A vara que Dona Tonha usava pra batê ni Antonim Bento, depois que ele pôs o seu facão pra cumpri a função de evitá o côro que ia levá, virô fiapo de lenha.
Aquela cena ficô marcada na minha memória ingual os pigmento que os povo das caverna usava pra pintá as pedra.Naquele momento vi nascê um novo garoto.
Num era Antônio, nem Antonim.
Menos ainda Antônio Bento.
Esse que vi vino no mundo, da janela do meu quarto, foi um aborto que ninguém teve coráge de fazê.
De garoto com pele lisa, tingiu direto a fase de barbado.
Vi o parto de fócep do home, que nem jóve chegô a sê.
"Que vocabulário é esse Antonim?"
Seu Mané disacreditô no som que entrô no seu ouvido: seu filho falô ingual os nativo.
"Fala direito, como o pai tanto te lapidou a expressar".
Soluçô em forma de choro o hômi já formado, que mais parecia o fí e o garoto o pai.
Sem nenhum tremô na voz, falô o menino.
"Antônio Bento e Antonim morrêro. Agora eu sô Tontonho, o Bento"
E virô pra a mãe, com um olhá de lobo faminto:
"E se levantá a mão do novo pra mim eu corto ela ao invés desse graveto fraco. Só num cortei pra ti dá a chance de escoiê tê ela como parte do braço. E vai costumano cês dois, não vô avisá mais quando quisé covardá concês: depois de sucedido o castigo, cês vão percebê a advertência."
Essa lição, a vila toda aprendeu quando nós viu o que ele fez com o Pedro-das-Banda, cruz credo!
Nunca mais ninguém duvidô de uma palavra que falava o "novo terrô" do lugá.
Aquele novo ser, Tontonho Bento, veio no mundo com cabelo bagunçado e com a alma entuiada das confusão monstruosa que Antonim viveu a pôco.
Por quê eu ajudei com aquela bestêra, Jesus?
Será que o poquim de inveja que eu tinha do jeito dele com o pai foi o pecado que me trôxe pro inferno que vivo?
Eu amava meus pai demais, mas ês só vivia de trabaía e nunca pudia brincá comigo.
Meu pai, quando chegava do roçado ia direto pro banho.
A mãe cuidava da horta, limpava a casa e, na hora que pudia me carinhá, ia pro fogão fazê janta pro marido e depois num lia pra mim, num contava causo...
Ficava tão cansada que, quando o sono chamava, ela emprestava o corpo pra cama.
Eu ficava isolada no meu quarto e ês nem percebia que eu existia.
Na verdade, eu acho mermo é que quiria tanto tê a vida de Antonim que se eu sabesse olhá direito eu apercebia que a minha inxistência já era muito boa.Burra!
Isso que eu fui, uma invejosa burra.
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Trágica Família (Parte 1)
BeletrieSINOPSE: Quatro pessoas de uma família (um filho, uma filha, um pai e uma mãe) encontram-se instalados no chão da sala de sua casa. Algo grave aconteceu com eles e cada um, antes de apagar os olhos, relembram os momentos da vida que os conduziram n...