Capítulo 9 - i have questions

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"Número um, me diga quem você pensa que é? Você teve coragem tentando destruir minha fé."
Camila Cabello - I have questions

...

Estava começando a me arrepender de ter decidido fazer essa festa. Meu nervosismo só aumenta com o passar das horas. Só de imaginar todos me olhando e vindo me cumprimentar desejando felicidades me dá um embrulho na barriga. Embora tudo estivesse nos eixos. Recebi uma mensagem mais cedo do Lucas falando que tinha uma surpresa. Nesses últimos dias ele sempre falou que essa noite seria inesquecível. Amy acha que ele vai me pedir em namoro, e eu também acredito que seja isso. Ele sempre está atento a mim. Essa atenção tem me feito muito bem.

Estava no quarto com o Thomas, ainda era tarde, mas eu tinha que provar minha roupa. Estava terminando de me vestir em frente ao espelho e o Thomas sentado na cama mexendo no celular.

– Você vai ficar lindo, Dam. – disse Thomas.

– Quer dizer que eu não sou sempre? – retruco e sorrio.

– Corrigindo, mais que o normal. – Ele se levanta e começa a abotoar minha camisa. – Espero que possamos estar sempre juntos comemorando essas datas especiais.

– Claro que estaremos. – Falo sincero dando um sorriso.

– Tenho algo para você. – Ele tira uma caixinha de dentro do bolso da calça e abre. Dentro havia um cordão, lindo. Ele puxa um com a letra "T" em um pingente, abre e coloca no meu pescoço me olhando sorrindo. – Assim você vai poder ter sempre uma parte de mim lhe protegendo.

Caramba. Ele sabia como me fazer chorar fácil, mesmo com poucas palavras. Dei um abraço nele e ele me apertou forte. Eu não vou cansar de dizer o quanto ele me faz bem e o quanto sua amizade é importante para mim. Não consigo nem pensar em como seria se um dia me afastasse dele. Assim como da Amélia.

– Obrigado, de verdade. – Digo limpando os olhos e dando novamente um abraço nele. Amélia entra e começa suas piadinhas.

– Estou atrapalhando as moças? – fala piscando os cílios.

– Idiota. – Digo.

Como uma águia ela enxerga de longe o cordão que estava no meu pescoço e já chega perto para olhar.

– Que lindo. Ai, amei! – disse enquanto segurava o pingente. – Espera... Como assim você vai andar com um T aí e não tem um A de Amélia? Isso não pode. – falou rindo.

– Desculpa Amy, mas só tem espaço para um aí. – disse Thomas.

– Que afrontoso ele. Isso é inadmissível. – Reclamava. Mas sabíamos que estava só brincando. – Vou me demitir do cargo de sua amiga agora... Ou melhor, amanhã. Porque hoje, meu amor, vou rebolar e quicar até ficar sem calcanhar.

Amy definitivamente é a maior figura que alguém poderia conhecer. E eu a amava por isso.

A noite estava chegando e tudo havia ficado pronto. A ornamentação já estava toda pronta. As mesas tinham formato de disco de vinil. As paredes tinham quadros coloridos. Uma parte do chão, onde tinha o jogo de luz para a balada, era como se fosse um tabuleiro de xadrez com quadros no piso preto e branco. Havia discos por todo o teto e demais lugares da sala. Estava tudo perfeito.

Desci por volta das 20:00 horas para começar a receber os convidados. Estava com um macacão jeans claro rasgado em alguns lugares, uma camisa listrada em preto e branco de manga longa, com uma bandana vermelha na cabeça. Nada muito exagerado, mas amava esse estilo.

Não demorou muito e os convidados começaram a chegar. Com presentes e felicitações, como eu já esperava. Recebia todos com muita atenção e sempre com o sorriso no rosto. Não esperava que viesse tanta gente. Na verdade, achei que muitos não iriam aparecer por se tratar do Adam.

Viro de relance e vejo Amy conversando com o Thomas próximo a mesa de som, ambos estavam lindos, como sempre. Eles me olham de longe e acenam. E eu aceno de volta. Estava gostando de verdade de receber todos e ter um pouco de atenção. Não é como imaginaria que fosse.

– Pelo que vejo está se saindo muito bem. – disse Thomas se aproximando. – Parece que a Amy tinha razão quando falou que você ia gostar.

– Verdade. Mas você me conhece. Não seria eu se não botasse um pouco de obstáculos no meio. – falei rindo. O que era muita verdade.

– Isso é... – Ele para e fica um pouco sério antes de continuar a falar. – Parece que o seu James Dean chegou. – disse olhando para a porta, me fazendo olhar também.

– Mas o que você... – ele me interrompe antes de continuar falando.

– Fica tranquilo, pode ir até lá. Vou ver se sua irmã precisa de ajuda. – disse e saiu antes que eu pudesse perguntar algo.

– Está maravilhoso. – disse Lucas me abraçando e dando um beijo no rosto. Junto dele, mais atrás, vinha o Caio. Que me felicitou brevemente. Agradeci e sorri.

– Obrigado. Você também está. – falei um pouco envergonhado e baixo, não me sentia à vontade de falar isso na frente do amigo dele.

Tudo estava correndo muito bem. Todos dançavam e comiam os petiscos. As músicas eram ótimas, assim como a iluminação. Não tinha do que reclamar. Eu estava me divertindo, todo mundo estava se divertindo. Perfeito.

Eu não me recordo da última vez que senti essa sensação de liberdade misturada com satisfação de estar no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas. Meus olhos caminham pelo salão e todas as pessoas que eu mais amava estava ali sorrindo e conversando, como se estivessem em um vídeo clipe em câmera lenta.

Vejo o Lucas indo até a mesa de som e pegando o microfone. Pedindo um pouco da atenção de todos. E meu coração já estava a mil por hora. Minha mão suando frio. Amy estava ao meu lado e envolve seu braço na minha cintura e apoia sua cabeça sobre meu ombro. Thomas estava ao lado dela, mas pega o celular e sai um pouco apressado. Sigo-o com o olhar até ouvir meu nome sendo pronunciado em uma voz pelo microfone. Era o Lucas.

– Hoje é um dia muito especial. Gostaríamos de fazer uma pequena homenagem à pessoa incrível que ele é, não só porque estamos comemorando o seu aniversário..., mas porque ele trouxe algo bom para todos nós. Seu amor, carinho e companheirismo. – Ele termina de falar e desce até onde eu estava. Eu ficava cada segundo mais nervoso, e sorrindo feito um bobo.

Lucas me guiou até uma cadeira e pediu para que me sentasse. Um projetor é aceso em um telão bem na minha frente, e começa a rolar fotos minhas desde criança até as mais recentes. Como se fosse uma linha do tempo. Meus olhos já transbordavam de emoção. Olhei para o lado e notei que Amy, Mel e a minha mãe também estavam emocionadas. O que me deixa mais emocionado ainda. As fotos acabam, e uma tela preta surge. Nela estava escrito "a surpresa ainda não acabou".

Algumas imagens começaram a surgir, como se fossem Prints de conversas. Na verdade, era isso mesmo. Algumas conversas que havia tido com o Lucas, onde claramente mostrava o quão eu estava apaixonado por ele. Guio meus olhos para os lados e algumas pessoas pareciam estar surpresas, outras já pareciam estar curtindo. Viro novamente para frente e procuro Lucas que estava de pé em frente ao projetor, mas ele já havia saído. O projetor se apaga e eu ainda estou em choque ouvindo alguns cochichos. Vejo minha mãe vinda em minha direção com a Mel, mas antes que ela pudesse me alcançar e até mesmo que eu pudesse me levantar, uma gosma branca caiu em cima de mim seguido de uma porção de purpurina.

Sinto meu corpo tremer ainda mais e meus olhos arderem. Ouço todos falarem e gritarem, mas não entendo o que dizem. É como se eu estivesse distante deles. Volto à realidade e vejo Lucas vindo em minha direção, mas é impedido pelo Caio que segura seu braço e parecia rir em tom de deboche. Ele se aproxima mais um pouco para que eu conseguisse ouvir as palavras saindo de sua boca dizendo "feliz aniversário, princesa".

Não consigo mais falar com ninguém. Minha mãe e minha irmã já afastavam todos e me carregava para fora do salão, junto com a Amélia.

O que aconteceu depois era como lapsos de memória. Meus olhos choravam enquanto me carregavam para meu quarto. Eu não sentia minhas pernas, e nem conseguia pôr a cabeça no lugar. Por que isso estava acontecendo? Por que esse pesadelo não passava?

enquanto houver razões (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora