1. motoboy

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A barriga já revirava e a fome batia com todas as forças na boca do estômago de Reki que estava sentado ao lado de Shadow no sofá. Miya tinha um controle do PS3 na mão e Joe, ao seu lado, tinha outro controle. Ambos jogavam um contra o outro.

A campainha tocou e Reki abriu um genuíno sorriso em seu rosto. De tanta fome que estava, já podia sentir o cheiro do hambúrguer vindo pela fresta debaixo da porta. Era muito mais fácil ter pego a comida que Joe tinha feito, mas ele não se arriscaria a vomitar tudo e parar no hospital de novo — mesmo sabendo que aquilo foi por ter comido muita coisa diferente ao mesmo tempo.

— Eu pego! – exclamou e pulou por cima do sofá, correndo até o balcão e pegando o cartão de Joe. Foi até a porta e já a abriu de cara.

Um garoto encostado em sua moto com o capacete vermelho pendurado no pescoço, olhava para baixo no celular. Não estava digitando nem fazendo nada de importante, estava apenas com o brilho no rosto para disfarçar o desconforto que ficava toda entrega até alguém abrir a porta.

— Oi..? – Reki encostou seu ombro no batente da porta.

O garoto levantou a cabeça e o topo azul do cabelo sumiu, revelando sua cara sem expressão e seus olhos verdes/azuis. A tela do celular se bloqueou e então ele o colocou no bolso. Se virou e abriu a caixa na moto. Tirou uma sacola branca com uma embalagem de isopor dentro. Quando se aproximou do ruivo, a luz da parte de dentro da casa iluminou uma parte de seu rosto. Antes os olhos verdes/azuis agora estavam verdes e somente verdes, os cabelos mais definidos, o rosto mais... Brilhante? Seria essa a forma certa da qual Reki pensava? Também notou que o garoto era poucos centímetros maior que si mas que ainda conseguia o olhar nos olhos sem inclinar muito a cabeça.

— Moço? – ele perguntou balançando a mão sobre seu rosto. Kyan balançou a cabeça e piscou várias vezes para tirar os pensamentos da cabeça – Você vai me dar o cartão ou...?

Estava tão imerso em observar os traços do motoboy que mal se tocou que junto da sacola ele tirou a maquina-cartão da cor amarela, e mal se ligou que ele estivera falando esse tempo todo.

— Desculpa. – sorriu sem graça e coçou a bochecha – Toma – entregou o cartão vermelho-azul para as mãos do motoboy que usava uma luva. Imaginou que fosse pelo frio.

Um segundo depois Reki já estava imerso novamente, mas dessa vez olhando para os cabelos lisos e azulados. O motoboy ficou desconfortável com o olhar persistente mas não falou nada. Entregou a maquina-cartão para ele, que colocou a senha do cartão, e depois devolveu a máquina para o dono.

— Certo. Vai querer sua via? – perguntou olhando diretamente nos olhos de Reki que piscou instantaneamente e negou com a cabeça.

Permaneceram assim por alguns segundos encarando um ao outro. Reki usava uma camiseta estampada maior que seu tamanho ideal e uma calça xadrez, já se preparando pra deitar e jogar video-game com seus amigos até Cherry brigar. Já o motoboy usava um moletom preto e uma jaqueta por cima, com o zíper aberto, se preparando para entregar mais dois ou três pedidos e voltar para sua mãe. Paralelos e opostos.

— Tenha uma boa noite. – o de cabelos azul exclamou enquanto colocava o capacete e subia em sua moto de volta.

— Pra você tam...bém...

Reki suspirou antes de voltar para dentro e fechar a porta. Colocou o cartão em cima da bancada e abriu a sacola com o isopor. O hambúrguer estava morno, mais frio do que quente, mas morno. Devia ser pelos longos minutos que passou lá fora.

Não demorou quase nada até ele tirar seu celular do bolso e abrir o aplicativo de comida. Foi direto na hamburgueria onde tinha pedido o lanche de hoje, clicou no perfil e procurou pela aba de "Motoboys". Pra seu azar — e sorte — nem um dos nomes tinha foto. O motoboy dos cabelos azuis e capacete vermelho poderia ser Kuroo Tetsuro, Langa Hasegawa, Satou Ritsuka, ou até mesmo Kaji Akihiko. Tinha que ser um deles.

— Um hambúrguer já não basta? – Miya pulou em suas costas enquanto o observava mexer no telefone.

— Nao estou procurando outro lanche. – riu para si mesmo.

— Falando em lanche, você demorou bastante lá fora. Teve problema com meu cartão? – Joe tirou a tampa da garrafa de refrigerante e virou o resto no copo de vidro a sua frente.

— Não. Seu cartão 'ta de boa.

— Procurando motoboy? Se apaixonou por gente desconhecida, por acaso? – Miya colocou os braços em seu ombro para poder ler melhor a tela.

— Nada a ver. – virou a tela para baixo e deu mais uma mordida no pão tirando um pedaço de alface junto .

— Me dá seu hambúrguer?

— Não!

A noite se seguiu por isso. Ninguém mais falou de lanche, ou de Ifood, ou de motoboy's, ou de nada. Apenas sentaram e revesarão os dois controles do PS3. Na metade de tudo Joe acabou dormindo e então os outros três desenharam bigodes, sobrancelhas mais grossas, batom e até formas obscenas em seu rosto. Tiraram várias fotos e uma delas foi mandada para Cherry que só visualizou. Por uma noite, Reki conseguiu parar de pensar em cabelos azuis e capacetes vermelhos.

motoboy - Renga[Reki x Langa]Onde histórias criam vida. Descubra agora