Por minha causa o pai nunca tratou ninguém bem.
A minha cor, mais escura que a dele queimada pelo sol, o fez levantar dúvidas quanto à "vaquinha que pastava das suas gramas."
Sempre disse que "a da cozinha", no caso eu, era filha daquela que comeu em outro pasto.
Não sei em quem acreditar.
Minha mãe sempre me levava para comer broa com queijo na casa de bisa.
A noite da lua nova tem mais clarão que sua tez também escura.
Mamãe sempre foi amarga com a vida.
Nunca quis aprender a dar carinho.
Nem a receber.
Quando via que eu queria colo, cafuné nos cachos e bochecha molhada de lábios me fazia ir visitar a bisa.
A linda velha aprendeu com suas mágoas a distrair aquelas que habitavam nos outros.
Ela era a única que não duvidava que o pai era parente meu.
Nasci no hospital da cidade.
Como me contou a "neguinha Merê", eu nunca fui amada.
O meu parto foi o único luxo que o pai permitiu a mãe em ter, desde que se casaram.
"Se não fosse por isso, conforto nenhum ocê conhecia na vida", afirmou a velha vó com seus olhos de céu estrelado, me encarando..
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Espero suas percepções, viu? E se merecer, uma estrelinha?Valeu!
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Quero dedicar esse capítulo ao meu parça AndreBortolon. Por tantas trocas de experiências, tantos recomeços e persistência.
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Trágica Família (Parte 1)
General FictionSINOPSE: Quatro pessoas de uma família (um filho, uma filha, um pai e uma mãe) encontram-se instalados no chão da sala de sua casa. Algo grave aconteceu com eles e cada um, antes de apagar os olhos, relembram os momentos da vida que os conduziram n...