Capítulo 27 - i'll understand

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"O fim do mundo na palma da minha mão. Quando tudo for para o inferno você ainda será meu amigo?"
Roza - I'll Understand

...

Conversar com Amy era sempre esclarecedor. Eu sempre sinto que ela tem as palavras certas, nas horas certas. Como costumo dizer, ela é a minha terra, e sem ela eu não consigo ter uma órbita fixa. Ia sair por aí pelo espaço. Na minha cabeça é uma metáfora muito válida.

As horas durante a manhã se passaram tão vagarosamente que parecia que tinham horas dentro de cada minuto. E como se eu já não tivesse informações demais na minha cabeça, a última aula do turno da manhã seria de Álgebra linear. Dificilmente eu desfoco do ponto principal da aula, mas especificamente hoje eu não consegui manter o foco.

Eu lembro de ter escutado o processor começar o assunto falando sobre os conceitos de vetores, e agora ele acaba de pronunciar "Até a próxima aula". Meu cérebro de desligou por cerca de duas horas? Bem, eu sei que um vetor tem direção e sentidos bem definidos e que é são formados por dois pares ordenados. Mas o que seria todas aquelas fórmulas e letras na lousa?

Tiro foto da lousa antes que o professor apagasse. Definitivamente teria de tirar alguns dias a mais para revisar todo o conteúdo. Caso contrário próxima aula eu estarei tão perdido quanto hoje. Ou até mais.

- Você não escreveu nada do conteúdo hoje Dam. Está perdido? - pergunta Amélia.

- Pior que não consegui prestar atenção. Preciso tomar um ar. - falo enquanto guardo minhas coisas na mochila.

Caminhávamos pelo corredor em direção a saída do bloco. Estávamos a passos curtos, não era uma situação como aquela quando você está com alguém que você conhece mais não tem intimidade suficiente para conseguir desenrolar um assunto e fica um silêncio ensurdecedor. Era apenas eu e a Amy calados. E ela estava conversando com alguém pelo celular enquanto caminhava.

- O Guilherme está estudando aqui no departamento também? - pergunto.

- Não, por quê? - responde ainda olhando para a tela do seu celular.

- Posso estar bem enganado, mas acho que aquele garoto ali na saída é ele.

Rapidamente ela levanta a cabeça em direção a porta de saída. Posso estar enganado, mas sua reação não me pareceu ser de surpresa. Posso até apostar que saiu um pequeno sorriso de seus olhos.

- Amy? Tem algo que eu não estou sabendo? - questiono enquanto arqueio uma das sobrancelhas.

- Eu juro que eu ia te falar. Mas você está com a cabeça cheia, e não queria atrapalhar o seu momento de conversar hoje. - disse se justificando.

- Para. Você não pode ficar colocando o sentimento de outra pessoa como exclusividade, o seu sentimento também é relevante e eu amaria saber sobre todas as coisinhas que você sente e vive. - Falo com sinceridade. Não era como se eu estivesse chateado, porque não estava, eu só queria deixar claro que eu amaria ouvir sobre sua vida mais vezes.

- Desculpa. É que vínhamos conversando novamente, e esse fim de semana decidimos nos ver para tentar algo. Não sei, acho que a frustração do terceiro ano nos afastou fisicamente. Mas eu nunca me afastei dele mentalmente. - Foi a coisa mais meiga que ouvi ela falar sobre algum garoto.

- Eu estou extremamente feliz com isso. E muito feliz também por você ter se permitido sentir todo esse sentimento e ter sido corajosa para ir em busca dele. - Ela mais do que ninguém merece toda a felicidade do mundo.

- Obrigado. - disse parecendo animada. - Vamos almoçar conosco?

- Pode ser outro dia? Tenho que ir buscar uns papeis pra Mel. Talvez vá em casa para antes da aula da tarde também. - Minto.

enquanto houver razões (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora