enquanto houver razões (romance gay)

Capítulo 24 - everything i wanted

"Se eu soubesse tudo isso antes, eu faria de novo?"
Billie Elish - Everything I Wanted

...

Caminhávamos silenciosamente pelas ruas em direção a minha casa. Ainda não havíamos trocado muitas palavras desde que saímos da casa de Amy, não queria ser o primeiro a ter de falar algo, principalmente sobre o que havia acontecido mais cedo.

Estávamos andando tão devagar que mal podia escutar o barulho de nossos sapatos indo de encontro ao chão. Tentava não olhar para o lado, não queria ter um contato direto com seus olhos. Eu estava nervoso.

– Não precisa ter medo de mim, Dam. – Meu nome soava tão bem saindo de sua boca que quase sorrio involuntariamente. – Sou o mesmo cara que você conheceu na escola, um pouco maior, mas apenas isso.

– Não tenho tanta certeza disso. – Não era uma provocação, era a verdade mesmo.

O que eu deveria falar? "Então, gostei tanto do seu beijo que me deu arrepios e me deixou excitado." Acho que não. O fato de eu ter gostado do que aconteceu não significava que eu queria prosseguir com isso.

– Você não precisa pensar muito Adam, não precisa se preocupar tanto. – disse com a voz mansa.

Caminhamos em silêncio por alguns minutos, talvez quatro ou cinco minutos, até chegarmos à pracinha que havia próximo a minha casa. Algumas pessoas estavam caminhando, outras fazendo exercícios e até mesmo grupos de amigos jogando conversa fora.

– Vamos nos sentar em algum lugar? – pergunta me olhando. Dou de ombros e sigo caminhando até uma árvore que havia próximo ao lago central do parque.

Sentei e cruzei os braços, estava um pouco frio. Não era um frio insuportável, estava até tolerável. Thomas se sentou logo em seguida ao meu lado, e permaneceu com o olhando para frente, como se estivesse admirando a vista dos edifícios do outro lado do lago.

– O que você acha que aconteceu lá na Amy? – questiono. – Digo, por que acha que fizemos isso? – ele suspira.

– Bem... nós nos beijamos, e só isso. – Olho para o seu rosto e vejo um sorriso malicioso se formando. Reviro os olhos.

– E você acha isso certo? – pergunto.

– Você não parecia achar errado no momento. – como ele consegue ser tão presunçoso?

– Estou tentando falar sério contigo Thomas. Por que de uma hora para outra você decidiu que queria me beijar? Porque agora você decidiu aparecer e mexer com meus sentimentos... – droga.

– Eu mexi com seus sentimentos. – O brilho nos seus olhos sugira instantaneamente. Não queria ter de revelar que fiquei mexido com o que aconteceu, mas minha boca não me permitiu ficar calado.

– Me responde Thomas! – fingi que não ouvi seu último questionamento.

– Você precisa baixar a guarda Adam, não tem ninguém querendo te fazer mal aqui.

– Baixar a guarda? Você sabe pelo que eu passei Thomas, foi muito humilhante. – Falava firme, tentando não ceder e chorar. – Eu fiquei sem chão, fiquei cego...

– Isso eu concordo, ficou cego mesmo. – Ele me cortou, me deixou sem palavras por alguns segundos.

– Em um segundo você estava lá, e no outro você não estava. No momento em que eu precisava de você. – disse tentando concluir meu pensamento, não queria parecer muito incisivo, mas não estava conseguindo colocar as ideais no lugar corretamente.

– Esse é o ponto Adam, você não precisava de mim. Não naquele momento, talvez tenha sido algo que você idealizou e se frustrou.

– Não fala assim, você não sabe como eu me senti. – disse.