Capítulo 22 - invisible string

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"Um único fio de ouro me ligava a você."
Taylor Swift - invisible string

...

Alguns segundos se passaram e Thomas continuava a pressionar meu corpo contra a parede, enquanto seus olhos caminhavam pelo meu rosto como se estivesse em busca de algo perdido. Sinto seu coração batendo ainda mais acelerado.

Seu cheiro entrava nas minhas narinas como se fosse um perfume importado, mas não era perfume, era seu cheiro. O calor do seu corpo se juntava ao calor do meu corpo, e nesse momento eu percebi que eu sentia falta dele, sentia falta do seu abraço e de todos os momentos que passamos juntos.

- Eu não fugi, Adam. - Ele é o primeiro a quebrar o silêncio. Seu hálito com cheiro de menta vinha de encontro a meu rosto. - Eu entendia sua dor, eu entendi o seu momento... - ele fez uma pausa antes de continuar a falar, como se estivesse procurando as palavras certas. - Mas você não é o único com problemas. Então sim, eu entendi a sua dor, mas não concordei com o que veio depois dela. Você tem direito de estar magoado, mas isso não te dá o direito de ser cruel.

- William Shakespeare. - Penso em voz alta, ele levanta apenas uma sobrancelha e me observa parecendo levemente incomodado. Era uma frase de William Shakespeare, mas não falei em tom de deboche, se foi o que pareceu. - Sei que ele disse isso. - Explico.

- Como que eu vou conseguir conversar contigo se você recua dessa maneira? - pergunta ele fitando meus olhos.

- Como vou recuar se você está me prendendo contra a parede? - questiono o provocando.

Ele para de me olhar por alguns segundos e observa a posição em que estamos, como se esse momento fosse a primeira vez que ele percebia como estávamos. Quando acho que finalmente ele vai se afastar, ele pressiona ainda mais seu corpo contra o meu, não a ponto de me machucar, mas o suficiente para me fazer soltar involuntariamente um pequeno suspiro, soando quase como fosse um gemido.

Não foi nada alto ou exagerado, mas sei que foi o suficiente para arrancar um sorriso malicioso de seu rosto.

- Gostou, Dam? - diz mordendo os lábios.

Eu fiquei um pouco irritado com a provocação, não irritado a ponto de gritar, talvez seja pelo fato de ter me deixado um pouco constrangido. Mas eu não podia negar que o Thomas era lindo, e esse seu lado irônico e malicioso eu não conhecia bem, e com certeza ele ficava muito mais lindo, e sexy.

- No que está pensando, Dam? - pergunta ele dando um pouco mais de espaço entre a gente.

- Nã... não sei. - Gaguejo ao tentar falar algo. Eu realmente não conseguia focar em um pensamento só, não conseguia entender exatamente que sentimento eu estava sentindo.

Thomas encosta sua testa na minha e fecha seus olhos, consigo ver seu rosto tão perto como nunca havia visto antes. Sua respiração está tão ofegante que chega a sair forte por sua boca, o vapor quando ele expirava o ar tocava meu rosto me deixando arrepiado.

Suas mãos se deslocam pelo meu corpo como se fosse um guitarrista tocando sua música favorita. Uma de suas mãos chega até minha nuca enquanto a outra repousa na minha cintura. Não consigo entender o que estamos fazendo, porque claramente já não é mais provocação, pelo menos eu acredito que não seja.

Rapidamente tento afastar o Thomas para sair daquela situação quando noto um formigamento involuntário aumentando nas partes íntimas, e minhas pernas começando a enfraquecer. No que eu estou pensando?

Finalmente consigo afastar o Thomas o suficiente para sair de seus braços. Tento não olhar para seu rosto, mas é em vão. Vejo que sua expressão parece tão confusa quanto a minha, mas ao mesmo tempo ele parece tentar me analisar, como se quisesse saber o que eu estava pensando. Queria poder garantir que estou tão confuso quanto ele.

- Preciso ir ao banheiro. - Saio antes que ele pudesse falar alguma coisa.

Entro no banheiro rapidamente e me sento no vazo, tentando ordenar meus pensamentos. Minha perna esquerda está balançando impaciente, e minhas mãos estão suando. Por que eu estava tão nervoso?

A imagem do rosto de Thomas próximo ao meu vinha a minha cabeça e sentia meus pelos se levantarem instantaneamente.

Havia algo dentro de mim que eu havia engavetado a muito tempo, e ele em poucos minutos desengavetou da mesma forma que Pandora quando abriu a caixa concluindo o plano de Zeus contra Prometeu.

Apenas eu sabia que esses sentimentos já existiram, e apenas eu sabia o quão intensos eles eram. Por isso fiz questão de guardá-los a muito tempo atrás. E agora tudo estava retornando, aquela sementinha estava sendo regada novamente com muita intensidade.

Thomas, assim como eu, não era a mesma pessoa de alguns anos atrás. Tínhamos mudado nossos pensamentos e nossa forma de agir. Depois de muito lutar contra meus sentimentos, eu finalmente pude enxergar ele genuinamente como um grande amigo, e me sentia feliz por isso.

Até que nos afastamos e nos reencontramos na universidade. No dia que eu o vi debaixo daquela árvore falando com a Amy. Foi naquele momento que eu soube que algumas coisas haviam mudado, a visão de amizade que eu tinha dele estava se desfazendo e um novo sentimento vinha à tona. Ou melhor, um velho sentimento renascia.

Eu não entendia o que esse sentimento significava, mas tentava pensar que era apenas saudades do nosso tempo de amizade, de quando éramos o trio perfeito. E realmente era isso, mas não só isso. Agora eu sei.

Acredito que já haviam se passado uns trinta minutos desde que tinha me trancado no banheiro, porque algumas músicas já haviam tocado na playlist que deixei passando no spotify antes de conversar com o Thomas.

Sentia meu corpo mais relaxado e minha respiração voltando ao normal. Lavei meu rosto algumas vezes antes de finalmente tentar sair. Minha mão encostava na maçaneta da porta e recuava. Tentava procurar na cabeça algumas palavras que poderia falar para o Thomas, mas todas elas pareciam não ser boas o suficiente para aquele momento.

Fito meu reflexo no espelho por alguns segundo e respiro fundo. Hora ou outra eu teria de sair daquele lugar, e quanto antes eu sair mais rápido tudo aquilo iria passar.

Finalmente saio do banheiro e me assusto ao ver o Thomas escorado na parede bem em frente a porta. Seus olhos procuram os meus que tentam fugir. Dou o primeiro passo para fora e apenas seus olhos me acompanham, o segundo passo então é dado sendo o suficiente para ultrapassar ele. Antes de dar o próximo passo sinto sua mão pegando de leve em meu braço me fazendo parar.

- Me desculpe pelo que vou fazer agora. - Ele fala me puxando, fazendo com que finalmente eu o olhasse.

Antes que eu pudesse pronunciar qualquer palavra, seus lábios se encontram com os meus. A princípio me assusto, deixando meu corpo rígido. Mas segundos depois meu corpo responde ao seu beijo. Seus lábios macios pediam espaço e os meus apenas obedeciam, abrindo caminho para que sua língua explorasse cada lugarzinho de minha boca.

A música que tocava no momento deixava tudo ainda mais intenso. Eu conseguia ouvir cada frase que saia do alto-falante. "Tempo, tempo místico. Me ferindo, e depois me curando completamente.

Suas mãos seguravam minha cintura me puxando cada vez para mais perto de seu corpo. Havia pistas que eu não vi?"¹

Sem ao menos perceber minhas mãos já enroscavam seu pescoço, como se eu pudesse o amarrar em mim. "E não é tão bonito pensar que todo esse tempo existia alguma corda invisível amarrando você em mim?" ¹

E a música diminuía anunciando que estava acabando, enquanto eu sentia que a minha história com o Thomas estava apenas começando.

"Ooh-ooh-ooh-ooh"

¹ invisible string - taylor swift

~Nota~

Bem, acho que parei bem aqui. A partir de agora vamos ter o desfecho da história com capítulos inéditos. Espero que ainda estejam acompanhando.

Com carinho, Rô!

enquanto houver razões (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora