enquanto houver razões (romance gay)

Capitulo 7: 3am

"Eu continuo pendurado na linha, ignorando todos os sinais de alerta."
Halsey - 3am

...

Depois de muito pensar eu resolvi dar uma oportunidade e fazer minha festa de aniversário. Faltava pouco mais de uma semana e pelo curto tempo iria precisar correr contra o tempo para fazer com que tudo saísse em ordem. Felizmente a semana de provas na escola havia passado e estávamos livres para se dedicar ao máximo a isso.

Por incrível que pareça eu estava muito empolgado com tudo, a Amy conseguiu me fazer gostar da ideia de uma forma que nem eu mesmo pensei que gostaria. E ainda assim ela estava mais animada que eu.

– Dam! Você pensou se vai fazer com algum tema? Ou a fantasia? – pergunta ela.

– Não sei. Eu acho um pouco brega isso na verdade. – falei. – Ou melhor, a ideia em si da festa não é de todo agrado, ainda mais ter de se caracterizar, acho meio demais.

– Vamos com calma então. Focar só no importante antes que você desista de tudo de vez. – disse ela voltando em seguida a olhar algumas decorações no google.

– Amy? – falo.

– Diz.

– Você acha que o Lucas gosta mesmo de mim? – perguntei com um pouco de receio por falar sobre isso com outra pessoa, mesmo que essa outra pessoa fosse a minha melhor amiga.

– Acredito que sim. Ele está sempre contigo e sempre que pode demonstrar que se importa. – respondeu ela. – Mas porque a pergunta?

– Não sei... Você me conhece. Sabe que sou inseguro com tudo.

– Sei bem. Inclusive deveria parar. – falou ela. Como se eu não soubesse disso.

Não é algo que eu escolho, apenas acaba acontecendo de eu ser mais inseguro do que deveria. Não me acho alguém bom o suficiente para quase nada que não seja estudar.

Continuamos a fazer algumas pesquisas sobre os detalhes da festa pelo resto da tarde, na verdade, mas ela que eu, até parecia que a festa era dela. O que na verdade era meio que isso. Uma festa não para mim, mas para meus amigos.

Minha mãe havia concordado em fazer aqui em casa mesmo, já que tinha bastante espaço e não necessitaria de se preocupar em alugar nenhum lugar. E como não ia ser nada exagerado, deu super certo. Ela inclusive ficou surpresa e muito feliz por eu ter decidido fazer essa ''social'' como ela fala.

– O Lucas me perguntou se eu irei convidar o Caio. – falei. – Não me sento a vontade, tipo nem somos próximos nem conversamos, mas não queria dizer que não.

– Aquele garoto chato? – disse Amy com uma cara nada agradável. Eu lhe entendo. – Você que sabe!

– Você sabe que ele não é uma opção, mas é amigo dele né. – falei. – Acredito que ele vá se sentir melhor com o amigo presente. – Tentei me convencer.

– Como disse, você que sabe. Mas espero que ele não estrague nossa noite, porque se fizer vai ser a última dele. – disse me lançando um olhar de gente ruim e rindo em seguida. – Falando em amigos... Onde está o Thomas? Resolveu sumir justo agora quando mais precisamos dele aqui.

– Ele está um pouco distante mesmo, mas me explicou que são apenas problemas em casa. Preocupado com a mãe trabalhando demais. – Parei um pouco para pensar. Ele nunca fica tanto tempo assim, longe, talvez fosse algo sério. Mas ele não comentou nada, logo acredito que seja o de sempre.

– Thomas é muito protetor com todos, sempre cuidando de todo mundo. – disse Amy. – Ele precisa de alguém cuidando dele para acordar um pouco para a vida.

– Ai para, ele tem a gente. – Digo. – Quer proteção melhor?

– Possessivo! – disse ela. – Falo de uma namoradinha para adoçar mais a vida dele. É tão lindo estar amando, tudo fica mais leve.

– Sonhou toda você... Aliás, você e o Gui... Como estão? – pergunto curioso.

– Ah meu amor, estamos mais firmes que teimosia de leonino. – falou suspirando. Isso é possível?

– Besta. – Falo sorrindo.

– É sério, posso ser aquela que brinca todas as horas, mas no momento eu estou muito feliz de verdade. Tudo tem dado certo e isso é bem gratificante, nem me lembro da última vez que fiquei tão feliz dessa maneira. – Para ela falar assim deve ser bem sério mesmo. – Não é como se eu precisasse de um homem para estar assim de bem, porque eu não preciso, só que estar apaixonada é algo que eu nem sei como explicar de tão bom.

– Fico feliz por você e por mim que não terei que te aturar por muito tempo. – Levanto as mãos para o alto como se estivesse agradecendo.

– Você que pensa comer o juízo de vocês continua sendo minha atividade favorita. – disse rindo alto.

Amy foi embora a noite, fiquei no quarto fazendo algumas atividades e adiantando o conteúdo, já que pela tarde fiquei ocupado. Depois conversei com o Lucas pelo Telegram, falei que podia convidar o Caio em meu nome, e se quisesse chamar mais algum amigo também estava tudo bem por mim.

Percebi que o Thomas não havia entrando desde a manhã e nem deixado mensagem alguma, talvez fosse melhor eu ligar e perguntar se está tudo bem mesmo. Abro o registro de chamadas e clico em chamar. Chamou uma vez, duas, três... E na quarta vez ele atendeu. Sua voz estava um pouco cansada, como se tivesse acabado de acordar.

– Oi Dam! – disse ele. – Aconteceu algo?

– Oi sumido... E eu que pergunto, aconteceu?

– Nada demais. – Soltou um sorriso seguido de um suspiro. – Sentiu minha falta foi?

– Besta. – Senti, mas não ia falar tão fácil assim. – Estava dormindo?

– Ainda não, acabei de deitar-se. E você? – pergunta com a voz ainda cansada, mas não era como se não estivesse interessado em falar comigo.

– Eu também. – falei. – Como estão as coisas aí?

– Bem... Encaminhando. – respondeu e cortou o assunto em seguida. – E sua festa?

Era impressão minha ou ele estava se esquivando de responder minhas perguntas sobre como ele estava e coisas relacionadas a isso?

– Encaminhando também. – Sorrimos. – Espero que apareça amanhã para ajudar. Você está bem mesmo?

– Estou bem sim, fique tranquilo. Amanhã apareço para ajudar. – falou. – Agora vou dormir, estou cansado.

– Tudo bem, até amanhã.

– Até se cuida...

Mesmo após conversar com ele ainda continuo achando que está distante, como se estivesse tentando parecer presente com tentativas mal sucedidas. Eu não gosto desse sentimento.