Marca Negra

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Eu estava a uma semana sem falar com Draco, resolvi seguir o conselho de Tom, e por outro lado isso também facilitaria o que eu estava prestes a fazer.

Ao por do sol eu iria receber a Marca Negra e finalmente me tornar uma Comensal da Morte. Se meu pai me visse aqui agora com certeza morreria, mas todos sabemos que não da pra morrer dias vezes.

Eu andava de um lado para o outro apenas esperando o sol dar o primeiro sinal de que iria se por, mas pela ansiedade que eu estava sentindo, demorava mais a cada passo.

Quando o primeiro raio de sol ficou laranja eu caminhei até uma das maiores salas da Mansão Malfoy, era uma sala com quase nenhuma mobilia, mas que estava sendo ocupada apenas por apenas duas pessoas fora a mim.

—Rabicho, traga a senhorita Black até mim.- Peter me levou até o Lorde das Trevas.

Ele estava sentado em uma poltrona de couro preta e eu ajoelhei em sua frente, ele me analisou antes de dizer qualquer coisa e eu sentia nojo de olhar em seus olhos frios.

— Linda como a sua mãe.- ele passou sua mão fria pelo seu rosto, sua voz fazia eco na sala.- Mas era uma traidora.

Eu me esforcei para não demonstrar nenhuma reação, eu tinha orgulho pela minha mãe ter traído Voldemort, ele fez aquilo por mim e pelo meu pai.

— Não sou igual a ela, mi Lorde.- abaixei a cabeça para falar, mentiras e mais mentiras.

— Claro que não, você não quer acabar como ela.- meus músculos se contraíram.

Ele pegou meu braço com um movimento leve mas ao mesmo tempo firme e encostou a ponta de sua varinha. Conforme a Marca Negra ia aparecendo mais meu braço queimava, era uma dor suportável fisicamente mas completamente insuportável emocionalmente.

Eu vi a imagem da caveira com a cobra completa em meu antebraço, no mesmo braço em que eu usava o bracelete com Fred e Jorge. Pensei no que os meus amigos iriam fazer quando soubessem, mas eu ja havia decidido que não iam descobrir tão cedo.

— Agradeço por essa dádiva, mi Lorde.- falei e ele assentiu.

Para minha sorte eu mentia bem. Deixei a sala me sentindo vazia, como se tivesse acabado de condenar a mim mesma a morte, mas por um lado isso não importava tanto. Eu morreria por todos aqueles que eu amava.

Eu caminhei lentamente até a biblioteca privativa dos Malfoy, tinha uma sacada enorme onde eu e Draco costumávamos dormir para olhar as estrelas em noites quentes.

Me apoiei na grade da sacada mas sem olhar para vista do jardim ou para as estrelas, eu olhei para minhas mãos que pareciam mais frias e pálidas que o normal, como se meu corpo estivesse se tornando maligno junto com a marca.

— É verdade então?- ouvi uma voz atrás de mim.

Draco estava parado atrás de mim, sem tirar os olhos do meu braço e com uma expressão de preocupação.

—Eu...- nao consegui dizer nada em minha defesa.

Ele não disse nada, apenas levantou a manga da sua camisa e eu pude uma marca igual a minha. Meus músculos se contraíram e eu fechei os olhos com pena.

Eu não vi quando ele se aproximou de mim e me abraçou, eu precisava daquilo. Precisava me distrair do vazio com o cheiro intoxicante de perfume e menta que vinha dele.

— Foi por isso que me ignorou por uma semana?- ele perguntou e sentamos no chão frio da sacada.

— Riddle me falou que se eu me afastasse de você Lorde Voldemort não teria como nos convencer a se juntar a ele.- eu esfregava minha mãos uma na outra por nervosismo.

—Ele estava errado.- Malfoy tombou sua cabeça em meu ombro.- Por que você fez isso, Alya?

—Se há alguma chance de eu proteger meus amigos, proteger você, evitar que qualquer coisa ruim aconteça a aqueles que eu amo eu vou arriscar tudo para tentar.- falei monótona, mas logo senti um nó na garganta que se transformou em tristeza.- Não posso perder mais ninguém, não como eu perdi Sirius.

—Eu fiz pelo meu pai.- Draco segurou minha mão.- Ele está em dívida com o Lorde das Trevas por ter falhado, minha mãe se preocupa muito e você...quero poder te proteger de tudo de ruim.

—Estamos no inferno.- Draco levantou a cabeça do meu ombro.

Olhei para os olhos dele, lindos olhos azuis acizentados. Ele afastou uma mecha do meu cabelo e me beijou.

Eu segurei em sua nuca para aprofundar o beijo. Aquilo fez meus pensamentos ruins sumirem e se eu estava me sentindo fria agora eu estava queimando ardentemente.

Me afastei primeiro recuperando o fôlego mas sem deixar de olhar para as pupilas dilatadas de Malfoy.

— Isso só vai complicar tudo não vai?- ele perguntou e eu assenti.

— É mais fácil se formos só...- comecei a dizer.

—Amigos.- ele completou.- Amigos que se gostam mais do que devem.

Eu desviei o olhar. Cada dia que se passava o amor que eu sentia por Draco aumentava mais dentro de mim, a dor da distância estava começando a ficar insuportável mesmo que estivéssemos ali um do lado outro a todo momento.

— Melhor esquecermos tudo isso.- sugeri me arrependendo logo em seguida.

—A festa da Lufa-lufa, as noites dormindo juntos, isso que acabou de acontecer...- ele falava com pesar, cada palavra doia.- Amigos não fazem essas coisas.

—Tem razão.- eu concordei.

Lembrei de quando Hermione me disse "amigos não se olham desse jeito", ela tinha razão o tempo todo.

Eu devia ter contado ao Draco que o amava mais que um amigo antes das coisas se complicarem. Me sentia covarde, e agora todos os sentimentos ruim que me cercaram pela Marca Negra haviam se misturado com a dor de não poder olhar nos olhos de Malfoy e dizer a ele tudo que eu sentia verdadeiramente.

Only One - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora