouvir as risadas do tio e de mais alguém. Parecia até... Hazel?

Ao abrir a porta, constatou que era mesmo dela que se tratava, mas não apenas: seu insuportável namorado também estava por lá.

Era extremamente desconfortável para Greg vê-los juntos, e ele se odiava por sentir isso, tentando ignorar ao máximo suas motivações.

Os dois estavam juntos há pouco menos de dois meses, talvez? Já eram meados de outubro e as primeiras fotos vazadas dos dois juntos em um encontro saíram no início de setembro. Desde então, John fazia-se asquerosamente presente em vários momentos, buscando-a no serviço para almoçar, jantar ou para saírem aos finais de semana.

Hazel parecia estar lidando bem com aquele namoro cheio de sigilos e ameaças à sua privacidade. Ela não falava muito de John, apenas quando questionada por Lily. Os dois não eram muito físicos ou melosos na frente de todos, o que fazia as coisas minimamente suportáveis para Greg, apesar de uma ocasião em que ele os viu trocando um selinho quando John a deixou de carro no campus.

Ele se apegava à ideia de que aquela visão o incomodou pelo simples fato de que John era realmente um garoto muito insuportável, que cortejou sua colega da forma mais idiota e infantil possível, e mesmo assim ela cedeu aos seus encantos.

Existia uma voz dentro de si que ria de todas essas explicações simplistas e fajutas que ele fazia para qualquer sentimento que Hazel lhe causasse. Sua solução era sempre tentar não pensar, engolir tudo aquilo e esperar que o tempo se encarregasse de arruinar aquele relacionamento fadado ao fracasso.

Mas lá estavam os dois, sentados com Tio Fred à mesa dele, sob a luz fraca do pôr-do-sol que entrava pela janela da sala. Estavam lado a lado, de frente para o Tio Fred, bebericando seus cafés enquanto o velho se empanturrava de biscoitos amanteigados.

Hazel havia trabalhado pela manhã naquela sexta, deixando o depósito no horário do almoço porque teria aula à tarde. Ela tinha uma prova, se Greg bem lembrava, havia ajudado ela com algumas dúvidas de matemática.

– Greg! Até que enfim terminou suas ocupações. Venha, junte-se a nós para um café. – convidou Tio Fred, alegre ao vê-lo abrir a porta e colocar sua cabeça para dentro da sala.

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