Only One - Draco Malfoy

Tempos Difíceis

—Tem alguém sentado aqui?- Pansy perguntou.

Estávamos no Expresso de Hogwarts, dessa vez em um vagão em que haviam bancos e mesas. Eu estava sozinha até então, esperando Draco e Blaise. Crabbe e Goyle estavam nos bancos ao lado, mas não falavam muito coisa.

—Acho que não leu a carta que mandei no verão.- ela falou e eu rapidamente me lembrei.

Draco havia me falado dessa carta, eu simplesmente havia jogado fora junto com as cartas que Lupin me enviara.

—É, eu não li.- falei friamente e ela se sentou na minha frente.

—Queria te pedir desculpa, por tudo.- eu apenas a encarei.- Fiz coisas que me arrependo, tudo isso porque gostava do Draco e eu sabia que ele gostava de você.

—É claro que foi causa dele...- falei.

—Sinto muito.- ela falou, eu conhecia Parkinson e sabia o quão difícil era para ela pedir desculpas ou admitir que estava errada.

—Eu te desculpo.- respondi, a habilidade de perdoar era algo que eu admirava em mim, até demais.

—Graças à Merlin!- Blaise apareceu com caixas de feijões de todos os sabores e tortas de abóbora.- Pensei que nunca iam se resolver.

Pansy deu espaço para ele se sentar ao lado dela. Eu gostei que nós fôssemos amigos de novo, parecia que tudo havia voltado a como era antes. Inclusive Draco.

Eu vi Draco no meio do vagão conversando com uma garota que eu não conhecia, mas que vestia o uniforme da Sonserina. Ela ria e enrolava o cabelo para ele, eu não gostei nada daquilo, cerrei os olhos.

—Quem é a garota flertando com o Malfoy?- eu perguntei, Pansy e Blaise perceberam a minha expressão.

— Astória Greengrass, irmã da Daphne.- Pansy falou e eu mordi a língua.

Continuei os observando até que uma dobradura em forma de pássaro viesse voando até mim. Aquilo já havia acontecido uma vez, e foi Blaise que enviou para me convidar para o baile, mas se ele estava em minha frente, era de quem?

" Venha aqui, precisamos conversar.
                                                 ass: Theodore Nott"

Eu olhei para o outro lado do vagão, lá estava Theo com outros dois garotos, Harper e Vaisey que eram do time de quadribol.

—O que está esperando? Vai logo.- Zabini falou.

— Como conseguiram ler?- perguntei os encarando.

—Sabemos do que se trata, ouvimos Nott falar na estação.- Pansy sorriu de canto.

Eu apenas levantei e fui em direção aos garotos, passei por Draco e Astória sem nem olhar para eles e Malfoy me acompanhou com o olhar até a mesa de Theodore.

Eu me sentei ao lado de Theo, de maneira que ainda via Draco e Astória conversando. Eu havia falado poucas vezes com Nott, ele era do time de quadribol e éramos do mesmo ano, havíamos pegado detenção juntos uma vez mas nem nos falamos.

—Me chamou?- perguntei e os garotos sorriram para mim.

—Black, que bom que está aqui.- Theo respondeu e eu sorri de volta.- Precisamos de você e da sua ajuda.

— Sabemos que você gosta muito de Quadribol, sempre vemos você sendo a número um na torcida.- Vaisey falou rindo.

— Claro, o nosso time é o melhor.- falei como se fosse óbvio e eles sorriram ainda mais.

Eu ignorei completamente o que estavam dizendo depois disso. Astória agora estava arrumando a camisa social preta de Draco para dentro de sua calça, meu sangue ferveu, não era possível que Draco estava deixando ela fazer aquilo enquanto eu estava vendo. Eu não iria deixar, não sem fazer nada.

—...esse ano as casas ganharão pontos pela torcida nos jogos de quadribol, poderia nos ajudar com isso?- Theo me perguntou.

— Seria ótimo, tudo para ganharmos a Taça das Casas esse ano.- sorri, na verdade aquela era a minha última preocupação.

—Perfeito!- ele exclamou.

— Quadribol é fascinante, pena que eu nunca fui muito boa com vassouras para poder jogar...você poderia me ensinar a jogar, Theo.- fui sutil como coice, mas era isso que eu queria.

Disse aquilo enquando deslizava a mão pela coxa de Theo fazendo com que ele se ajeitasse no banco. Aquilo chamou a atenção de Malfoy no mesmo momento, ele parou de falar com Greengrass e voltou a se sentar com Pansy e Blaise com uma expressão nada agradável.

—Seria incrível.- ele se inclinou para mim e eu recuei, dessa vez com um pouco de sutileza.

—Ótimo, nos vemos por ai?- perguntei sorrindo e ele assentiu.

Foi fácil demais deixar Draco incomodado, e eu não havia me arrependido nem um pouco.

Estava voltando para o meu lugar quando o vagão inteiro ficou escuro, por uma fumaça negra, foi um susto e quase peguei minha varinha por reflexo, estava um tanto quanto assustada aqueles dias.

—O que foi isso?- Draco perguntou se levantando e andando pelo vagão.

—Deve ter sido alguém do primeiro ano fazendo bagunça.- Parkinson respondeu.

—Vem sentar Draco, ja vamos chegar em Hogwarts.- pedi e ele me encarou indo sentar ao meu lado.

                                       ••••

Haviam aurores na entrada de Hogwarts, revistando malas e pertences pessoais. Realmente muita coisa havia mudado desde que o Ministério admitiu que Voldemort estava de volta.

Eu mantive minha Marca Negra muito bem escondida em baixo do suéter, e teria que fazer aquilo pelo resto do ano.

Entrei na escola apenas com Pansy e Blaise, ja que Draco havia ficado para trás no trem. Vimos o Chapéu Seletor falar para essa sermos fortes e corajosos das boas vindas, realmente os tempos estavam difíceis.

—O que foi fazer?- Blaise perguntou para Draco assim que ele voltou e se sentou ao meu lado.

— Nada demais.- ele voltou a encarar Dumbledore que agora apresentava o novo professor de poções, Professor Slughorn, e anunciava que Snape seria o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Eu olhei para o outro lado do salão e vi Ron e Hermione, mal podia esperar para falar com eles e com Harry. Mas o que eu vi me deixou nervosa, Gina estava limpando sangue que escorria do nariz de Potter e por algum motivo eu achei que sabia de quem era a culpa daquilo.

— Draco, por Merlin, me diz que você não quebrou o nariz do Harry.- sussurrei de forma que ele me ouvisse, mas ele apenas me ignorou.

Ele estava estranho, com um expressão confusa e triste. Eu não sabia o que era, mas tentaria descobrir.

—Todos vocês passaram por uma revista quando chegaram e tem o direito de saber porque.- Dumbledore tomou a atenção de todos.- Uma vez um jovem rapaz, como vocês, se sentou nesse salão, caminhou por estes corredores, dormiu sob este teto e para todos parecia ser um estudante como os outros, hoje ele é conhecido por Voldemort. Me coloco na frente de todos para lembrar um fato muito importante: todos os dias, todas as horas, talvez neste exato minuto, forças das trevas tentam penetrar nas paredes desse castelo, mas no final a maior arma delas são vocês. É para que reflitam, todos para cama.

Eu e Draco nos encolhemos naquele momento. Talvez Dumbledore nem sonhasse que haviam dois Comensais da Morte sob seu teto, mas mesmo assim eu me senti culpada.