A noite estava incrivelmente nublada, o clima do lado de fora fazia jus à sensação que era estar na Mansão Malfoy naqueles tempos, e enquanto eu tomava meu chocolate quente eu lia uma carta de Remus e Tonks.
Eles transportariam Harry da casa dos trouxas no sábado à noite, que coincidentemente era quando eu iria para a casa dos Weasley e ficaria até o casamento de Fleur e Gui.
Mesmo com o mundo quase desabando, o fato de que eu veria meus amigos e meu padrinho em breve me dava uma ponta de esperança.
Eu me recusei a ler o Profeta Diário naquele dia, o Ministro havia se pronunciado contra o Lorde das Trevas mas mesmo assim era um erro colocar fé no Ministério da Magia, haviam muitos Comensais lá dentro. Como dizia Remus, Harry era nossa única esperança.
—Aly, temos que descer para a reunião.- Tom abriu a porta do meu quarto e apenas o segui, sem dizer nada.
A mesa de jantar da Mansão Malfoy era enorme, sempre lotada de Comensais da Morte nas reuniões, mas aquela em específico parecia ser mais importante que as outras.
Flutuando deitada acima da mesa estava Caridade Burbage, professora de estudos trouxas de Hogwarts, minhas costas se arrepiaram e eu prendi a respiração por um segundo. Respirei fundo e me sentei ao lado de Draco na mesa, de frente para Riddle, sem dizer nada.
O silêncio era ensurdecedor, estávamos esperando alguém chegar antes de iniciar a reunião, e Snape chegou bem na hora de ocupar o último lugar disponível na enorme mesa.
—Severo, estava começando a achar que você tinha se perdido.- o Lorde das Trevas falou primeiro.- Venha, guardamos um lugar pra você.
O professor andou lentamente até a cadeira vazia, o som de seus passos eram perfeitamente audíveis pelo silêncio.
—Nos traz novidades, eu espero.- Voldemort continuou.
—Será no próximo sábado, ao anoitecer.- Snape falou e meu coração acelerou instintivamente.
—Ouvi coisa diferente, mi Lorde, um auror deixou escapar que o menino Potter não será transferido até o dia 30 deste mês, véspera de completar 17 anos.- Yaxley, comensal que trabalhava no Ministério, falou. Eu tive esperança que seguissem essa pista, afinal era a de Snape que estava certa.
—Essa pista é falsa, os aurores não participarão da proteção de Harry Potter, as pessoas próximas à ele acreditam que estamos infiltrados no Ministério.- Severo falou mais uma vez e eu desejei poder usar a Maldição Imperius para que ele calasse a boca.
—Nisso estão certos.- o comensal ao meu lado falou e todos riram.
Eu vi Riddle e Malfoy me encarando naquela hora, como um alerta, mas eu estava preocupada demais. Agora Voldemort sabia que transportariam Harry no sábado, e eu tinha pouco tempo para mandar uma carta avisando para que mudassem os planos.
—São muitos boatos, mi Lorde, porém se são verdadeiros não está claro.- Pio Thicknesse, apontou.
—Falou como um verdadeiro político, acho que você mostrará ser muito útil para nós.- Voldemort respondeu rindo.
Eu sabia que o Lorde das Trevas tinha planos de Pio se tornar o novo Ministro da Magia quando tomassem o ministério, eu já havia avisado à Ordem sobre aquilo.
—É verdade o que Snape falou sobre o Potter?- Draco perguntou no meu ouvido e eu assenti.- Droga.
—E pra onde levarão o garoto?- Voldemort perguntou.
—Para uma casa protegida, provavelmente a casa de alguém da Ordem.-Snape continuava falando.- Foi me dito que o lugar recebeu toda a proteção possível, e uma vez la será quase impossível atacá-lo.
Eu cerrei os punhos por de baixo da mesa, como Snape podia ter descoberto aquilo tudo? Algum alido estava traindo a Ordem da Fênix.
—Ele vai para casa dos Weasley, não vai? Por isso você vai pra lá, não é só um casamento.- Draco falou antes de Riddle chutar nós dois por de baixo da mesa.
Nós o encaramos e ele fez sinal de silêncio para nós, provavelmente devia ter mais alguém prestando atenção na nossa conversa sutil.
"Me diz que não vai ajudar a transportar o Potter" apareceu escrito na madeira da mesa em letras pequenas de modo que só eu veria, Tom estava usando um feitiço para falar comigo.
"Não, vou encontra-lós nos Weasley depois, ficarei lá por alguns dias" usei o mesmo encantamento para falar com Riddle.
"Acha que ninguém vai sentir sua falta aqui? Você vai ser descoberta, Aly" eu li em entonação irônica.
"Não vão me pegar, eu disse à Narcisa que vou passar uns dias na Nobre Casa dos Black, e eu também tenho você e Draco para me encobrirem" Tom me encarou cerrando os olhos e franzindo o cenho.
"Saiba que não vamos pensar duas vezes se precisarmos aparatar para te buscar" foi a minha vez de revirar os olhos.
Só paramos de conversar quando Lorde Voldemort começou a trazer a Professora Burbage para mais perto de nós, no centro da mesa, eu vi a expressão preocupada nos olhos de Draco.
-Para aqueles que não sabem, esta noite estamos na companhia da senhorita Caridade Burbage que até recentemente lecionava na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, sua matéria era o Estudo dos Trouxas- Voldemort falou e todos riram, eu apertei forte a mão de Malfoy embaixo da mesa.- A senhorita Burbage acredita que os trouxas não são tão diferentes de nós, por ela, se fosse possível, casaríamos com trouxas.- foram ouvidas mais risadas.- Para ela a mescla do nosso sangue com os sangues ruins não é uma abominação, e sim algo a ser encorajado.
—Severo, Severo por favor, somos amigos.- a professora balbuciou e eu cerrei forte os punhos.
—Avada Kedavra.- o Lorde das Trevas lançou o feitiço antes de Snape responder, a Professora Burbage caiu morta bem na minha frente, quase senti meu coração parar por alguns segundos.
Vi Tom respirar fundo para manter a expressão fria, Draco fez a mesma coisa enquanto apertava minha mão, eu tive que segurar para ficar apenas ali observando o corpo morto da professora.
—Naguini, jantar.- Voldemort falou e sua maldita cobra subiu na mesa para comer o corpo da mulher.- Reunião encerrada.
Quando já estávamos subindo as escadas, segurei firme na mão de Malfoy e Riddle e os arrastei para o meu quarto, eu precisava enviar uma carta à Ordem da Fênix e avisar que sabiam do transporte de Harry no sábado a noite.
—Vai fazer isso agora mesmo?- Riddle perguntou.
—Quanto antes eu avisar, melhor.- respondi pegando papel e pena, e já começando a escrever.
—Não gosto da ideia de você ficar alguns dias fora nem um pouco.- Tom continuou.
—Nem eu, mas se você for enquanto todos estiverem ocupados atrás do Potter mal vão desconfiar.- Draco falou, ele tinha razão.
—Está concordando com isso?- Riddle cruzou os braços repreendendo Malfoy.
—A escolha é dela, e nós vamos estar aqui quando ela voltar e vamos atrás dela se precisarmos.- Draco falou como um ponto final, eu sorri terminando de escrever a carta e a guardando no envelope verde, Aluado e os gêmeos sempre sabiam que a carta era minha quando era um envelope verde.
Para minha surpresa e alívio, Errol entrou pela minha janela com uma carta dos gêmeos bem na hora que eu precisava, a coruja do Weasley bateu em duas paredes antes de cair sobre a minha cama.
—Errol, obrigada.- falei para o animal enquanto os dois garotos me encaravam.- Pode levar essa carta para Fred e Jorge, por favor?
Errol pegou a carta com o bico e voou para fora da janela sem bater em nada dessa vez.
—Tem certeza que foi uma boa ideia enviar a carta naquela coruja? Ela tem cara de que não aguenta dois minutos de voo.- Draco falou e eu sorri, Errol sempre chegava com as cartas.
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Perdão pelo hiato de 7 dias, gente, vou tentar postar um capítulo por dia como eu fazia antes :)
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Only One - Draco Malfoy
FanficAlya não era tão invisível como ela pensava, talvez ser melhor amiga de Draco Malfoy e ter uma inteligência espantosa fossem fatores importantes para chamar atenção em Hogwarts. A vida sendo uma sonserina com poucos amigos era simples antes de se me...