Eu estava atrasada para encontrar Remus, era o começo do ano letivo e eu ja estava infringindo as regras.
Havia dito a Fred e Jorge para entregarem uma carta à Lupin, e se ele tivesse recebido deveria estar me esperando na Casa dos Gritos.
Sair de Hogwarts havia sido fácil, só precisei me transformar em cobra e pegar o atalho em baixo do Salgueiro Lutador.
Remus estava sentado em uma mesa velha com um olhar pensativo e assim que me viu em forma de cobra cerrou os olhos.
—Não sabia que era um animago.- ele falou sorrindo de canto e eu voltei para minha forma humana.
—Quase ninguém sabe.- sorri o abraçando.
Me sentei em sua frente na mesa, não olhei para os seus olhos que agora me estavam melancólicos. Continuei a encarar minhas mãos até que ele falasse primeiro.
— Sente falta dele?- ele perguntou.
Péssima pergunta. Se eu não estava com vontade de chorar antes, agora eu poderia desabar a qualquer minuto.
—Voce não sente?- ele me olhou surpreso com a pergunta.- Eu perdi minha única família, como acha que eu me sinto?
—Perdão.- ele perdiu, eu me arrependi de ter respondido daquela forma.
—Me desculpe.- Remus apenas continuou a me olhar.- Eu não passei pelo luto como deveria, evitei pensar em Sirius durante todo o verão apenas fingindo que não havia acontecido nada, e nos momentos em que pensava nele era como se ele ainda estivesse aqui para se decepcionar pelas minhas decisões.
—Decisões?- ele perguntou.
—Eu não te chamei aqui para falar sobre o meu pai.- eu admirava a capacidade de Lupin de me encarar como se soubesse exatamente o que eu estava pensando.- Eu não li nenhuma carta que você e Tonks me enviaram durante o verão, era perigoso eu ter informações da Ordem em uma casa lotada de Comensais.
—Fred e Jorge me falaram que você pediu para que não mandássemos mais cartas, por isso não mandamos mais.- ele explicou.
—Eu sei.- dei um longo suspiro.
Eu precisava dizer a Remus que eu era uma Comensal, me explicar. Se eles haviam perdoado a minha mãe também me perdoariam, e eu poderia ceder informações para Ordem quando as tivesse e identificar Comensais.
Remus cerrou os olhos para mim e minhas mãos começaram a suar. Eu me levantei andando de um lado para o outro e ele continuou calado, me observando.
Eu me virei para ele e levantei sutilmente a manda da jaqueta de couro. Ele soltou a respiração decepcionado, se levantou devagar massageando o cenho e chutou com força a cadeira que estava sentado me fazendo assustar.
—Tem noção da besteira que fez?- ele gritou.
—Eu fiz para tentar proteger os meus amigos!- ele riu debochando como se eu fosse uma criança burra.- Eu posso ser uma espiã da Ordem dentro da Mansão Malfoy, foram inúmeras as vezes que falei com o Lorde das Trevas, ele confia em mim!
—Ele te tem como um fantoche agora!- ele gritou de novo.- Espera que eu colabore com essa ideia? Espiã da Ordem, proteger os amigos...
—Remus eu quero ajudar como a minha mãe ajudou, por favor!- eu tentava falar no mesmo tom mas minha garganta deu um nó.
—Sua mãe morreu por isso!- ele passava a mão pelo rosto tentando se acalmar.- Eu sabia que não era uma boa ideia ter deixado você ficar naquela mansão, sabia que eu e os Weasley deveríamos ter lutado mais para ficar com você.
Ele parecia estar falando mais para ele mesmo do que para mim agora. Eu estava imóvel, tentando segurar o choro.
—Voce queria ter ficado comigo?- perguntei com os olhos vermelhos. Eu sabia sobre os Weasley, mas não sobre Remus.
— É claro, Sirius me nomeou seu padrinho antes de morrer!- uma lágrima finalmente escorreu pelo meu rosto, eu não fazia ideia daquilo, me arrependi imediatamente de não ter lido as cartas que ele me enviara, talvez tivesse descoberto antes.
— Não me arrependo de nada que fiz, foi para proteger aqueles que eu amo.- falei tentando parecer decidida.
— Ah deixa eu adivinhar, fez pelos gêmeos seus melhores amigos, por Hermione e Ronald, por Harry a pessoa mais próxima de Sirius que lhe restou ou pelo filho do Malfoy?- meus músculos se contraíram.
— Foi por todos eles.- ele riu mais uma vez.
—Não se esqueça que eu era amigo do seu pai.- fiquei confusa.- Ele estava sossegado porque achou que você amava o Fred Weasley, mas depois quando descobriu que na verdade você amava o filho do Lucius Malfoy...
Eu continuava a encarar Remus e a pensar como Sirius sabia que eu amava o Draco. Eu achei que nunca havia contado aquilo para ele, pelo que eu me lembrava havia apenas mencionado que éramos amigos.
— Não tente culpar o Draco, ele não teve nada a ver com isso.- tentei dizer.
—Ótimo, pois seria capaz de matar um adolescente se fosse culpa dele.- Lupin estava cada vez mais estressado.
—Eu fiz por todos, e eu só estou pedindo por favor para que você aceite a minha ajuda.- falei.
—Sirius nunca me perdoaria se eu deixasse você correr perigo assim.- eu abaixei a cabeça.
—Sirius não está aqui, Remus, mataram o meu pai!- exclamei deixando toda raiva sair junto com lágrimas.
—Vou conversar com o Olho Tonto, mando uma carta.- ele veio até mim e me abraçou.- Pelo menos está longe desses animais em Hogwarts, fique segura.
••••
Voltei para o meu dormitório e tudo que eu precisava era relaxar, só um banho me ajudaria. Entrei no meu dormitório fechando a porta e apoiando o rosto na mesma.
—Problemas, princesa?- perguntou a voz familiar e eu me virei bruscamente para ver.
Malfoy estava enrolado em uma toalha branca bem na frente do banheiro. Ele tinha o cabelo e o corpo molhado, eu analisei cada músculo do seu corpo até chegar nas entradas do quadril.
Minha respiração pesou um pouco e ele sorriu de canto. Era horrível admitir mas a Marca Negra estampada em seu antebraço o fazia ficar ainda mais gostoso.
—O que faz no meu quarto?- perguntei assim que consegui olhar em seus olhos.
—Blaise está tendo um surto de organização que está me deixando irritado, então eu achei que poderia usar seu chuveiro.- ele arrumou o cabelo me fazendo suspirar um pouco.
Malfoy andou devagar até mim, se forma q eu quase pudesse contar as gotas de escorriam pelo seu abdômen. Estávamos perto demais, tentei controlar minha respiração mas estava sendo quase impossível.
Ele apoiou uma mão na maçaneta. Eu não iria me deixar levar, tinha que resistir a Draco pelo menos fisicamente, mesmo que meu corpo estivesse implorando por ele agora.
— O que tá fazendo?- foi a única coisa que consegui dizer.
—Tentando sair, você ta na frente da porta.- ele sorriu mordendo os lábios.
Eu dei espaço e ele saiu sem dizer mais nada. Aquilo tinha sido de propósito, o que ele estava querendo? Me testar? Eu não cairia nesse joguinho de novo, e teria volta.
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Only One - Draco Malfoy
FanficAlya não era tão invisível como ela pensava, talvez ser melhor amiga de Draco Malfoy e ter uma inteligência espantosa fossem fatores importantes para chamar atenção em Hogwarts. A vida sendo uma sonserina com poucos amigos era simples antes de se me...