Trágica Família (Parte 1)

TÓTU (6) Lençol de verduras.

Maria, debaixo do pai, quando me mandou sair dali, também se assustou com a altura do próprio som que saltou da sua boca.

O espanto que levei com o seu grito, fez com que ela mudasse a expressão do rosto.

Maria tentou abandonar a dor para ensaiar um sorriso me pedindo licença, por favor.

O pai fez um gemido forte e deitou-se sobre aquele corpo de menina.

Perguntei de novo o que era aquilo.

Observei que várias folhas de couve estavam espalhadas no chão, próximo à Maria.

Parecia um lençol de verduras.

Pedaços já picados estavam sobre eles.

Maria sussurrou, com as poucas forças que ainda lhe restavam, que passou mal, caiu e que o pai tentava ajudá-la.

O pai, sem parar de se mexer, levantou apenas a cabeça, que estava deitada em seu peito e afirmou, agora com o rosto de mal que eu conhecia bem:

"É verdade! E para curar o mal da sua irmã, aprenda como remediar".

Fez movimentos brutos com seus quadris fazendo Maria gritar de dor.

Por fim me disse:

"Se você quiser, o pai pode te dar esse remédio tamém".

Até aquele momento Maria aceitava tudo com resignação.

Quando ouviu o pai dizer que me daria o mesmo medicamento que recebia, ela se debateu com uma raiva imensa.

Depois daquele dia, percebi que aquela expressão de ódio passou a fazer parte da sua calma rotina por várias outras vezes.

Só naquele momento o meu olhar observou que as mãos do pai seguravam com força o punho de Maria, deixando-a completamente imobilizada.

Vi então, que a mão direita dela segurava uma faca de picar verduras e que Maria tentava a todo custo se libertar para usá-la como forma de defesa contra papai.

Foi aí que percebi que não era remédio nenhum o que o pai estava dando a minha irmã, era uma coisa que eu não entendia direito, só sabia que trazia sofrimento a ela.

.

.

.

__________________________________________________________________

Espero suas percepções, viu?

 E se merecer, uma estrelinha.

Valeu!