TÓTU (7) O Demônio parece ter olho até nas costas.

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Via o pai mexendo-se sobre Maria.

Sabia que isso provocava sofrimentos a ela.

Eu não conseguia entender o que significava tudo aquilo.

Fiquei sem reagir.

Até que o inesperado aconteceu.

Ouvi o livro me dizer:

"O demônio não precisa existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, ai é que ele toma conta de tudo."

A partir daquela indicação não tive dúvidas.

Vi que a sua grossura poderia ser usada, com força e peso, sobre a cabeça do pai para defender Maria.

Parece que o demônio viu a minha intenção e avisou a ele.

Com uma mão apenas ele prendeu os dois pulsos dela.

Acho que o capeta estava ajudando-lhe a segurar aquela indefesa garota.

Tomou a faca da mão de Maria, ficou mexendo forte sua cintura fazendo-a soltar mais gritos de dor.

Apontou a faca em minha direção, sem se levantar do corpo delicado da minha irmã.

Tive a sensação de que ouvi a voz de Maria vagarosamente gritando: "Não Tótu, não!"

Tudo ficou lento como se, de repente, fosse muito difícil salvá-la.

Usei toda força para acertar, com meu livro-arma, meu pai.

A lâmina da faca de verduras conseguiu cortar exatamente o barbante que costurava as folhas do livro que, de tanto lido por Maria, se soltaram com o tempo e pelo uso.

As folhas começaram a voar.

Para mim elas caiam tão devagar que davam tempo de eu ver os personagens saltando das páginas.

Fiquei hipnotizado com aquilo.

O mesmo corte da faca que rompeu o barbante, encadernação improvisada, também foi usado para libertar os botões presos ao decote de Maria e fazer saltar seus seios de moça pura.





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Espero suas percepções, viu? 

Se merecer, uma estrelinha?

Trágica Família (Parte 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora