34. Talvez, mas só talvez (Reki volte)

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Estava sendo impossível. Langa mandava mensagem, ia atrás, mas Reki nunca aparecia ou correspondia. Langa ia até sua casa, perguntava para os amigos, e Reki o evitava.

Reki não queria nem olhar para a cara de Langa. Queria se distanciar dele porque ainda sentia uma imensa paixão por ele, apesar de saber que Langa havia o magoado.

E Reki continuou andando de skate dia e noite. Corria, corria rápido e fazia manobras impossíveis, manobras que talvez Langa conseguiria. Tudo o que queria era melhorar, ficar melhor que Langa, melhor que Miya, melhor que Joe e Cherry, melhor que Shadow, melhor que Oka, melhor que Adam. Mas aquilo era como uma missão suicida. Quanto mais ele tentava, mais ele se machucava; tinha ralados nos joelhos, cortes no rosto, ralados nos braços, hematomas de batidas na barriga. Reki estava ficando cansado, imensamente cansado. Se sentou na pista e chutou o skate para longe, escondendo o rosto dentre os joelhos.

Ele simplesmente não era suficiente, Reki não era suficiente. I can't handle change, ROAR, tocou estourando em seu fone e ele começou a chorar. Lágrimas caíram no chão e em sua roupa, em suas mãos. Lágrimas formadas de insegurança, decepção e angústia.

Sentiu um cutucão leve nas costas enquanto chorava. Se virou rápido, vendo Langa parado com um skate embaixo do braço. Secou o rosto e desviou o olhar.

— O que você quer? – Reki perguntou asqueroso, abaixando o volume da música.

— Imaginei que você estaria aqui.

— Você já não percebeu que eu não quero conversar?

Langa se aproximou dele e sentou ao seu lado, encarando diretamente o seu rosto.

— Por que você está chorando, Reki?

— Não é da sua conta – olhou para o lado oposto.

— Foi por minha causa?

— Não, não foi você. – deu de ombros com a voz falha.

— Então o que houve?

Reki não respondeu. Não tinha forças para isso. Era como se um caroço grande tivesse ficado preso em sua garganta, o impedindo de brigar com Langa, o impedindo de falar.

— Reki, eu sinto muito. – Langa falou – Me desculpe, de verdade. Não pensei direito sobre o que você sentiria se eu aceitasse correr. Me desculpe. Eu sei que eu errei contigo. Mas eu melhorei tanto no skate, Reki, e realmente gostaria que você visse isso. Eu melhorei por causa de você. Você tem sempre estado comigo e... É difícil correr quando não tem você, sabe? Você me dá uma energia imensa e correr sem você ao meu lado é como correr no vazio.

O ruivo permaneceu em silêncio chorando. Não conseguia acreditar no que Langa dizia.

— Reki, por favor, confie em mim de novo. Correr sem você não é a mesma coisa. Estar sem você não é a mesma coisa.

— Não dá. – deu um peteleco numa pedrinha do asfalto e mordeu os lábios para segurar as lágrimas e os soluços – Não consigo.

Langa abaixou a cabeça e suspirou, triste. A culpa usou os dois pés para pisar em seu peito. Langa se sentiu sufocado com a culpa. Reki se levantou e ajeitou a roupa, querendo ir embora.

— Reki, eu sei que você se sente chateado agora, mas... Foi uma corrida. E é óbvio que teríamos brigas no relacionamento, mas eu nunca imaginei que fosse por causa de uma corrida. – Langa falou apressado tentando fazer ele ficar.

— Não é só sobre a corrida e o Adam, Langa!

— Então o que é? – o encarou com olhos marejados.

motoboy - Renga[Reki x Langa]Onde histórias criam vida. Descubra agora