O fato da presença gritante de ecos do meu sofrimento e de Tótu terem cessado nos corredores da casa, incomodou o pai.
Antonio Bento começou a gritar, procurando o chicote.
Queria bater na gente.
A mãe acordou e subiu as escadas rindo.
Achou que havíamos morrido.
O silêncio ensurdecedor que permaneceu no ar, após o fim do choro dos filhos, fez o pai desejar acordar a gente a base de couro.
Aquele abrutalhado subiu escadaria acima gritando:
"Se morreu eu vô recussitá os dois na base da chibatada!".
O seu desejo era manter o som de desespero no ar.
O nosso choro, para ele, era um tango argentino que lhe tranquilizava.
O sofrimento dos outros sempre lhe lembrava esse estilo musical.
A consternação alheia lhe dava prazer, lhe realizava, lhe excitava.
Já para mãe, era como se o som de uma harpa lhe adormecesse.
Subiram os dois, mas com expectativas diferentes.
O pai não aceitava nosso fim.
A mãe, ao contrário, queria ver nossos corpos rígidos na cama.
O olhar de decepção dos dois, ao abrir a porta, foi tão transparente quanto uma janela que está à espera de vidros a serem postos.
O quadro que viram, nenhum pintor, por mais contemporâneo e realista que fosse, pensou em pincelar.
__________________________________________________________________E ai, o que achou desse capítulo?
Aguardo seus comentários, viu?
E se merecer, uma estrelinha.
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Trágica Família (Parte 1)
General FictionSINOPSE: Quatro pessoas de uma família (um filho, uma filha, um pai e uma mãe) encontram-se instalados no chão da sala de sua casa. Algo grave aconteceu com eles e cada um, antes de apagar os olhos, relembram os momentos da vida que os conduziram n...